O Memória Musical do Sudoeste da Bahia, projeto de pesquisa, fomento e preservação independente sobre a musicalidade da nossa região, criado e mantido pelo músico e historiador Plácido Oliveira [Distintivo Blue] acaba de finalizar a primeira temporada do Toca Autoral!, subprojeto multimídia de incentivo aos músicos locais para que invistam em suas próprias criações e as disponibilizem ao público. “Atualmente vivemos em uma era de excessiva valorização da nostalgia, onde o chamado ‘retrô’ parece invadir todos os aspectos da cultura. Assim, no contexto da música, há uma verdadeira explosão dos chamados ‘shows-tributo’, fazendo com que os músicos se sintam desestimulados a mostrar suas canções. O título ‘Toca Autoral!’ é uma referência direta ao “toca Raul!’, símbolo da música cover no Brasil. Nosso projeto também sinaliza uma forma de resistência a esse ‘mercado da nostalgia’ para dizer: ‘o passado possui, sim, esse aspecto aconchegante, típico da nostalgia, mas vivemos é no presente. Escutemos, também, o que nossos artistas têm a dizer atualmente’”, explica o idealizador.
A primeira temporada do Toca Autoral! Reuniu três músicos locais, de diferentes gerações e contextos: Paul Bergeron é um californiano que escolheu viver com sua família em Vitória da Conquista e traz canções em inglês, com forte influência do rock clássico dos anos 1950 e 60; Náufrago Urbano é um jequieense que encontrou também em Conquista um cenário mais atrativo ao seu estilo musical e de vida. Suas referências vêm do rock brasileiro das décadas de 1980 e 90; Weldon França é um experiente músico Iguaiense que se considera conquistense e iniciou-se na música ao final dos anos 1980, acumulando vasta gama de parcerias em todo o Brasil e no exterior. O local de execução do projeto foi o teatro do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima.
O projeto realizou, em três ocasiões, a gravação em vídeo e áudio de seis músicas autorais de cada participante. Os vídeos foram disponibilizados em duas versões: músicas isoladas, para facilitar o acesso e a divulgação das obras, e integradas ao vídeo completo de cada artista, com cerca de 40 minutos de duração. Esta versão inclui uma fala autobiográfica e outras seis pequenas falas explicativas para cada canção. Todo o conteúdo em vídeo já foi publicado no canal do Memória Musical do Sudoeste da Bahia no YouTube, em playlists dedicadas [links ao final do texto]. Já o áudio foi publicado em forma de EP (Extended Play), um intermediário fonográfico entre o single (músicas lançadas isoladamente) e o álbum (formato popularizado pelo disco de vinil, a partir da década de 1960, contendo, geralmente, a partir de 8 faixas). Os três EPs, contendo 6 faixas cada, já estão disponíveis nas principais plataformas de música, como Spotify, Apple Music, Amazon, dentre outras.
Para além do áudio e vídeo, aproveitando o cenário, foram realizadas sessões de fotografia com cada um dos participantes, com o objetivo de fornecer material para sua própria divulgação, reconhecendo a carência geral, na música independente, de iniciativas básicas de autopromoção: “por incrível que pareça, tenho percebido, em minhas pesquisas, que a grande maioria dos artistas não parece se preocupar com elementos básicos de divulgação e preservação do próprio trabalho, como fotos promocionais, um release bem escrito ou até mesmo o guardar uma cópia do seu próprio trabalho, quando se consegue gravar e lançar algo. Os desafios do ‘ser músico’ são grandes e boa parte pode ser superada apenas voltando-se às deficiências em si mesmo(a)”, enfatiza Plácido, também pesquisador do music business.
O Toca Autoral! Gerou inúmeras publicações em texto no site do Memória Musical do Sudoeste da Bahia, incluindo a história do projeto, as transcrições das falas dos artistas, as letras de todas as canções, algumas cifradas, para incentivar ainda mais a conexão entre os artistas e o público, as fotografias, links paras as redes sociais dos participantes e o produto final da temporada: a edição especial da zine Memória Musical do Sudoeste da Bahia, com dezesseis páginas, disponibilizada gratuitamente em formato pdf. A ideia é viabilizar também a versão impressa, como a zine regular, mas a dificuldade é financeira: “todo o projeto do ‘Memória’ é realizado com recursos próprios. Não há condições de arcar com mais este custo sem apoio externo, sendo que há demandas mais urgentes, como a manutenção dos computadores, câmeras e microfones, a compra de mais HDs externos, o domínio do site, dentre muitos outros. Infelizmente, a versão física da zine terá de esperar por esse apoio, uma vez que os artistas também não dispõem de recursos para isso. Uma tiragem de 500 cópias já seria suficiente”. A participação dos artistas, importante ressaltar, foi totalmente gratuita e todo o material produzido foi disponibilizado gratuitamente ao público.
