Um dos principais objetivos do projeto de pesquisa independente Memória Musical do Sudoeste da Bahia [@memoriasudoeste], para além do simples acumular material sobre a música da nossa região, como qualquer museu, é incentivar os artistas através da produção original de conteúdo: pensar não apenas o passado, mas o hoje, o agora.
No subprojeto TOCA AUTORAL! não há espaço para tributo: queremos mostrar que, em nossa região, há muita gente criando e se expressando através da arte. Apresentaremos diversos artistas, de variados gêneros musicais, mostrando suas próprias obras, muitas vezes ainda inéditas, e disponibilizando gratuitamente em plataformas de streaming, em formatos diversos.
A primeira temporada, contendo três talentosos (e diferentes entre si) músicos locais encerra-se em seu terceiro Ato, com o cantor, guitarrista e compositor iguaiense-conquistense Weldon França, conhecido músico local, atuante desde o final da década de 1980.
Música é arte. Arte é expressão. O que nossos artistas têm a dizer atualmente?
A PRODUÇÃO
A ideia do subprojeto remonta a 2017, quando desenvolvemos uma experiência semelhante, no então interditado teatro do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, fechado para eventos com a presença de público, mas utilizado pela Distintivo Blue como local de ensaio e gravações desde 2015. Utilizando a mesma pauta (duas manhãs por semana), convocamos artistas locais para gravar vídeos no formato voz-e-violão, executando cinco músicas, sendo que destas, três deveriam ser autorais. O @memoriasudoeste ainda não existia: tudo foi realizado sob o seu projeto ancestral, a BLUEZinada! [confira aqui uma playlist com esses vídeos antigos], mais direcionado ao blues e jazz, portanto, as CCCJL Sessions extrapolavam sua temática e anunciavam a necessidade de um trabalho voltado à musicalidade da região sudoeste da Bahia, que só nasceria em 2019.
Desta vez, pensando na enorme popularização dos chamados "shows-tributo", onde a nostalgia pelos chamados "clássicos" termina por, não raro, desestimular a execução da música autoral nos diversos palcos da região, decidimos radicalizar a antiga proposta, convidando apenas artistas que não se limitam unicamente a reproduzir o que já foi consagrado, mas também criam arte nova, provando que a música contemporânea ainda existe e continua expressando seu tempo e espaço, papel de todas as artes desde tempos remotos. Desta vez são seis músicas, todas autorais, além de pequenas falas explicativas e uma autobiográfica de até cerca de dez minutos. O formato ainda é minimalista, geralmente voz-e-violão, dada a nossa limitação em equipamentos, pessoal e tempo para a produção dos materiais.
O título do subprojeto é uma clara provocação ao universo dos "shows-tributo": ao invés do famoso, exaustivo e, muitas vezes, automático "toca Raul!", incentivamos o artista a mostrar suas próprias criações. O "Toca Autoral!" surge, pela primeira vez, no texto da matéria de capa da primeiríssima edição da nossa zine, Memória Musical do Sudoeste da Bahia [Acesse aqui], nos inspirando a aprofundar o conceito que se materializa agora. Afinal, se o próprio Raul Seixas tivesse cedido e estacionado no confortável "tributo a Elvis" que marcou o início de sua carreira, não investindo em sua própria identidade artística, quem gritaria "toca Raul!" hoje?
O CONTEÚDO
O Toca Autoral! não se limita à produção de vídeos: o artista tem acesso a um sistema completo de produção original, que inclui a publicação de vídeos individuais de cada uma das faixas, além do vídeo completo, incluindo as falas explicativas e autobiográfica. Ainda, a uma sessão de fotos, que poderão ser utilizadas para a sua própria divulgação, como desejar. As músicas são mixadas e masterizadas para compor um EP de verdade e distribuído para as principais plataformas de música, como Spotify, Deezer, Apple Music, Amazon, etc. A gravação ainda será lançada no formato podcast e disponibilizada nos principais agregadores. Ao final da temporada, será lançada, ainda, uma edição especial da nossa zine, que será publicada tanto em formato digital (.pdf) quanto impresso, enriquecendo o portfólio do artista e, mais amplamente, a musicalidade da região em geral, valorizando a produção autoral e incentivando outros artistas a tocar suas próprias músicas.
Todo esse material é entregue ao artista, gratuitamente, para que o utilize como julgar adequado para o desenvolvimento de sua própria carreira artística. Assim, durante o período de lançamentos, ainda buscamos formas de acesso aos veículos de Imprensa, como emissoras de rádio, TV, jornais, revistas, blogs, etc., sempre com a preocupação de registrar toda e qualquer participação nesse sentido e publicar em seguida.
Ao artista é exigido, para a participação, certo nível de comprometimento: ensaiar suficientemente suas músicas para uma boa execução, ser pontual às participações e fornecer as letras cifradas de todas as canções, afinal, o "'Toca' Autoral!" também significa incentivar e permitir que o público conheça sua obra a ponto de também desejar/conseguir executá-la, de onde estiver. Trata-se de um projeto de fomento ao artista, mas, também, de formação de público. Demonstrar que o artista regional guarda, em si, tanto valor quanto o "consagrado" e divulgado em grandes proporções é uma das máximas mais caras do @memoriasudoeste.
"Eu me chamo Weldon França. Sou músico, compositor, instrumentista. Minha carreira musical e artística começou em Vitória da Conquista, na década de 1980 (1989). Participo ativamente da vida cultural da cidade, e tenho tocado com grandes artistas aqui e fora. Representei meu país na Europa, onde eu toquei na Cia. do Brasil, em uma banda chamada Stan Groove, na França, e venho desempenhando esse trabalho de uma maneira positiva, porque eu acho que a música tem o poder de nos transportar, de levar a mensagem para as pessoas.
A música que eu faço é numa linguagem simples e direta, aquela fácil de se assimilar de uma maneira mais simples, mais rápida. Então, eu uso três, quatro acordes em algumas canções. Eu acho que a beleza está na simplicidade, então, a música tem essas vertentes, nuances, onde a gente expressa os sentimentos de uma maneira positiva.
Atuei aqui em Vitória da Conquista em algumas bandas, em trios elétricos, acompanhei Papalo Monteiro, nas décadas de 90, 2000. Morei em belo Horizonte, Natal, Brasília, Rio Grande do Norte, estive um tempo na Europa também, representando meu país, em Grenoble, sudeste da França, onde toquei na banda Companhia do Brasil. Para mim, é uma honra levar o nome de Vitória da Conquista nos lugares por onde passo, atuando como músico, como artista.
