O presente documento, tecido e subscrito pelo coletivo Escritores Conquistenses, tem como objetivo compartilhar com as demais escritoras e escritores de Conquista e região, com os demais artistas de outras linguagens, fazedores de cultura, sociedade civil e poder público, nossas considerações sobre a 5a Conferência Municipal de Cultura 2023, realizada nos dias 11 e 12 de setembro, no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, em Vitória da Conquista – BA. Não obstante a tudo o que foi dito sobre a importância da Conferência para a cultura do município, aqui nos interessa expressar o que, de fato, percebemos no decorrer do evento, isto é, nossas impressões. Sem nos esquivarmos, obviamente, de ressaltar mais uma vez nosso endosso às vozes que se levantaram antes, durante e depois da CMC-2023. Motivados pela busca de profundas transformações, no auge de nossas expectativas, ansiávamos por acesso às informações do que vinha sendo desenvolvido na cultura conquistense, para que pudéssemos deliberar sobre como melhorá-la e fortalecê-la, mas o que imperou durante todo o processo foi a falta de presteza e o acúmulo de erros. Não raro ouvimos queixas sobre a falta de compromisso e desrespeito para com todos os que se encontravam ali presentes. Sobretudo, com aqueles que não puderam participar da Conferência, em consequência de outras obrigações na data estabelecida. Alheios às queixas levantadas sobre essa questão, o que transpareceu foi a realização de um evento inseguro juridicamente e sem metodologia, cujas escolhas na condução da programação resultaram no esvaziamento daquilo que se esperava ser um marco histórico, um divisor de águas para a cultura do município. Outra queixa igualmente recorrente e de suma importância foi a ausência dos membros do Legislativo e em especial da prefeita, que, assim como é notório vê-la comparecer nos demais eventos organizados pela PMVC, poderia ter reservado algum espaço em sua agenda para prestigiar a Arte e a Cultura do município. Apesar de nos engajarmos, entendemos que a organização do evento não facilitou nossa plena participação, impossibilitando o aprofundamento necessário de certos aspectos relacionados à criação, produção e difusão do livro no município, e demais questões relacionadas à literatura, devido ao modelo de conferência adotado e à má distribuição do tempo. Não faltaram esforços dos artistas de inúmeras linguagens, dos trabalhadores da cultura e da sociedade civil em discutir, numa corrida contra o tempo, os temas relacionados à cultura e ao desenvolvimento da Arte em nossa região. É certo que, apesar dessas questões e tantas outras aqui não listadas, reconhecemos que a população obteve algumas conquistas e o saldo mais positivo que conseguimos vislumbrar, até o momento, foi a tão esperada eleição dos novos membros do Conselho de Cultura (graças à articulação das associações, dos coletivos e demais conferencistas que, assim como o eixo Literatura, Livro, Leitura e Biblioteca, fizeram o possível para debater e obter respostas sobre as demandas levantadas, tais como a consolidação das leis, a revitalização dos espaços culturais e o Plano Municipal de Cultura)i. Esperávamos que a classe artística fosse ouvida e em conjunto com o poder público construíssem uma agenda para a cultura, que, entre outras questões de sua própria natureza, é fonte econômica para seus fazedores e, consequentemente, para o município. De nossa parte, apesar de realizarmos campanhas de mobilização que colocaram o coletivo Escritores Conquistenses na pauta da cidade e de conseguirmos transitar entre os vários segmentos, como os demais escritores, clubes literários, perfis literários e as bibliotecas comunitárias; sabemos que há muito a ser feito e que todo nosso empenho até aqui é apenas o início de uma longa jornada. Antes mesmo da Conferência, nossas ações individuais e coletivas visavam conquistar mais espaços, mostrar as riquezas e as potencialidades da nossa literatura, em prol de uma sociedade leitora; bem como desenvolver atividades que fomentem a diversidade cultural de todo o Sertão da Ressaca. Por isso, diante do presente exposto e cientes de que o Conselho de Cultura representa uma importante voz perante ao poder público, esperamos que a nova gestão do Conselho seja mais independente e possua uma sala própria para realizar suas atividades. Esperamos ainda que o Conselho tenha domínio teórico e ação efetiva; que tenha visibilidade dos setores, que seja uma gestão atuante, organizada e unida, visto que a efetividade do trabalho da nova composição do Conselho dependerá, essencialmente, do seu nível de combatividade e compromisso com a representatividade dos coletivos, associações, grupos e artistas individuais. Que o Conselho faça a diferença e lute, verdadeiramente, por todos os segmentos culturais, sem favorecer apenas um ou outro. Que seja mais aberto ao diálogo, que as reuniões sejam públicas e em local de fácil acesso (como o Espaço da Câmara de Vereadores e algumas reuniões sejam realizadas até de modo itinerante, nos bairros periféricos, convocando a comunidade local a participar). Em resumo, esperamos que o Conselho de Cultura tenha maior transparência e publicidade das reuniões e deliberações; que estabeleça diálogos constantes com os agentes e seja empenhado em mudar o panorama da cultura no município.
Vitória da Conquista, 25 de setembro de 2023
Coletivo Escritores Conquistenses
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Nota do Editor: o texto acima, disponibilizado espontaneamente pelos autores, foi publicado neste site para fins de preservação histórica das movimentações artísticas, especificamente musicais, existentes em nossa região (Fase 2 do Projeto), não representando, em qualquer nível, a opinião/posicionamento do Memória Musical do Sudoeste da Bahia. O espaço, reiteramos, é disponibilizado a todos, desde que guardando relação com o nosso objeto de pesquisa - a musicalidade da região sudoeste da Bahia.
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