A primeira temporada do Toca Autoral! Chegou ao fim com a publicação da zine, em 16 de junho. Em nove meses de trabalho, foram gerados: 124,94 minutos de vídeos completos (2:08h); 75 minutos de vídeos soltos (1:26h); 61 fotos editadas e disponibilizadas gratuitamente aos artistas e ao público; 138 GB de arquivos; 1:09h de fonogramas, através de 18 faixas, em 3 EPs; 1 zine (16 páginas), disponibilizada em formato para leitura digital e para impressão. Todo o material também servirá de objeto de estudo científico, gerando artigos, resumos e outras análises que serão publicadas em periódicos, eventos e outras plataformas de divulgação científica. A previsão para início dos trabalhos da segunda temporada é para o final de 2023, ampliando o número de participantes e utilizando outro espaço de grande relevância cultural para a cidade, mais uma preocupação do projeto, que também objetiva a sua valorização, apresentando o cenário como mais uma personagem presente a ser (re)descoberto pela comunidade.
Confira, abaixo, os links para todo o material gerado pelo projeto:
VÍDEOS
EPS (áudios)
FOTOGRAFIAS
TEXTOS
ZINE
Versão digital e para impressão
ENTREVISTAS
Paul Bergeron e Plácido Oliveira [UESB FM]
Plácido Oliveira [Rádio Câmara]
...
Chega ao fim a primeira temporada do Toca Autoral!. Neste último produto, ao longo de dezesseis páginas, um pouco da história do projeto, bem como dos três participantes e expectativas para os passos seguintes. O Toca Autoral!, para além de um projeto de fomento, preservação e divulgação cultural, também é um laboratório, onde observamos e analisamos, através dos relatos, letras, posturas e receptividade, aspectos importantes acerca da música autoral local. Assim, continuaremos esse trabalho de observação mesmo após o encerramento da temporada. Quais as mudanças (se existiram) provocadas pelo Projeto nas carreiras dos três artistas participantes? Como a sociedade externa recebeu todo esse material? A música local foi fortalecida em algum nível?
Esta Edição Especial, por falta de recursos, apenas em sua versão digital, embora seja disponibilizada, também, a versão para impressão. Caso surja algum apoio futuramente, independente do tempo, buscaremos a impressão. Nossas zines, em consonância ao Projeto Memória Musical do Sudoeste da Bahia, são atemporais, retratando a musicalidade da região sudoeste baiana do ponto de vista histórico. Caso você se interesse em patrocinar uma tiragem física, basta entrar em contato conosco através destes contatos.
NESTA EDIÇÃO
Um pouco de história
Os artistas
Paul Bergeron
Náufrago Urbano
Weldon França
O cenário
Os resultados
BAIXE AGORA
Versão para impressão: Link 1
TOCA AUTORAL! - PÁGINAS OFICIAIS
BASTIDORES
Rascunhos originais (em breve)
O subprojeto Toca Autoral! prevê, dentre seu leque de "produtos", a realização de uma sessão de fotos no próprio local e ocasião da gravação dos vídeos, com o duplo objetivo de se registrar imagens do artista àquele momento e fornecer, gratuitamente, um material de qualidade satisfatória para uso livre, em especial para fins de divulgação, uma vez que, sabemos, muitos músicos não possuem fotos promocionais para cartazes, editais, dentre outros.
Cumprindo com nossos objetivos fundamentais, o projeto Memória Musical do Sudoeste da Bahia extrapola o nível da simples documentação/disponibilização de material preexistente, fomentando e produzindo material inédito e original, colaborando ativamente para o fortalecimento do cenário musical na região sudoeste da Bahia.
FICHA TÉCNICA
Fotografias por Plácido Oliveira Mendes
Data da captura: 11/10/2022
Local: Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima [sala principal]
Luz: Leonardo Gois
Licença Creative Commons: 


Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International




Um dos principais objetivos do projeto de pesquisa independente Memória Musical do Sudoeste da Bahia [@memoriasudoeste], para além do simples acumular material sobre a música da nossa região, como qualquer museu, é incentivar os artistas através da produção original de conteúdo: pensar não apenas o passado, mas o hoje, o agora.