A arte tem esse poder de nos levar a lugares, nos transportar, mas viver dela em nosso país é um pouco difícil, e a gente tem uma força muito grande para isso. A gente vive e sobrevive, porque é muito difícil ser artista. O poeta já dizia: “ser artista no nosso convívio, pelo inferno e céu de cada dia”. Isso já diz a própria letra do nosso querido Cazuza. Mas a música tem esse poder, realmente, de abrir um leque muito grande de informação, de passar a informação, porque, na realidade, ela vai no próprio contexto da poesia. Como eu digo em uma das minhas músicas, O Verso, porque o verso ninguém explica, né? Então, a música tem essa grandiosidade e potência na vida da gente. Eu me sinto, nessa passagem na vida, privilegiado de ter me tornado um artista.
E é com muita honra que represento meu país, minha cidade, por onde passo, sendo músico, artista. Porque ser artista em nosso convívio, não quer dizer que sou melhor ou pior que ninguém, muito pelo contrário: acho que um país sem cultura, sem educação, é muito difícil de se encontrar uma saída, então, acho que a música ainda é um meio em que as pessoas possam levar esse conhecimento através da própria poesia para uma infinidade de pessoas, porque a música não tem fim. Acho que a música é a linguagem da alma, a expressão dos sentimentos."
Confira a íntegra do vídeo:
🟠 Playlist completa no Youtube [vídeos completos]
🟢 Playlist completa no Youtube [músicas separadas]
MÚSICAS
1) PLANALTO DA CONQUISTA (QZNJW2301367)
"Eu considero que essa música, Planalto da Conquista, não chega a ser um frenesi, mas uma música mais dançante, com uma pegada de soul, onde o fato de eu morar aqui em Vitória da Conquista, uma cidade que é a “princesa do sertão baiano” [sic], fica ali no Planalto da Conquista mesmo, então, fiz essa música que fala de amor também, porque quando eu falo “há muito tempo faz que eu não te vejo; Mas aumenta a minha saudade, o meu desejo; Diga onde você mora ou se esconde, ou se é além da ponte; Nem a distância vai tirar você de mim; É pra você que eu fiz esta canção, meu amor, meu amor”. Eu tô falando de uma segunda pessoa. Na realidade, também tem um refrão que fala que 'dali do alto do Planalto da Conquista a vista é muito mais bonita pro lado da Chapada Diamantina'. Como a gente já pega ali um pedaço, um pouco da Chapada Diamantina, em Vitória da Conquista, pro lado de Lençóis, Mucugê, etc, eu coloquei esse refrão, '[…] O visual me alucina', é porque são visuais maravilhosos ali. Quem conhece Mucugê, Lençóis, a Chapada Diamantina, pode perceber que são visuais maravilhosos, então encaixei justamente também pensando nessa hipótese de que a distância do olhar, aquela coisa de 'perdidos na paisagem', né? Então, essa música fala de amor e também cita um pouco da cidade onde participo ativamente da vida cultural e artística, que é Vitória da Conquista."
Há muito tempo faz que eu não te vejo
Mas aumenta a minha saudade o meu desejo
Diga onde você mora ou se esconde ou se é além da ponte
Nem a distância vai tirar você de mim
E pra você que fiz essa canção que sai de dentro do meu
É pra você que fiz essa canção
Meu amor, meu amor
Daí do alto do Planalto da conquista
A vista é muito mais bonita
Pro lado da chapada Diamantina
O visual me alucina
E pra você que fiz essa canção que sai de dentro do meu
É pra você que fiz essa canção
Meu amor, meu amor
2) DESERTO TROPICAL (BR7PI2300014)
"Deserto Tropical também é uma música com uma linguagem simples e direta. A gente vive num país tropical, de uma cultura bem diversificada. É uma miscigenação linda que nós temos. Deserto Tropical relata na própria letra lugares, cidades… Quando eu falo 'quando o sol se por em Salvador, pisar no chão do Maranhão' é muito bonito. Essa música já é uma composição minha, de Paulo Sérgio Oliveira junto do pessoal da Banda L-Lás. Não deixa de ser também uma música autoral, não posso deixar de citar, da banda L-Lás, que foi um projeto que eu tive na década de 80, então essa música é nossa: minha, de Paulo Sérgio e da Banda L-Lás. Uma música simples, direta, que retrata nosso país, quando eu falo “no meu deserto tudo é tropical” estou falando do nosso país, de Salvador: 'o sol de por em Salvador, pisar no chão do Maranhão, o chimarrão, Rio Grande do Sul, tão lindo é o céu azul', então é uma música que retrata vários cotidianos, de cidades diversificadas, aqui dentro do nosso país que é o Brasil, imenso, com essa miscigenação imensa de cultura, etc. Acho bonito a gente salientar esse poder que nosso país tem com essa diversificação cultural, artística. É muito bonito."
Saudade vem matando a gente
Consigo avistar a brisa do mar
Meu violão tangente nas estrelas
No meu deserto tudo é tropical
A noite vira sono a noite vira o dia
Se te faço uma canção a minha mão te acaricia
Te pego em casa te levo pra escola
Te conto uma história e lhe encho de amor
Não vou ficar nem mais um segundo
Ajoelhado no mundo e pedindo perdão
Baby vem comigo
Baby vem
O sol se pôr em Salvador
Dia raiar no Paraná
Pisar no chão do Maranhão
Chimarão Rio Grande do Sul
Tão lindo é o céu azul
3) O VERSO (BR7PI2300015)
"Essa música eu fiz também pensando numa segunda pessoa. Na realidade, as músicas, quando falam de amor, você pode ouvir e dedicar à sua namorada, porque eu falo: 'é da minha autoria', mas a música é nossa. A música é pras pessoas. O compositor faz a música e só tem o papel de escrever, mas a música é do povo, é das pessoas. Então a música é pra vocês, então vocês dedicam essa música pra quem vocês quiserem, né? O Verso também era pra uma pessoa que eu amava, e que amo na qualidade de ser humano, porque a gente nunca deixa de amar as pessoas. Ela também é uma poesia numa linguagem simples e direta. 'Bateu o amor, bateu você, a porta entrou', olha que coisa linda… 'E fez morada em mim, meu bem-querer. Um verso meu em cada canto é seu. Você é a canção em mim no toque do tempo, no contratempo, no descompasso do amor, no verso que não se explica, na poesia que ainda rima e que em você ficou'. Isso é lindo demais, cara! Quando eu falo 'no toque do tempo, no contratempo do amor', é como Camões dizia lá, porque Renato Russo tem uma passagem da música dele que fala: 'o amor é o fogo que arde sem se ver', isso é de Camões. Então, eu quis dizer que nesse descompasso, o amor também dói, arde sem se ver, como Camões disse na poesia dele. A gente que já passou por vários tipos de leitura, eu já li vários livros.
