(Prof. Dirlêi A Bonfim)*
A Educação, a Arte e a Cultura são pilares fundamentais para qualquer sociedade, não podem ser negligenciadas, cooptadas, vilipendiadas e ignoradas, pelo poder público seja ele municipal, estadual ou federal, pois desempenham um papel de grande importância na construção, do conhecimento, expressão, saberes, consciência crítica, reflexão e conexão entre as pessoas, instituições e organismos. Segundo o Professor Paulo Freire (2001), “A cultura é todo o resultado da atividade humana, do esforço criador e recriador do homem, de seu trabalho por transformar e estabelecer relações de diálogo com os outros homens". Ainda vai dizer FREIRE(2010), "Não é a educação que forma a sociedade de uma determinada maneira, senão que esta, tendo-se formado a si mesma de uma certa forma, estabelece a educação que está de acordo com os valores que guiam essa sociedade". Vai afirmar que : "A diversidade cultural é entendida por Freire como um conceito abstrato, porém complexo, pois reflete suas próprias experiências de desenvolvimento nas diversas sociedades que frequentou". Elas podem ser instrumentos de transformação social, promovendo debates, reflexões e questionamentos. Arte e cultura envolvem nossa humanidade, ajudam a criar o caráter e o clima da cidade em que vivemos; são fontes de empatia e conexão. Poesia, música, imagens e histórias falam de nossos valores mais profundos, fortalecem a identidade da comunidade e apoiam o pensamento crítico e a solução de problemas. Segundo o Professor Darcy Ribeiro (1999), vai afirmar “ Fala-se muito de cultura, mas nem todos sabem exatamente do que estão falando. Uma definição exata e definitiva seria muito difícil de obter, pois depende de alguns fatores, como: a visão sociológica, antropológica, filosófica, além do sentido que se quer dá à cultura. É importante conhecer as definições de cultura, pois é através de nossa cultura que conhecemos nosso passado. Conhecer e entender esse passado dará a significação e a afirmação de nossa identidade cultural. A partir do entendimento de cultura teremos um caminho para conhecer e assimilar nossa história cultural”. Ainda vai dizer sobre a figura do Artista/Artífice: “ aquele(a) indivíduo que se dedica às artes ou faz delas meio de vida: ator, bailarino, cantor, compositor, desenhista, escritor, escultor, fotógrafo, gravurista, músico, pintor, etc. Aquele que revela, talento, sagacidade de sensibilidade artística ou gosto pelas artes.” A cultura e as artes têm papel um fundamental na consolidação democrática do país e no enfrentamento de questões urgentes. As relações sociais precisam ser qualificadas por meio do fomento a valores civilizatórios e democráticos e o potencial emancipatório da cultura é elemento a ser estimulado, trabalhado, incentivado e motivado, por toda a sociedade, mas, especialmente pelo poder público constituído, se isso, não acontece, no mínimo, está(estará) havendo desídia das funções, incompetência e inapetência dos poderes públicos e secretarias, no verdadeiro exercício das suas funções constitucionais. A cultura está relacionada diretamente à geração do conhecimento e ao exercício do pensamento, que são valores essenciais para o desenvolvimento da sociedade. Assim, a cultura é importante na formação pessoal, moral e intelectual do indivíduo e no desenvolvimento da sua capacidade de relacionar-se com o próximo. Segundo Sócrates, século V a.C., “ele teve várias ideias sobre a cultura, como a importância do diálogo e da busca pela verdade, a relação entre o conhecimento e a felicidade, e a importância de se conhecer a si mesmo: “acreditava que a verdade deveria ser descoberta por meio do diálogo e da investigação racional, em vez de simplesmente aceitar as crenças tradicionais ou populares. Ele defendia a importância do questionamento e da reflexão, através do método de questionamento e reflexão, conhecido como maiêutica”. Somos seres relacionáveis, por isso a arte e a cultura se tornaram grandes ferramentas de comunicação para expor sentimentos, pensamentos, anseios e preocupações. Com a arte a cultura se constrói, elas estão completamente interligadas. Por meio da arte e da cultura, é possível expressar qualquer sentimento ou representar qualquer situação. Ela, portanto, reflete as mais profundas (e, às vezes, obscuras) emoções humanas. A obra de arte também pode ser um instrumento de denúncia dos problemas de uma sociedade. Consubstanciando DaMatta, (1999), “nossa atenção ao conceito de cultura é inversamente proporcional à paixão com que falamos sobre os seus produtos: arte, música, literatura, teatro, artes plásticas, cinema, folclore popular, etc.”. Assim, segundo o Professor Bauman (2014), “As instituições políticas perderam representatividade porque sofrem com um déficit perpétuo de poder”. Na cultura, a elite abandonou o projeto de incentivar e patrocinar as Artes. Hoje é moda, entre os líderes e formadores de opinião, aceitar todas as manifestações, mas, não apoiar nenhuma”.