No subprojeto TOCA AUTORAL! não há espaço para tributo: queremos mostrar que, em nossa região, há muita gente criando e se expressando através da arte. Apresentaremos diversos artistas, de variados gêneros musicais, mostrando suas próprias obras, muitas vezes ainda inéditas, e disponibilizando gratuitamente em plataformas de streaming, em formatos diversos.
A primeira temporada, contendo três talentosos (e diferentes entre si) músicos locais segue em seu segundo Ato, com o cantor e compositor jequieense Náufrago Urbano, que vive em Vitória da Conquista há mais de uma década.
Música é arte. Arte é expressão. O que nossos artistas têm a dizer atualmente?
A PRODUÇÃO
A ideia do subprojeto remonta a 2017, quando desenvolvemos uma experiência semelhante, no então interditado teatro do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, fechado para eventos com a presença de público, mas utilizado pela Distintivo Blue como local de ensaio e gravações desde 2015. Utilizando a mesma pauta (duas manhãs por semana), convocamos artistas locais para gravar vídeos no formato voz-e-violão, executando cinco músicas, sendo que destas, três deveriam ser autorais. O @memoriasudoeste ainda não existia: tudo foi realizado sob o seu projeto ancestral, a BLUEZinada! [confira aqui uma playlist com esses vídeos antigos], mais direcionado ao blues e jazz, portanto, as CCCJL Sessions extrapolavam sua temática e anunciavam a necessidade de um trabalho voltado à musicalidade da região sudoeste da Bahia, que só nasceria em 2019.
Desta vez, pensando na enorme popularização dos chamados "shows-tributo", onde a nostalgia pelos chamados "clássicos" termina por, não raro, desestimular a execução da música autoral nos diversos palcos da região, decidimos radicalizar a antiga proposta, convidando apenas artistas que não se limitam unicamente a reproduzir o que já foi consagrado, mas também criam arte nova, provando que a música contemporânea ainda existe e continua expressando seu tempo e espaço, papel de todas as artes desde tempos remotos. Desta vez são seis músicas, todas autorais, além de pequenas falas explicativas e uma autobiográfica de até cerca de dez minutos. O formato ainda é minimalista, geralmente voz-e-violão, dada a nossa limitação em equipamentos, pessoal e tempo para a produção dos materiais.
O título do subprojeto é uma clara provocação ao universo dos "shows-tributo": ao invés do famoso, exaustivo e, muitas vezes, automático "toca Raul!", incentivamos o artista a mostrar suas próprias criações. O "Toca Autoral!" surge, pela primeira vez, no texto da matéria de capa da primeiríssima edição da nossa zine, Memória Musical do Sudoeste da Bahia [Acesse aqui], nos inspirando a aprofundar o conceito que se materializa agora. Afinal, se o próprio Raul Seixas tivesse cedido e estacionado no confortável "tributo a Elvis" que marcou o início de sua carreira, não investindo em sua própria identidade artística, quem gritaria "toca Raul!" hoje?
O CONTEÚDO
O Toca Autoral! não se limita à produção de vídeos: o artista tem acesso a um sistema completo de produção original, que inclui a publicação de vídeos individuais de cada uma das faixas, além do vídeo completo, incluindo as falas explicativas e autobiográfica. Ainda, a uma sessão de fotos, que poderão ser utilizadas para a sua própria divulgação, como desejar. As músicas são mixadas e masterizadas para compor um EP de verdade e distribuído para as principais plataformas de música, como Spotify, Deezer, Apple Music, Amazon, etc. A gravação ainda será lançada no formato podcast e disponibilizada nos principais agregadores. Ao final da temporada, será lançada, ainda, uma edição especial da nossa zine, que será publicada tanto em formato digital (.pdf) quanto impresso, enriquecendo o portfólio do artista e, mais amplamente, a musicalidade da região em geral, valorizando a produção autoral e incentivando outros artistas a tocar suas próprias músicas.
Todo esse material é entregue ao artista, gratuitamente, para que o utilize como julgar adequado para o desenvolvimento de sua própria carreira artística. Assim, durante o período de lançamentos, ainda buscamos formas de acesso aos veículos de Imprensa, como emissoras de rádio, TV, jornais, revistas, blogs, etc., sempre com a preocupação de registrar toda e qualquer participação nesse sentido e publicar em seguida.