O artista, o músico, compositor, os artistas de uma maneira em geral, temos esse hábito de ler, procurar se informar, procurar estar dentro desses padrões culturais e artísticos, que envolvem a leitura, a literatura, a poesia, então isso é de uma grandiosidade imensa… Eu não sei como em um país de uma miscigenação muito grande, de uma cultura vasta, ainda há pessoas com vergonha de uma pessoa porque é artista. Então, não é porque a gente tem uma dificuldade de expor os trabalhos… Hoje tá até mais fácil, por conta das redes sociais, das plataformas, então eu tenho orgulho de ser artista no nosso convívio, e ser artista no nosso país, porque como eu morei na Europa, a gente quando diz que é artista, eles te recebem até de uma maneira agradável. Perguntam: 'ah, você é músico'; 'Ah, sim, sou músico, sou brasileiro'. 'Sim, sim, bem-vindo'. Quer dizer, a nossa arte é muito mais benquista no exterior, em outros lugares da Europa, talvez do que até aqui dentro do nosso país, né?
Eu sou de uma cidade que é um celeiro de artistas. Vitória da Conquista nós temos grandes músicos tocando com os artistas renomados. Temos Léo Brasileiro, Luisinho, Vários… Plácido mesmo, que vem desenvolvendo um trabalho maravilhoso em Vitória da Conquista, com o programa dele de memória musical do sudoeste, que é de uma grandiosidade imensa. Então, essas pessoas são maravilhosas. Só contribuem para o desenvolvimento e o crescimento de um país, porque um país sem cultura e sem arte, acaba a história do país. E como as pessoas têm vergonha de dizer: 'ah, o cara é artista!', quer dizer: falam num sentido pejorativo.
Cara, eu escolhi a melhor profissão do mundo. Eu tenho orgulho de ser artista. Não me sinto nem melhor nem pior que ninguém, muito pelo contrário. Eu acho que o artista tem esse poder de elevar o nome do nosso país, do lugar, da cidade, seja lá onde quer que ele esteja. Porque, sem cultura e sem educação, jamais um país vai ter a sua história. Então, a arte, a música, a cultura têm esse poder de desenvolvimento e representatividade como um todo, em qualquer lugar do mundo. Um país sem sua história, sua cultura não é nada. Então, fica a minha fala pra vocês, porque eu acho que vai servir, um dia, para as pessoas que não acreditam no poder da arte, que têm vergonha de ter um namorado ou alguém que seja artista. Então, continuem sendo artistas, porque é uma bênção. É muito bacana, muito gostoso."
Ah, bateu amor
Bateu você a porta e entrou
E fez morada em mim
Meu bem querer
Um verso meu em cada canto é seu
Você é a canção em mim
No toque do tempo
No contratempo
No descompasso do amor
No verso que não se explica
Na poesia que ainda rima
E que em você ficou
4) UM XOTE DO BOM (BR7PI2300016)
"Essa música eu fiz mesmo pensando no São João, naquela coisa do São João, porque eu, como rock n’ roll, um cara que gosta de blues, na realidade, passei por várias vertentes da música. Eu gosto do blues, do jazz, do pop-rock, do rock n’ roll, e como um bom roqueiro, descobri que sou também um ótimo forrozeiro. Eu canto forró de uma forma muito bacana, original, com uma identidade própria, que eu sempre tive. O artista tem de ter identidade própria. Um Xote do Bom eu fiz pensando em Targino Godim. Eu fui tocar num determinado local em Vitória da Conquista, na época do São João, e o repertório muito bacana, de forró pé-de-serra, então fiz essa música justamente para complementar o meu repertório de autorais nessa área. Então, Um Xote do Bom também é uma música gostosa de se ouvir, e uma música simples: é pensando no São João. 'Venha pra cá, venha dançar comigo, agarradinho até o dia amanhecer. Um xote do bom agarradinho, eu e você'. Essa é a história dessa música, uma música feita para tocar no São João, inclusive muitos forrozeiros já renomados, como Targino Godim, etc, ficaram de gravar essa música, mas ainda não mandaram nenhuma proposta, estou aguardando, que é uma música que pode explodir na voz desses caras, música simples e numa linguagem direta. Um Xote do Bom."
Amor tô precisando desse seu carinho
Não posso mais ficar aqui sozinho
Me dá uma vontade de te abraçar
Então venha prá cá
Venha dançar comigo
Agarradinho até o dia amanhecer
Um xote do bom agarradinho eu e você
5) UMA CANÇÃO DE AMOR (BR7PI2300017)
"Eu tava conversando com a minha filha, na casa dela, e de repente, essa música veio pronta. A música tem esse poder também. Às vezes ela já nasce pronta. Às vezes você tem que pensar um mês, dois, pra tirar uma frase ou criar outra, pra terminar um contexto, um refrão, e requer um tempo. Às vezes você muda a estrutura da música, a estrutura poética… E essa música eu fiz pra uma filha minha, ou pra minhas filhas. Maria Teresa, Fernanda Caroline… Mas na verdade pensando em Ivete Sangalo ou Marisa Monte gravar essa música. Essa música nasceu assim, do nada. Tava tocando violão na casa da minha filha, de repente os versos foram se encaixando, rimando, e ficou linda, ao meu ver, porque é uma música, como eu disse, numa linguagem simples e direta, que é uma canção de amor. Então, essa música nasceu dessa maneira, quase que já pronta e tal… Eu tive que acertar alguns acordes e tudo, e acabou ficando sol, lá menor e dó menor, três acordes, e música ficou de uma maneira muito bacana, agradável aos ouvidos”.
Eu vou fazer uma canção pra ela
Uma canção singela
Uma canção de amor
Para tocar no disco voador
Pro mundo inteiro ouvir
O que eu sinto por ela
Ela é uma flor
Linda flor do meu jardim
É lindo de admirar
Quando ela passa seu sorriso brilha mais que a luz do sol
É lindo de admirar o seu sorriso, sua pele a sua cor
O jeito dela
Ela é uma flor
Linda flor do meu jardim
6) ABRIGO (BR7PI2300018)
"Essa música, fiz pra uma pessoa que me inspirou, que é uma ex-namorada. E na realidade, a gente tinha brigado nesse dia, eu tava muito pra baixo, meio triste, pensativo pra caramba, porque, do nada, as pessoas mudam de ideia, aí veio essa música em minha mente. Eu comecei a cantar, os versos começaram a surgir e foram rimando, porque, na realidade, a música, em cada artista, se manifesta de uma maneira Às vezes você procura se excitar pra fazer uma música, pra descobrir alguns versos que se encaixam, que rimam… E geralmente, comigo a música parece que já vem pronta, na maior parte das vezes. Foi o caso de Abrigo. Ela pintou de um amor que tava dentro de mim e que tava prestes a acabar. Então eu disse: 'anda, vem ficar comigo. Meu peito é teu abrigo. Um novo amanhecer'. Isso é lindo demais. 'Vem, vem ficar comigo. Você é meu paraíso. É tudo natural'. Então, isso é muito bonito, quando você expressa de uma maneira positiva um amor perdido através da música ou as desilusões da vida também contribuem muito quando você tá numa fase dessa, porque, na realidade, a música é feita de silêncio também. Às vezes você na sua solidão, você compõe… O artista aproveita esses momentos para expressar os sentimentos através da escrita. Então, a escrita tem esse poder na vida de qualquer artista, qualquer escritor, compositor. Então essa música, Abrigo, nasceu dessa forma, e praticamente veio pronta, através de um amor perdido."
