A maior entre as 15 edições do Festival negligenciou algumas coisas importantes
Segundo o corpo de bombeiros, cerca de 80 mil pessoas passaram pelo Festival de Inverno Bahia no último final de semana em Vitória da Conquista. A 15ª edição do maior evento cultural comercial do interior baiano foi bem sucedida e provou que o caminho para sua expansão é mesmo a aposta na line up genérica com os maiores nomes da indústria no momento.
O sucesso do plot twist do cancelamento do show de Iza e a substituição emergencial por Trio da Huanna, que estava escalada para a Arena Coca-Cola (antigo Barracão do Forró) mostrou claramente que o público estava genuinamente feliz com o que foi oferecido. Este foi um dos poucos momentos que o grande público pôde presenciar uma real novidade no palco principal do festival.
Três bandas autorais locais que possuem lançamentos bem produzidos tocaram nesta edição: Nêspera, Dona Iracema e Dost. Arriscamos dizer que menos de 100 pessoas ouviram algum trecho destes shows, pois o horário escolhido coincidia com a abertura dos portões: 19h.
O descaso com as bandas autorais locais não é novidade, já pontuamos a questão em outras oportunidades. No entanto, nos surpreende a insistência em algo que não traz retorno algum para nenhuma das partes.
Podemos até levantar que a mídia gerada pela TV Sudoeste cause impacto, mas nos parece irrelevante ao percebermos que esta não gera engajamento algum para que as apresentações tenham espectadores reais.
Ninguém vê as bandas autorais, qual a razão de mantê-las? Mais vantajoso focar nas bandas baile e artistas cover, mantendo-os em horário de pico no palco alternativo, que este ano ganhou assinatura de Arena TNT.
Segundo esta lógica do “melhor não ter do que ninguém ver” citamos uma homenagem, da qual o grande público também não teve notícia.
A Sala de Imprensa, localizada em um ambiente interno (protegido por seguranças e ao qual apenas parte dos jornalistas credenciados tem acesso) ostentou uma colagem com fotos e com os dizeres: “Sala de Imprensa Glauber Rocha”, seguindo a tradição das condecorações fora de contexto ao cineasta em sua cidade natal.
Não encontramos outra referência a Glauber sendo feita em nenhum dos espaços do evento, ainda que tenha sido distribuído release no último dia com o título “Festival de Inverno homenageia Glauber Rocha” e também sem menções a outras ações que reforçassem a homenagem.
Talvez estes exemplos sejam tentativas de driblar a parte mais exigente do público e dos formadores de opinião, como nós. Infelizmente, a falta de cuidado tem sido tão grande que os mimos soam como migalhas. Melhor não ter.
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