Ao artista é exigido, para a participação, certo nível de comprometimento: ensaiar suficientemente suas músicas para uma boa execução, ser pontual às participações e fornecer as letras cifradas de todas as canções, afinal, o "'Toca' Autoral!" também significa incentivar e permitir que o público conheça sua obra a ponto de também desejar/conseguir executá-la, de onde estiver. Trata-se de um projeto de fomento ao artista, mas, também, de formação de público. Demonstrar que o artista regional guarda, em si, tanto valor quanto o "consagrado" e divulgado em grandes proporções é uma das máximas mais caras do @memoriasudoeste.
"Eu me chamo Júlio Náufrago. Sou jequieense. Estou em Vitória da Conquista há doze anos. Foi aqui que comecei a alavancar um pouco mais na música. Represento a minha família, que não tem nenhum músico, mas foi minha irmã e meu irmão que me colocaram para ouvir rock n’ roll. Isso influenciou muito a minha vida. A partir daí, comecei a querer tocar violão, cantar… Participei de alguns projetos em Jequié, na época da escola, mas quando eu vim morar em Conquista, em janeiro de 2011, e vi o cenário daqui… A galera, um monte de roqueiro, umas gatas [risos], as praças, aquele frio, as roupas… Falei: “cara, é aqui. É aqui que eu quero ficar”.
E comecei a tocar violão, compor, tocar uns covers… Agora estou aqui, com um projeto autoral chamado Náufrago Urbano, que segue agora para um caminho também de cover, onde eu tenho algumas músicas autorais gravadas, que estão em plataformas digitais, outras prontas para lançamento também. Mas estamos agora em processo de transição. Vou transformar em uma bandinha de baile, de bar, uma banda cover também, mas pareando com meu trabalho artístico autoral, ou seja: "Náufrago Urbano" sou eu e ao mesmo tempo uma banda. Pensei em desvincular o meu nome pessoal e colocar com as minhas músicas, mas decidi manter com minhas músicas e as cover também.
Tudo começou com a influência de um amigo de infância, lá em Jequié, em meados de 2009. Ele ganhou um violão e começou a aprender sozinho pela internet. Eu fiquei comecei a ficar com aquela inveja boa, sabe? Falei: “esse cara é meu brother, tocando violão. Quero tocar violão com ele”. E comecei a perturbar meu pai: “me dê um violão. Eu quero tocar violão”. Aí, meu pai: “pra que você quer violão? Vou lhe dar um violão”. Me deu um, com as cordas bem altas. Para tirar um acorde demorou muito. Também, com muito esforço, peguei três meses de aula de violão, com um rapaz que morava na rua, que tocava há muitos anos, tocava muito bem. Então, esses três meses mudaram tudo: a partir daí, eu chegava em casa, colocava os acordes, pegava as cifras, ouvia bastante música, e foi como tudo começou. E já tinha aquela influência da minha irmã e do meu irmão, ouvindo muito Nirvana, Legião Urbana, aquele rock dos anos noventa, que prevalece até hoje. E essa foi a minha influência, para começo de história.
Quando eu comecei a tocar violão, minha primeira música foi, se não me engano, Será, Que País É Esse?, algo assim. Comecei a deixar o cabelo crescer, queria ser grunge. Morava em Jequié, um calor danado, não podia usar um flanelado, sair com a calça rasgada que o povo: “é louco, é doido”. Fui para o colégio com a calça rasgada, não pude entrar, e fui me sentir melhor em Conquista, onde fui mais abraçado por essa loucura.
Essa questão de compor veio junto com a ideia de tocar violão e cantar, porque era uma inquietação, aquela vontade de falar alguma coisa. Quando percebi que conseguia cantar e tocar alguma música, falei: “agora já posso criar algo meu.” Me motivei a compor para mostrar aos amigos. Depois vieram os festivais, de colégio mesmo, para mostrar a composição. Então, isso foi me empolgando e comecei a escrever. Escrevi muitas coisas que não cheguei nem a musicar mas, com o tempo, foi ficando mais sério. Na verdade, eu comecei, também, a me endoidar um pouco do juízo: bebi muito, fiz muita loucura. Isso também me deixou com a vontade de falar sobre essas coisas em músicas. Músicas de quando eu tinha dezoito anos. O tempo as levou.
Hoje eu já componho com um pouco mais de lógica, de criatividade, então, hoje, eu exponho as músicas que tenho. Há um retorno bacana do público. Lancei umas músicas na pandemia, em meados de 2020, voz e violão no seco, gravadas dentro de um quarto de madrugada, com um guarda-roupas (como forma de isolar o som). O pessoal abraçou a ideia, apesar de ter ficado até bem tosco, particularmente falando, mas o que vale é a intenção: o feito é melhor que o perfeito. Estou feliz pelo que eu fiz, e de participar de novo de um projeto mostrando as minhas músicas, e continuo compondo sim. Há músicas novas, que ninguém nunca ouviu, e que vou mostrar neste projeto, o Toca Autoral!, então, muito obrigado.