Anda
Vem ficar comigo
Meu peito é seu abrigo
Um novo amanhecer
Vem
Vem ficar comigo
Você é meu paraíso
É tudo natural
Anda
Que a estrada é longa
E nos leva a algum lugar
E nos leva s algum lugar
Amor você é um encanto
Em cada canto da cidade
Eu amo você
DIVULGAÇÃO
FICHA TÉCNICA
Memória Musical do Sudoeste da Bahia e Museu do Rock Conquistense apresentam: Toca Autoral!
Produção: Plácido Oliveira Mendes [http://linktr.ee/placidomendes]
Agradecimentos: Leonardo Gois e Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima
Gravado em 07 de novembro de 2022, na sala principal do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima. Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Todas as músicas por Weldon França, exceto Deserto Tropical, por Weldon França e Paulo Sérgio Oliveira.
Publicação: 29 de maio de 2023
AGUARDE MAIS UM POUCO...
Podcast | Memória Musical do Sudoeste da Bahia [zine] Edição Especial | Letras cifradas
🟠 Disponível nas principais plataformas de streaming.
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Siga nossas redes sociais (sempre @memoriasudoeste) e conheça o que já publicamos até o momento, enquanto aguarda mais novidades.
O programa dialoga com o projeto do artista compositor, instrumentista e produtor musical riograndense, Carlos Di Jaguarão, em parceria com uma equipe muito competente de outros tantos produtores artísticos e comunicadores sociais, que reúne artistas independentes pelos países latino-americanos e os coloca em contato com várias emissoras de rádio esparramadas pelos continentes. Uma delas, foi a Bossa Nova Perú Rádio.
Os artistas independentes devem ter músicas autorais gravadas e disponíveis em plataformas de streaming. Em paralelo, fazer parte do grupo criado pelo produtor e equipe, chamado Uma Terra Só. Grupo que contempla artistas das mais variadas vertentes musicais.
O programa Bossa & Algo Más da emissora Bossa Nova Perú Rádio também apresenta proposta de intercambiar músicas dos países Hermanos, com bastante ênfase na música brasileira, muito consumida por eles. Eric Burgos, músico, cantor, compositor e radialista peruano, produtor, fundador da rádio e um dos locutores, apresenta em sua programação, uma playlist de qualidade incontestável. E todo domingo à noite nos presenteia com o melhor da música, passeando por movimentos e grupos que fizeram e ainda fazem parte da música universal. MPB, Bossa, Jazz, entre outros movimentos que contemplam os ouvidos de quem gosta de ouvir música na amplitude da expressão arte.
Então Eric Burgos, através do grupo Uma terra Só, conheceu a música conquistense protagonizada por vários artistas daqui. Destes, os músicos Geslaney e Iara, que fazem parte do cenário artístico da cidade, artistas que já se apresentaram Brasil afora, com seus trabalhos autorais, também premiados em Festivais de música em vários Estados brasileiros.
Ambos, além de artistas, trabalham também na Prefeitura de Vitória da Conquista; sendo que Geslaney Brito faz parte do corpo de professores de música do Conservatório Municipal, instituição que traz um histórico belíssimo de contribuição em formação musical de muitas pessoas da comunidade.
Queiram então acessar a Rádio, no próximo Domingo à noite, para assistir a música dos artistas Geslaney Brito e Iara Assessú, bem como os artistas Anna Paz e Antônio Resende, em celebração de aniversário de 12 anos do programa.
Spotfy de Geslaney Brito e Iara Assessú
Youtube de Geslaney Brito e Iara Assessú
Serviço disponibilizado pela coordenação da Rádio.
Bossa & Algo Más apresenta no domingo 28 de maio às 19:30h Lima / 21:30h Brasília seu capítulo número 95, um especial com o melhor do Antonio Resende, Anna Paz e a dupla Geslaney Brito y Iara Assessú , além das novidades das plataformas digitais e grandes clássicos internacionais das últimas décadas.
Um programa ao vivo e em português apresentado por Eric Burgos desde a cidade de Lima no Perú.
Produção e apresentação do músico, cantor, compositor e radialista peruano Eric Burgos.
Esperamos você em nosso WhatsApp e faça parte da maior comunidade de música brasileira da América Latina.
Escute pelo site www.bossanovaperuradio.com
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Publicado originalmente em 26/05/2023, em Blog do Geovane Viana.
Ícones do forró, eletrônico e piseiro, Nattanzinho, Pedro Sampaio e Mari Fernandez foram anunciados na noite desta sexta-feira, 26, na 2ª edição do Esquenta FIB.
Por Victória Lôbo
Assim como aconteceu no ano passado, a Bahia Eventos anunciou as três últimas atrações do Festival de Inverno Bahia 2023 durante mais uma edição do Esquenta FIB, nesta sexta-feira, 26. Nattanzinho, Pedro Sampaio e Mari Fernandez completam a grade dos shows que ocorrerão entre os dias 25 e 27 de agosto, no Parque de Exposições Teopompo de Almeida, em Vitória da Conquista.
Além deles, Marisa Monte, Jota Quest, Glória Groove, Djavan, Léo Santana, Thiaguinho e Lincoln já haviam sido confirmados para este ano. Ao todo, serão dez apresentações. Seis delas irão pisar pela primeira vez no palco do evento*.
O Esquenta FIB precede o festival pela segunda vez e tem como intuito arrecadar alimentos para doação. O cunho solidário da ação foi ressaltado desde 2022, quando foram arrecadadas 16 toneladas. Neste ano, os shows de Top Love, Rege de Anagé e Trio da Huanna também aconteceram no Parque de Exposições. Cada ingresso foi trocado por 2kg de alimentos não perecíveis, que serão entregues à Patrulha Solidária da Polícia Militar.
Novas atrações
Nattan, mais conhecido como Nattanzinho, viralizou com a música “Storiezin”, que canta ao lado de Saia Rodada. A releitura da música Heaven, “Não te Quero”, cantada junto com Zé Vaqueiro, também levou o cantor de forró ao topo das paradas.
Já Pedro Sampaio ficou muito conhecido pelas suas parcerias com Anitta, Pabllo Vittar e Luiza Sonza. Os hits mais conhecidos do DJ perpassam pelo funk e pop, como “No Chão Novinha”, “SAL” e “Sentadão”.
Popularmente chamada de “Rainha do Piseiro”, Mari Fernandez é uma jovem cantora que estourou no TikTok com o hit “Não, Não Vou”. “Parada Louca”, “Ficante Fiel” e “Vazou um Áudio” também são sucessos da artista cearence.
Confira abaixo as atrações do 17º Festival de Inverno Bahia:
Sexta (25/08)
Marisa Monte
Jota Quest
Mari Fernandez
Sábado (26/08)
Glória Groove
Djavan
Léo Santana
Lincoln
Domingo (27/08)
Thiaguinho
Nattanzinho
Pedro Sampaio
Capa: Reprodução / Redes Sociais.
ERRAMOS
Os shows de Nattanzinho e Mari Fernandez não são inéditos para o público do Sudoeste da Bahia, confome informamos anteriormente na matéria. Os artistas já se apresentaram na região. Os shows serão inéditos apenas no FIB, uma vez que nenhum deles se apresentou no palco do festival em edições anteriores. Com isso, a informação foi corrigida na matéria. Pedimos desculpas.
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Publicado originalmente em 26/05/2023, em Conquista Repórter.
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Foto: Agência Sertão |
A programação do Festival de Inverno Bahia 2023 (FIB 2023) foi fechada nesta sexta-feira (26) com a confirmação de mais três atrações. O anúncio foi feito durante evento de lançamento do festival, na área de eventos do Parque de Exposições de Vitória da Conquista.
Entre os nomes confirmados está o do cantora Mari Fernandez, que se apresentará na sexta (25), primeiro dia de Festival. Outra atração confirmada é o cantor Nattan, que subirá ao palco no último dia do FIB. Os dois artistas cearenses fazem bastante sucesso no país com ritmos que vão do forró ao piseiro.
A terceira atração confirmada, também para o domingo (27), é o DJ, cantor, produtor musical e compositor carioca Pedro Sampaio.
As outras atrações que já estavam anunciada na programação do Festival de Inverno Bahia 2023 são: Lincoln Sena, Marisa Monte, Léo Santana, Thiaguinho, Jota Quest, Djavan e Glória Groove.
Responsável pela direção artística do FIB, o cantor e compositor Max Viana destaca o papel da diversidade musical na grade deste ano. “Sendo o Festival de Inverno Bahia um dos maiores festivais do interior do país, ele precisa representar uma pluralidade de ritmos e, por isso, teremos um FIB para todos os gostos”, pontua.
Veja a programação do Festival de Inverno Bahia 2023
Sexta-Feira – 25 de agosto
Marisa Monte
Jota Quest
Mari Fernandes
Sábado – 26 de agosto
Djavan
Glória Groove
Léo Santana
Domingo – 27 de agosto
Thiaguinho
Lincoln
Natan
Pedro Sampaio
*a ordem dos shows ainda não foi divulgada oficialmente
Ingressos:
– Vitória da Conquista: Boulevard Shopping (loja Raphaella Booz), Central de Ingressos (Shopping Conquista Sul e Galeria Panvicon), Banca Central (Praça Barão do Rio Branco), Loja Taco (Av. Olívia Flores, 686);
– Salvador: shoppings Center Lapa, Salvador, Paralela e da Bahia.
Online: Sympla
Organização
O FiB é organizado pelo Bahia Eventos, empresa de entretenimento da Rede Bahia, em parceria com a TV Sudoeste.
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Publicado originalmente em 27/05/2023, em Agência Sertão.
RELEASE
O cantor, guitarrista e compositor Weldon França foi o terceiro participante do subprojeto Toca Autoral!, do Memória Musical do Sudoeste da Bahia. Na versão simples do EP, seis faixas autorais inéditas do artista, ativo no cenário musical conquistense desde a década de 1980.
Aguarde mais alguns dias para acessar à página completa do artista no subprojeto Toca Autoral!
SETLIST:
1) Planalto da Conquista
2) Deserto Tropical
3) O Verso
4) Um Xote do Bom
5) Uma Canção de Amor
6) Abrigo
ESCUTE AGORA:
FICHA TÉCNICA
Memória Musical do Sudoeste da Bahia e Museu do Rock Conquistense apresentam: Toca Autoral!
Produção: Plácido Oliveira Mendes [http://linktr.ee/placidomendes]
Agradecimentos: Leonardo Gois e Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima
Gravado em 7 de novembro de 2022, na sala principal do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima. Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Todas as músicas por Weldon França, exceto Deserto Tropical, por Weldon França e Paulo Sérgio Oliveira.
Publicação: 26 de maio de 2023
🟠 Disponível nas principais plataformas de streaming. [próximos dias]
A cantora e compositora Larissa Caldeira anuncia seu novo trabalho no programa Tarde Uesb, com Caique Santos, na UESB FM. 25/05/2023.
Escute em nosso player:
Escute no YouTube
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Imagem: DSL |
Por Plácido Oliveira Mendes.
Vitória da Conquista, no último dia 19 [sexta feira], experimentou um grande momento musical, geralmente mais comum em capitais do país, sinalizando a possibilidade de uma grande ampliação de horizontes para o entretenimento e cultura na região (a viabilidade de shows internacionais de grandes dimensões), com o show da banda ítalo-britânica Dire Straits Legacy, certamente a maior banda cover da lendária Dire Straits em atividade, por contar com vários músicos que já prestaram seus valiosos serviços ao guitar hero Mark Knopfler e ao baixista John Illsley. A produção é da 29 Mix e Tôa Tôa.
A BANDA
Formada em 2013, Dire Straits Legacy (ex-DS Legends) surgiu da união de músicos italianos, com destaque para o guitarrista/vocalista Marco Caviglia (que especializou-se em "emular" o estilo de guitarra e voz de Mark Knopfler, conforme sua minibiografia no site da banda), e britânicos que tocaram, em diferentes momentos, com a banda Dire Straits, extinta desde 1995, quando Knopfler decidiu seguir em carreira solo, cansado das longas viagens, superexposição e gigantescos shows em estádios.
Destes, estiveram em Conquista: o tecladista Alan Clark, que juntou-se ao DS em janeiro de 1980, pouco antes das gravações do terceiro álbum da banda, Making Movies, permanecendo até o final. Por ter colaborado ativamente com a banda, inclusive coproduzindo o álbum On Every Street (1991), foi incluído, como membro, ao Rock n' Roll Hall of Fame, em 2018, juntamente ao multi-instrumentista Guy Fletcher, que também acompanhou Mark Knopfler em sua carreira solo; o guitarrista Phil Palmer, participante das gravações do álbum On Every Street e da turnê que deu origem ao álbum ao vivo On The Night (1993); o saxofonista Mel Collins, do álbum Love Over Gold (1982), o EP Twisting By The Pool (1983) e que saiu em turnê com a banda, aparecendo, ainda, no álbum ao vivo duplo Alchemy (1983); o percussionista Danny Cummins, participante durante o mesmo período em que Palmer. Por último, o guitarrista Jack Sonni, do icônico álbum Brothers in Arms (1985) e que saiu na respectiva turnê com a banda.