Sobre a atualidade, em relação à música, estou voltando a viver dela, tocando em bares, festas particulares, aniversários... Amigos me chamam pra tocar, então, estou com um duo, com um baterista, alguns amigos freelancers que fazem guitarra, baixo, mas ando muito mais “trovador solitário”; toco muito mais sozinho, voz e violão, pelos bares e tem virado uma forma de sobrevivência. As portas estão se abrindo, mas creio que isso vai servir como uma escola. Depois da pandemia, o que escancarou realmente, de oportunidade para nós, foi tocar nos bares. Esses showzinhos em todos os lugares na cidade, que vem investindo bastante nisso, então, é pagar o embalo: aproveitar para estudar e fazer disso uma escola mesmo. Dá para aprender muita coisa. Então, para o momento é isso. Tem músicas novas chegando, logo logo, e vocês me encontram pelos bares e festas da cidade.
Confira a íntegra do vídeo:
🟠 Playlist completa no Youtube [vídeos completos]
🟢 Playlist completa no Youtube [músicas separadas]
MÚSICAS
1) ANTIGO REFRÃO (BR-7PI-23-00006)
"Essa música surgiu há uns sete anos. É o meu maior sucesso, ao menos de feedback do público. Considero uma balada romântica, chega a ser pop. É uma música que toco muito ao vivo. Tenho gravada, também, em voz e violão, em vídeo, estúdio, então, a música está bastante explorada, e continuo explorando bastante até hoje. Creio que é uma balada romântica. A própria letra já diz, onde falo sobre um reencontro de almas, de um casal que se conheceu em uma época e, anos depois, se juntou no mesmo barco e encarou mais uma maré, mais uma onda de romance. Então, se tornou um antigo refrão, depois um refrão moderno e uma música."
Vejo navegar em águas provocantes
O desejo quer nos afogar
Outra vez nós dois
Nesse mesmo barco
Tempos depois
Não tente disfarçar
Eu não vou me afastar
No fim da noite sei onde quero te levar
Pro mesmo refrão
Vou por seu quarto nessa canção
Só pra ver se ainda podemos rimar
Vejo mergulhar em águas provocantes
No teu beijo quero me afogar
Outra vez nós dois
Entregues ao acaso
Tempos depois
Vejo navegar em águas provocantes
O desejo quer nos afogar
Outra vez nós dois
Nesse mesmo barco
Tempos depois
Não tente disfarçar
Eu não vou me afastar
No fim da noite sei onde quero te levar
Pro mesmo refrão
Vou por seu quarto nessa canção
Só pra ver se ainda podemos rimar
Não devemos parar
2) PERSISTIR (BR-7PI-23-00007)
"Persistir se tornou a música que mais curti ter escrito. Considero, um pouco, como crítica social, onde a gente vai embora de casa, começa a encarar o mundão e vê como são as pessoas, deixa de confiar, fica no achismo, em cima do muro, com medo, e começa a se isolar cada vez mais. Mas, como não se vive só de solidão, também temos de ter esperança. Então, vem a segunda parte, trazendo a sensação de 'preciso ver o sol também', aquela ideia de persistência mesmo, o que é totalmente diferente de insistir: quando você persiste, é porque acredita, gosta, quer. Não está só batendo o martelo: você persiste porque acredita. Então, foi onde eu acreditei que a minha vontade passaria a ser verdade pra mim, quando encarei melhor a minha vida, várias fases que eu tive: virar pai, morar sozinho, perder um pai, cidade nova, amigos novos, amigos se perdendo, morrendo, várias coisas acontecendo. Então, essa música foi muito importante pra mim, ainda é hoje, então, gosto muito de persistir."