Dentre os italianos, além do já citado Marco Caviglia, fã incondicional do Dire Straits, que já participou de outros projetos-tributo, como a banda Solid Rock (1988-2008), tivemos o tecladista Primiano Dibiase, o baterista Cristiano Micalizzi e, no baixo, substituindo Trevor Horn, Max Gazzè.
Consideramos, portanto, Dire Straits Legacy como uma banda cover "de luxo" do Dire Straits (possivelmente o melhor cover do DS da atualidade), pela presença dos músicos que participaram da trajetória da banda original, como "banda de apoio", também conhecidos por "músicos de sessão" ou, ainda, "músicos contratados". Dire Straits era uma banda fortemente centrada na figura de Mark Knopfler, autor de todas as músicas da discografia, geralmente sozinho, e que exercia uma clara liderança e influência intelectual, como se nota facilmente na sonoridade da carreira solo de seu irmão, David Knopfler, primeiro a deixar a banda, em 1980, e do baixista John Illsley, que ficou até o final.
É comum, na indústria musical, o uso de músicos contratados para a gravação em estúdio ou para a atuação em shows ao vivo. Muitos músicos efetivos de bandas icônicas, como o baixista e o guitarrista do Led Zeppelin, John Paul Jones e Jimmy Page, atuaram como session/studio musicians. O próprio guitarrista do DSL, Phil Palmer, se autodefine um session man, em sua autobiografia homônima. Portanto, o que temos no Legacy é uma banda formada essencialmente por session musicians, incluindo os italianos, que nunca trabalharam com o Dire Straits, com exceção de Marco, há décadas trabalhando como cover do Dire Straits.
Porém, não se deve confundir um músico contratado com um membro efetivo. Fazendo uma analogia simples com uma empresa (e, obviamente, toda banda média ou grande o é), um membro efetivo é um sócio da empresa, com poder de decisão e autoridade. Já um músico contratado é um funcionário ou prestador de serviço, que acata as orientações dos sócios e executa sua função de acordo com esses parâmetros. Claro, é possível que um funcionário se destaque criativa e produtivamente o suficiente para gerar transformações mas, ainda assim, isso só é possível com a concordância e permissão dos sócios. Não há autonomia, a não ser que isso lhe seja concedido. Nesse sentido, temos o exemplo do tecladista Alan Clark: tamanho foi seu destaque que foi homenageado juntamente ao Dire Straits, entrando ao Rock n' Roll Hall of Fame, em 2018, ao lado do também destacado Guy Fletcher e os membros originais Mark Knopfler, David Knopfler, John Illsley e Pick Withers.
Assim, ao contrário do que se divulgou na cidade (como veremos adiante), o Dire Straits Legacy não possui ex-membros do Dire Straits, e sim músicos que trabalharam para o Dire Straits, sendo que, forçando um pouco a barra, seria possível considerar apenas Alan Clark como um membro, com ressalvas. A música profissional funciona, basicamente como qualquer outra área: há chefes, chefiados, empregados, freelancers. Em Vitória da Conquista temos diversos exemplos clássicos de session/studio musicians, como o baixista Luciano PP e o percussionista Bazé, sempre vistos em palcos de todos os tamanhos e em fichas técnicas de gravações em gêneros musicais diversos. Muitos músicos se especializam nesse tipo de atuação. Mais um exemplo local? O guitarrista Léo Brasileiro, que trabalha há anos com Ivete Sangalo. Resumindo: membro = sócio; session musician = prestador de serviço/empregado. Mais um exemplo, desta vez em nível nacional: a banda Paralamas do Sucesso é um trio formado por Herbert Vianna, João Barone e Bi Ribeiro, mas tem, como tecladista contratado, o maestro João Fera, desde 1987, o saxofonista Monteiro Jr., desde 1989, e o trombonista Bidu Cordeiro, desde 1997. Mesmo participando ativamente até mesmo do processo criativo, só possuem poder de decisão ou autonomia no grupo se os membros efetivos assim o permitirem.
Na última década tem crescido o número de bandas "cover de luxo", com músicos que passaram pelas bandas originais ou bandas-tributo com ex-membros originais. O próprio Dire Straits Legacy começou como uma iniciativa dessa natureza, quando se chamava Dire Straits Legends, e contou com a participação não só de outros ex-músicos de apoio, mas do baixista John Illsley, baixista, e do baterista Pick Withers, membros fundadores do DS. Outros bons exemplos estão no Creedence Clearwater Revisited, formada por Stu Cock (baixo) e Doug Clifford (baterista), ex-membros do Creedence Clearwater Revival e power trio Call The Police, formado por João Barone (bateria, Paralamas do Sucesso), Rodrigo Santos (baixo e voz, Barão Vermelho) e Andy Summers, guitarrista original do The Police. Tal quadro nos sugere uma lucrativa tentativa de certos músicos (competentes, inevitável reconhecer) e empresários do ramo em atender ao também crescente mercado da nostalgia/vintage que é real e merece ser analisado com o devido critério. Natural também é a tendência em se gerar confusões e equívocos envolvendo nomes conhecidos e suas versões "genéricas" em uma época também marcada pela desinformação. Afinal, quem não gostaria de ter, no "currículo", um show do Dire Straits? Melhor: um show do Dire Straits aqui em Conquista?
O SHOW
Segundo as informações no site de venda dos ingressos, Shopingressos.com, a previsão de abertura dos portões era para as 21h. Já a previsão para início do show, às 22h. Faltando alguns dias para o evento, a produção criou uma conta no Instagram [@direstraitsvca] para divulgar detalhes e reforçar informações. Neste espaço, a abertura dos portões aparece como às 20:30h, o início do show de abertura, com Fernando Bernardino, às 21h, e o show principal às 22:30h. O guitarrista viçosense foi pontual, apresentando seu já conhecido repertório de clássicos do pop-rock em inglês apenas usando seu violão e pedal de voz, para preencher o som com alguns backing vocals. Hotel California, While My Guitar Gently Weeps, Take on Me e Stand By Me foram algumas das canções executadas ao público que, aos poucos, preenchia o vasto (e gélido) espaço da Arena Miraflores.
Felizmente, ao contrário do show do Roupa Nova, na semana anterior, onde o espaço das mesas ocupou toda a extensão do palco, forçando o público da "pista" a se recolher às piores sobras de espaço disponíveis, em um claro desrespeito ao consumidor pagante, aqui o camarote ocupa apenas a metade esquerda (de quem assiste) do palco, permitindo o acesso do público geral ao "gargarejo". Aos mais curiosos, também foi possível acompanhar o trabalho dos técnicos de som e luz, aproximando-se da tenda localizada a dezenas de metros à frente do palco. Uma frase bastante escutada nesse momento foi: "não imaginava que daria tanta gente". Sim, a Arena Miraflores lotou, passando a mensagem: "queremos mais shows como este em Conquista".