Somos todos iguais
Esperando sempre algo a mais
De qualquer um
Por qualquer um
E largamos a mão
De quem nos deu a proteção
Nesse mundo inseguro
Somos partes iguais
De um quebra-cabeça de mortais
Bem no fundo
Sabemos disso tudo
E deixamos de achar
Que podemos confiar
Observando
Tudo de cima do muro
Observando
Tudo de cima do muro
Até desabar
Até desabar
E o que parecia apenas
Ser uma vontade
Passará então a ser
A minha verdade
Persistir percorrer
E ao sonhar, poder viver
Vou chegar, lhe dizer
Pode vir e traz o teu sofrer
Vem mudar e ficar
3) PRA ELA (BR-7PI-23-00008)
"Pra Ela é uma música até meio bobinha. Está comigo há uns nove anos. Acho que é a mais velha que tenho. “Bobinha” porque eu era um cara muito romântico, muito 'bobo apaixonado', então, eu entrava no ônibus, via algo que achava interessante, já pensava em escrever sobre aquilo. E, embora pareça ser para uma menina, pode ser que não seja: 'pra ela' pode ser que eu esteja falando de uma cidade, de uma época específica… Falo: 'Teu sorriso me mostrou a sua paz interior', mas o sorriso é só isso aqui, os dentes arreganhados? Não: pode ser que eu viajei, vim morar em Conquista, gostei daqui, e o sorriso de Conquista me mostrou a paz interior que eu precisava. Enfim: na verdade, é uma música bobinha, sobre uma uma garota que conheci, uma vez, no ônibus. [risos]"
Teu sorriso me mostrou a sua paz interior
E pra quem sonha com amor, será bem mais que um sonhador
Veio assim
Sem querer
Por um atraso descuidado
Meio assim
Sem saber
Como um acaso combinado
E por aí eu descobri
Tem algo novo a fluír
E pude ainda perceber
Seu olhar a me envolver
Parecia disfarçar a vontade de olhar
E eu imaginando
Natural como pensar
Doce dúvida a rolar
Acabei me entregando
Foi assim
Meio sem querer
Que nós nos encontramos
Meio assim
Sem saber
Será apenas um engano?
Meio assim
Sem querer
Por um atraso descuidado
Veio assim
Sem saber
Como um acaso combinado
4) REMETIDO A MIM 3) (BR-7PI-23-00009)
"Remetido a Mim é a música mais pessoal que tenho, no momento. É até um pouco chato de explicar, faz parte demais de minha inquietude enquanto músico, pessoa mesmo, e sobrevivente: um cara que cansou de dormir e acordar pensando em um monte de lorota. Então, Remetido a Mim, como o próprio título diz, é, nada mais, nada menos que uma pessoa oscilando entre a vontade de viver e de morrer, 'como uma criança perdida dos seus pais', que não sabe onde está, para onde ir, o que fazer, o que ser, sem qualquer instrução que, então, você se alguém que precisa de alguém. Alguém para te ouvir, te ajudar, te dar a mão. Remetido a Mim veio para dizer muito sobre a minha crise existencial, como músico, como pessoa, enfim… Sobre a minha existência. "
Ando meio calado como uma criança perdida dos seus pais
Triste e desabrigado, como se fosse castigo perdi minha paz
E quem vai dizer como vou crescer?
Eu mesmo irei me encontrar
Quem vai responder quando eu perguntar?
Que o silêncio me faça entender
Vejo atormentado o louco que essa vida previa
Sinto-o, ainda, em prantos, numa reza fogo e parafina
Quem sabe assim possa ressurgir?
Em meio a esperança e a dor
Coragem que vem e faz enfrentar
Todo ódio em busca de amor
5) SOLSTÍCIO (BR-7PI-23-00010)
"Solstício é uma música mágica. O próprio nome já é mágico. É uma oração. Escrevi no dia 21 de junho de 2020, durante o isolamento. Eu estava em São Paulo. Nessa madrugada de solstício de inverno, resolvi escrever uma música que seria uma oração para mim. Uma tentativa, também, de mudar o meu ciclo, a minha vida, com tudo o que acontecia em relação à pandemia, às mudanças que eu encarava: voltar para a música, escrever algo, gravar, algo… Então, ela veio como um pedido, que é para mim mas, ao mesmo tempo, Para todo mundo, porque a música não é feita para você: é feita para as pessoas.
Na verdade, era só uma letra, e musiquei, dois anos depois, que foi este ano [2022]. Então, ficou ali, guardada, como uma oração daquela noite específica… 'Quando A noite chegar', não é 'a noite', que vem todos os dias, dia após noite, noite após dia: é uma noite específica, em que fiz essa oração. É inédita, ninguém a conhece, e ela tem essa mensagem para as pessoas, de que a gente deve abrir as janelas, sabe? 'Do quarto, do coração', dos armários, para deixar sair o que não tem mais, e o que é novo entrar. Essa é a transição, a magia da coisa: você abre as janelas da sua casa, da sua vida, da sua mente, do seu ser, deixa sair aquilo que não faz sentido mais, e recarrega, abastece com algo de melhor pra continuar seguindo a estrada. Então, esta é a magia da coisa. Esta é a ideia do solstício."