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Imagem: DSL |
Aproximadamente às 23h teve início o show principal. A guitarra de Marco uniu-se ao piano de Alan, anunciando a mundialmente famosa Expresso Love, do álbum Making Movies (1980), tocada com uma impressionante fidelidade de timbres e notas. Muitos (incluindo este que vos escreve) tiveram, ali, sua primeira experiência em escutar o repertório a seguir em um grande equipamento de som, ao invés de apenas se limitando ao fone ou ao equipamento caseiro:
Setlist:
1) Expresso Love (Making Movies, 1980)
2) Skateway (Making Movies, 1980)
3) Ride Across the River (Brothers in Arms, 1985)
4) Tunnel of Love (Making Movies, 1980)
5) Romeo and Juliet (Making Movies, 1980)
6) Telegraph Road (Love Over Gold, 1982)
7) Private Investigations (Love Over Gold, 1982)
8) Your Latest Trick (Brothers in Arms, 1985)
9) Walk of life (Brothers in Arms, 1985)
10) The Bug (On Every Street, 1991)
11) Setting Me Up (Dire Straits, 1978)
12) Sultans of Swing (Dire Straits, 1978)
13) Two Your Lovers (ExtendeDancEPlay, 1983)
14) Money For Nothing (Brothers in Arms, 1985)
"Bis":
15) Solid Rock (Making Movies, 1980)
16) So Far Away (Brothers in Arms, 1985)
Nos chamou a atenção a maior concentração em canções do Making Movies, talvez por ser o álbum da época em que a figura claramente central da banda, Alan Clark, ingressou ao Dire Straits. O repertório buscou abordar épocas de destaque de cada um dos músicos britânicos, como o saxofonista Mel Collins e o percussionista Danny Cummins que, nos álbuns ao vivo Alchemy (1983) e On The Night (1993) tiveram eternizados momentos de maior brilho, respectivamente em Two Young Lovers e Your Latest Trick. Collins, aliás, do alto de seus 75 anos, já não traz o mesmo fôlego de outrora, mas impressiona pelo simples fato de ainda sair em uma turnê mundial e com tamanho destaque durante todo o show, assumindo, inclusive, canções gravadas originalmente por outros instrumentistas e atuando em outras onde não havia a presença do saxofone, como Walk of Life. O respeito ao aparentemente frágil músico mostra-se evidente pelos colegas.
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Alan Clark, em primeiro plano. Imagem: DLS |
A experiência em escutar timbres tão conhecidos em equipamentos e mixagem moderna revela o quão genial atemporal é a obra de Mark Knopfler. A timbragem de bateria remeteu, aos mais atentos, à conseguida por Pick Withers em Making Movies, limpa e pesada na medida certa. Canções menos conhecidas, como Skateway e The Bug foram um acalento aos fãs mais aprofundados, sugerindo uma escolha dos músicos, em homenagem aos seus respectivos períodos de atuação. Ora, em um contexto onde a nostalgia é a mola-mestra, nada mais natural que cada integrante lute por suas músicas favoritas dentro da fase em que participou da banda original . O público mais "lado A" estranha um pouco mas, ainda assim, testemunha um grande concerto musical, com a oportunidade de conhecer melhor a obra. Música também é descoberta, mesmo de obras antigas.
Os vocais se concentraram em Marco, mas também passaram por Jack e Danny, sem dúvida dono da melhor voz da banda. Alan Clark também participa com sua criação, o icônico "I want my MTV" repleto de efeitos em Money For Nothing, gravado originalmente por Sting, que estava nas redondezas do estúdio quando a banda (original) produzia aquele que seria seu mais aclamado trabalho. Algumas vezes era até possível se esquecer que não era Mark o vocalista, mas seu genérico, Marco que, apesar de demonstrar grande habilidade à guitarra e ao estilo do mestre, deixa evidente, aos que já conheceram trabalhos ao vivo do Dire Straits e de Mark Knopfler, o enorme abismo que os separa: a primeira diferença pode ser atribuída aos técnicos de som, que não forneceram o devido volume à sua guitarra, mas é possível sentir uma certa pitada de insegurança do italiano ao "se atrever" emular o escocês, que esbanja confiança e espontaneidade em suas apresentações ao vivo, compensando sua falta de extensão vocal (muito bem resolvida graças a Bob Dylan, que também "ajudou" nomes como Jimi Hendrix a ousar cantar em uma época onde Elvis, Orbison e Sinatra eram as referências). É como se suas notas dissessem: "sou um dos maiores imitadores do Mark, mas deste ponto aqui não me atrevo a passar", o que pode ser visto como uma manifestação de respeito, afinal, falamos de um guitarrista que ascendeu no pior momento possível (o auge do punk e final da era de nomes como o Led Zeppelin) e conquistou seu espaço entre os maiores ícones da guitarra mundial, sendo imitado e estudado até hoje. Não é qualquer um que pode se gabar de dividir palcos com um Eric Clapton e colocá-lo em segundo plano, fazendo guitarra-base.
Finalizando, Marco, que "arranha" quase satisfatoriamente um português, explica o título "For You" da turnê: "Hoje estamos muito felizes em tocar aqui esta noite para vocês, e queremos dedicar esta turnê ao nosso amigo querido Ricky. Sentimos muito a sua falta e amamos você". A única referência a um Ricky que encontramos foi a um produtor de turnês anteriores, então, podemos apenas deduzir sobre a homenagem. Já o ex-baixista da banda, John Giblin, falecido cinco dias antes do show, não foi citado. Antes de tocar So Far Away e finalizar o evento, continuou: "queremos dedicar este show à Rita Lee, The Brazilian Queen of Rock N' Roll", sendo ovacionado.
A (CONTROVERSA) DIVULGAÇÃO
Já abordamos a questão das bandas-tributo e o mercado da nostalgia, cada vez mais sedento e alimentado por pessoas com certo nível de poder aquisitivo, mais informações e plataformas de acesso a conteúdo antigo, que não era nada fácil pouco tempo atrás. Conseguir, por exemplo, a discografia completa do Dire Straits através das lojas de disco locais era um trabalho árduo. Hoje, com o streaming, cujos maiores representantes são o Spotify e YouTube, não só é possível escutar toda a discografia oficial instantaneamente, mas singles, EPs e bootlegs de qualquer artista. Assim, alimenta-se a nostalgia e a vontade de "ter acompanhado aqueles tão amados artistas quando na ativa". Certamente, não está nos planos de algum produtor conquistense trazer, à cidade, Mark Knopfler que, provavelmente, nunca cogitou se apresentar por aqui. Então, resta a alternativa mais próxima a isso: o Dire Straits Legacy.