Quando a noite chegar
Abre os teus armários
Põe na porta o teu melhor perfume
Uma música pra dançar
Uma reza para cantar
Quando a noite chegar
Quando a noite chegar
Revele a intenção
Ela diz que os sonhos vivem
E o fogo jamais a de se apagar
Da cozinha, do quarto e do coração
Abro os meus armários
Lembrei do que é velho
E eu não quero, não
Haverá espaço então
Para nova estação
Da cozinha, do quarto e do coração
Abro os meus armários
Lembrei do que é velho
E eu não quero, não
Haverá espaço então
Para nova estação
E revelo que já não quero viver
Do frio ou do calor
6) JOYCE (BR-7PI-23-00010)
"Joyce conta a história de um casal, e a considero uma música extremamente romântica, mas, também, com uma mensagem interessante no refrão. Surgiu justamente porque o violão estava lá, largado em cima do colchão, e a minha gatinha resolveu fazer um xixizinho básico, falar bem assim: 'toma aí o teu presente'. Quando peguei o violão, senti o cheiro, falei: 'véi, cheiro de xixi de gato no meu violão!'. Comecei a cheirar o violão e falei: 'é, véi: é isso mesmo!'” Ficou impregnado na minha mente. Na época, eu era motoboy e comecei a cantar versos na moto, fazendo entrega. Então, estava ali na moto, e pensando no violão com cheiro de xixi de gato. Comecei a cantarolar isso: 'cheiro de xixi de gato no meu violão', aí, 'você que lute'.
Eu lutei mesmo pra tirar aquele cheiro. Deu muito trabalho, e acabou se tornando uma música sobre: às vezes, a gente reclama demais. Eu reclamei pra caramba desse cheiro no meu violão, do gato em cima da cama. Eu sofro de rinite, e os pelos do gato me incomodam muito, mas eu gosto demais, amo, os gatinhos. Então, reclamei, reclamei de várias coisas para, no final, cair a ficha e eu pensar que a vida tem um gosto, que vai muito além de ficar reclamando, e seria isso que tá o amar.
A vida tá aqui, a toda hora, acontece a todo momento e mostrando várias formas de viver, e lugares onde você pode ficar bem, se sentir bem, e fazer alguma coisa também, por isso, não ficar só reclamando, negativando as coisas, pessimismo, essa reflexão. Eu reclamo, pego a primeira parte da música para reclamar, chego no refrão e caio no bom senso. Falo: 'tá na hora de parar de reclamar'. Depois, reclamo de novo, caio no bom senso, falo: 'Não, véi, acho que tem um negócio melhor pra fazer aqui: é amar'. [risos]"
Cheiro de xixi de gato no meu violão
E Joyce disse: você que lute então, amor
Sei que sou chato
Mas com razão
Tira esse gato
De cima do colchão
A vida tem
Um gosto além
De reclamar
Que tal amar?
A vida vem
Te mostra algum lugar
Um abraço pra morar
Vem te dar a mão
Cê tá gordinha
Né por nada não
-Será possível?
Não brinca com isso não
Por favor
Sei que sou chato
Mas com razão
Tô preocupado, amor
Com essa situação
A vida tem
Um gosto além
De reclamar
Que tal amar?
A vida vem
Te mostra algum lugar
Um abraço pra morar
Vem te dar a mão
Vim te dar a mão.
DIVULGAÇÃO
FICHA TÉCNICA
Memória Musical do Sudoeste da Bahia e Museu do Rock Conquistense apresentam: Toca Autoral!
Produção: Plácido Oliveira Mendes [http://linktr.ee/placidomendes]
Agradecimentos: Leonardo Gois e Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima
Gravado em 11 de outubro de 2022, na sala principal do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima. Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Todas as músicas por Náufrago Urbano
Publicação: 11 de maio de 2023
AGUARDE MAIS UM POUCO...
Podcast | Memória Musical do Sudoeste da Bahia [zine] Edição Especial | Letras cifradas
🟠 Disponível nas principais plataformas de streaming.
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RELEASE
O cantor e compositor Náufrago Urbano foi o segundo participante do subprojeto Toca Autoral!, do Memória Musical do Sudoeste da Bahia. Na versão simples do EP, seis faixas autorais inéditas do artista, nascido em Jequié, e que vive em Vitória da Conquista há mais de uma década.
Confira aqui o post completo sobre a participação do músico no subprojeto Toca Autoral!
SETLIST:
1) Antigo Refrão
2) Persistir
3) Pra Ela
4) Remetido a Mim
5) Solstício
6) Joyce
ESCUTE AGORA:
FICHA TÉCNICA
Memória Musical do Sudoeste da Bahia e Museu do Rock Conquistense apresentam: Toca Autoral!
Produção: Plácido Oliveira Mendes [http://linktr.ee/placidomendes]
Agradecimentos: Leonardo Gois e Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima
Gravado em 11 de outubro de 2022, na sala principal do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima. Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Todas as músicas por Náufrago Urbano
Publicação: 7 de maio de 2023
🟠 Disponível nas principais plataformas de streaming.
RELEASE
Náufrago Urbano é um artista solo que assim se intitulou ao sentir sua vida cercada de conflitos internos e sociais, o que o levou a necessidade de expor suas ideias sobre persistência, empatia e amor ao próximo.
Usando a música como sua principal ferramenta de alcance público, aproveita a deixa para mostrar em suas ações que a cultura musical pode ir além de formar um grupo para se apresentar em shows. A música é uma ferramenta exponencial em torno da sociedade, onde pode ser usada para diversos propósitos, e proporcionar esperança, afeto e momentos de alegria ao alcançar públicos carentes no meio urbano.
Com o seu surgimento em maio de 2020, o Náufrago Urbano teve o início de carreira marcado pela pandemia do novo corona vírus. Foi estando em isolamento social que começou a trabalhar em suas ideias artísticas e lançou o seu primeiro trabalho autoral que foi totalmente caseiro e independente, um EP voz e violão. Subsequentemente, foi traçando planos para começar a agir e deu início a trabalhos sociais onde visitou e levou música, doações e presentes para um abrigo de pessoas sem teto, e também um projeto musical chamado “A Música Da Minha Vida” para um lar de idosos, ambos em Vitória da Conquista-Ba. Inspirado a gerar um senso de comunidade, buscou e obteve ajuda de diversos outros artistas/músicos e parceiros para participar de suas ações.
Atualmente lançou o seu primeiro single de estúdio e continua trabalhando para lançar o seu novo EP.
DISCOGRAFIA
Náufrago Urbano Acústico (2020) – EP
Insônia (2021) – Single
Toca Autoral! (2023) – EP
BIOGRAFIA
O nome “Náufrago Urbano” foi inicialmente criado para título de banda, que provisoriamente surgiu com um convite para participar do seu primeiro e único show, no Point Do Rock, em fevereiro de 2020 na cidade de Vitória da Conquista. Dois meses após o evento, Júlio Náufrago, vocalista e idealizador da banda, viajou para São Paulo a passeio e teve seu retorno adiado por conta do bloqueio das estradas devido a pandemia.
Sobre essas circunstâncias, Júlio decidiu aprofundar-se em materiais de estudo musical, e que o levou a começar a fazer testes e gravações de suas canções autorais, surgindo assim o desejo de começar algo mais sério em relação ao que já havia em sua história desde que começou a montar bandas em meados de 2011.
Junto com as novas ideias veio a decisão de seguir carreira solo, sabendo das dificuldades que já havia encontrado ao formar várias bandas. Durante seu tempo em São Paulo, participou de eventos online como o “Festival Som de Casa” e o “Make Music Day”, onde cantou pela primeira vez algumas de suas músicas. Pouco tempo depois gravou e lançou então o seu primeiro trabalho autoral, um EP voz e violão totalmente caseiro.
No dia 27 de julho de 2020, quando conseguiu retornar para Conquista com suas novas expectativas e experiências, partiu para a prática constante e começou a estudar, juntar moedas e planejar entrar em estúdio pela primeira vez.
Em fevereiro de 2021 quando já havia começado a circular uma espécie de flexibilização a base de consciência sobre a pandemia, fez então sua primeira apresentação ao vivo em um bar da cidade e continua se apresentando assim até o atual momento.
Costuma dizer que está passando por um processo de aprendizado escolar da música, aos poucos vai se apresentando em lugares diferentes e angariando experiências agora que está sempre falando do seu trabalho artístico, lançamentos, interpretando suas músicas ao vivo, e assim conhecendo pessoas que se tornam amigos e compõem parte do seu público atual.
“Insônia” é o seu mais novo lançamento, o Single veio como forma de homenagem a Bruno Reina, amigo e parceiro de música do Júlio.
Bruno foi assassinado em novembro de 2011.
Ainda em 2021 o Náufrago Urbano irá lançar outros singles, e em 2022 o seu novo EP que terá o título “Persistir”.
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Última atualização: 17/05/2023.