Os primeiros rumores públicos sobre o show apareceram em março, no Instagram, através de perfis diversos, trazendo frases como "a lendária banda britânica Dire Straits, A BANDA, NÃO COVER, A BANDAAAAAA!! Estará em maio aqui em Vitória da Conquista", o que, em si, já nos causou estranhamento: se o velho Mark decidisse retomar sua lendária banda, certamente haveria um enorme burburinho em toda a mídia mundial e os shows não caberiam em cidades menores. Observamos os perfis que publicaram essas informações, geralmente relativamente confiáveis em nível local. "Algo de errado não está certo", já diz o meme. Logo depois, surgiram divulgações oficiais, trazendo o nome e o logotipo oficial "Dire Straits Legacy", eliminando tais dúvidas mas, ainda, nas descrições, a menção à banda original, e não ao verdadeiro produto que era "vendido".
Assim se sucederam outdoors e chamadas para a TV, sobre a "South America Tour". Os mais atentos perceberam se tratar do Legacy, mas todo o material de propaganda parecia tentar induzir as pessoas ao erro. Nem sempre o nome "Legacy" aparecia de imediato. E surgia, ainda, a "informação" de se tratar de uma banda formada pelos "membros originais" do Dire Straits. Nos comentários, pérolas como "Mark Knopfler saiu da banda e o restante continuou", o que, já explicamos, não possui qualquer fundamento: o dono da marca não "sai da banda": ele acaba com a banda e continua dono da marca. Os antigos funcionários podem se limitar a fazer o que fazem: uma banda-tributo, com um nome diferente: "Legacy" (legado). Esta parte de divulgação da turnê brasileira ficou por conta de um perfil chamado Dire Straits Brasil [@direstraitsbrasil], o que, em si, já nos dá sinais de má-fé, por não incluir o fundamental "Legacy".
Já se aproximando da data do show, surge um novo perfil: Dire Straits VCA [@direstraitsvca]. Em sua primeira postagem, de 3 de abril, uma nova identidade visual, onde se lê "Dire Straits" e, em fonte pouco legível e minúscula, um tímido "Legacy". Na legenda, a mensagem: "
Preparados para uma noite épica ao som de Dire Straits? 🎸🎶 Pela primeira e única vez em Vitória da Conquista, a banda promete um show inesquecível no dia 19 de maio. Não perca essa oportunidade única de relembrar momentos e curtir um dos maiores sucessos do rock'n'roll ao vivo! 🤘
Neste perfil também se vê a primeira menção à meia entrada, em 17 de maio, ou seja: a apenas dois dias do evento. Uma seguidora chama a atenção para o fato. As peças de divulgação continuam à nova estilística, com o "Legacy" claramente buscando passar despercebido, o que não se verifica com o logotipo original. No próprio palco, inclusive, percebe-se, no telão ao fundo que, por vezes toma formas semelhantes a cartas, cada palavra ("Dire", "Straits", "Legacy") ocupa uma "carta", com igual destaque, eliminando equívocos. Aparentemente, a identidade visual oficial da banda não busca confundir, mas não nos é possível perceber reações ou correções dos membros a tantas tentativas de indução do público ao erro. Sim: não são exclusividade conquistense: percebemos iniciativas semelhantes não apenas em outras cidades da turnê, mas em turnês brasileiras anteriores.
Nesse sentido, destacamos a sensacionalista frase "pela primeira e única vez em Vitória da Conquista", presente na chamada para TV e replicada neste novo perfil do Instagram, aparentando ser o oficial do evento em nível local e, inclusive, respondendo a dúvidas dos seguidores. Apenas junte as peças: sensação induzida de escassez (primeira e única vez na cidade), desinformação (os produtores não demonstraram, em nenhum momento, intenção em corrigir postagens extraoficiais onde um show do Dire Straits oficial aconteceria e ainda mantiveram, ao menos nas descrições das postagens oficiais, informações erradas, que contribuíram para o equívoco), divulgação oficial que induz ao erro (vide vídeo promocional para a TV, onde a palavra "Legacy" aparece apenas na metade final da chamada, quando o impacto inicial do nome "Dire Straits" já capturou a atenção do público). Confira, ao final do texto, as imagens do material de divulgação, capturado ao longo da campanha até a realização do show.
Este não foi o primeiro show internacional a acontecer na cidade. O underground tem vasto histórico de músicos e bandas estrangeiras se apresentando por aqui. Basta ficar atento(a) ao que acontece, sem se apegar ao óbvio. Conquista foi presenteada com um incomum e belíssimo espetáculo, não há como negar. Mas, em pleno 2023, é inconcebível, sobretudo em uma cidade universitária e de grande potencial cosmopolita como Conquista, permitir que campanhas publicitárias em tal nível de desinformação sejam aplaudidas. O Código de Defesa do Consumidor brasileiro (Lei 8.078/1990) entrou em vigência quando o Dire Straits ainda lotava estádios e vem sendo aperfeiçoado constantemente desde então. Devemos lutar contra o estereótipo do Brasil do "jeitinho", da "malandragem" que inspirou respostas estrangeiras como o bizarro filme Turistas (2006), nos colocando em um lugar de barbárie em relação ao restante do mundo. O silêncio generalizado sobre este episódio em nossa cidade é entristecedor, para ficar em uma só palavra.
Para você, que pagou conscientemente por um grande espetáculo musical e voltou satisfeito para casa, ficam as boas memórias. Já para você, que pagou por um show d"a lendária banda Dire Straits" e recebeu um "Dire Straits Legacy", saiba que é sempre possível buscar seus direitos, através do Consumidor.gov.br ou presencialmente, pelo PROCON local. A euforia nostálgica é forte, os músicos são realmente incríveis e a experiência única, mas não: não foi desta vez em que você foi a um show do Dire Straits. Algumas coisas simplesmente residem no passado e apenas podemos nos limitar ao recordar ou ao "emular".
Criamos, para você que deseja reviver as músicas do repertório, preparamos uma playlist com as versões mais próximas às executadas pela banda, além de uma música autoral (sim, há músicas próprias!) da Legacy. Confira abaixo:
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* Em referência às resenhas publicadas nos encartes das versões em CD da discografia de estúdio do Dire Straits, escritas por figuras importantes na trajetória da banda, analisando o impacto de cada disco desde seu lançamento em LP até o então novo lançamento, em CD, na década de 1990. Ex.: "Dire Straits: An Appreciation", pelo radialista e escritor britânico Charlie Gillett, a quem Mark Knopfler dedica o primeiro álbum do DS.
REGISTROS
Confira nosso arquivo de registros completo AQUI.
REFERÊNCIAS
Postagem em destaque
Toca Autoral! - Weldon França
Um dos principais objetivos do projeto de pesquisa independente Memória Musical do Sudoeste da Bahia [ @memoriasudoeste ], para além do si...