Essa realidade, estamos vivenciando-a cotidianamente, ela é muito presente no nosso cotidiano, a falta de recursos para atender aos anseios e Projetos Artísticos e Culturais da nossa comunidade e como já foi dito os Artistas que procuram o poder público, em geral, são constrangidos, desrespeitados e vilipendiados, claro (...) que muitos não querem aparecer, ou denunciar, os assédios que sofrem, pois tem medo de retaliações. Assim, o que sobra para todos nós Artistas, é somar esforços, junto a outros Artistas, através dos Coletivos e buscar através de documentos e protocolos, que nossos anseios, nossos Projetos, reinvindicações, propostas e sugestões, nossa voz e expressão, sejam ouvidas encaminhadas protocoladas e atendidas pelo poder público, seja municipal, estadual ou federal. Historicamente, como sabemos as Secretarias de Cultura, seja do município, estado ou união, “são o patinho feio dos orçamentos”, ou seja, nunca tem recursos para a realização dos Projetos e os Artistas, sempre de “pires vazios nas mãos”. As desculpas são estapafúrdias e pouco convincentes, mais um motivo, para que toda a classe artística, possa se UNIR, em torno de Projetos, ideias, ideais e objetivos comuns, participamos de alguns Coletivos, e recorrentemente estamos participando de reuniões, discussões, propostas e sugestões, para levar aos poderes públicos, seja: municipal, estadual ou federal, no sentido mais puro e democrático da participação justa e legítima das nossas reinvindicações. O problema comum, é que, nem sempre somos ouvidos e muito menos atendidos nos nossos pleitos. Nós os Artistas, estamos o tempo inteiro, produzindo e buscando espaços e condições para apresentação dos nossos trabalhos nas diversas áreas de atuação... Segundo Picasso (1940), "Um artista é uma das duas coisas: ou ele é um alto sacerdote, ou então um saltimbanco mais ou menos esperto." "Um artista é um sonhador que consente em sonhar o mundo real." "Um artista é aquele que percebe mais que seus companheiros, e que registra mais do que vê." Ainda segundo Ferreira Gullar (1982), “ A Arte existe porque a vida não basta”. E vai ainda afirmar que: “A importância do artista na sociedade vai muito além do entretenimento. Seu papel é fundamental para o desenvolvimento intelectual, formação de opinião, inclusão social, educação e por fim, é a forma mais incrível de fazer com que as pessoas enxerguem o mundo com uma outra visão”. No caso do município de Vitória da Conquista/Bahia., terceiro maior município do Estado, não pode nem deve ficar relegado, a dois eventos culturais pontuais por ano, nos meses de junho e dezembro, eventos culturais, não são políticas públicas para a Cultura. AS ARTES E A CULTURA precisam e exigem serem tratadas com dignidade e respeito. Isto posto, evidencia-se que todo município necessita estabelecer POLÍTICAS PÚBLICAS CULTURAIS, ao invés de EVENTOS PONTUAIS. Pois CULTURA não se restringe a isso. E ter Projetos permanentes o ano inteiro, Projetos Artísticos e Culturais Itinerantes, estabelecendo uma conexão entre às Secretarias de Educação e Cultura, gerando emprego e renda, trabalho e apresentações para toda classe Artística. Há um princípio que diz: “sendo os governos diretamente responsáveis pela Educação do povo, devem gerar incentivo e promoção educacional, necessários para a consciência, compreensão e preservação das tradições culturais da sociedade onde sobrevivemos”. A questão é: os governos estão cumprindo esse papel...??? Seja nos poderes executivo, ou mesmo no legislativo...? Os Artistas, também, sempre pagaram um preço alto pelo seu posicionamento político. No decorrer da história, sempre ouve uma curiosidade, acerca das posições políticas e ideológicas dos Artistas. Muitos inclusive, foram perseguidos, importunados, numa caça ou pensamento livre e não comprometido com os diversos projetos políticos partidários. Muitos foram presos, torturados para denunciarem seus amigos, ou companheiros, ou ainda mudarem seu pensamento. Sem falar nos Assédios e Constrangimentos sofridos pela Classe Artística e Cultural ao longo dos tempos. Em sua obra de grande expressão Guernica (1937), Picasso, faz uma severa crítica ao Nazifascismo de Hitler e aos sistemas de governos extremistas e ditatoriais, por isso mesmo, sofreu perseguição, ameaças e limitações, sua Obra, em exposição no "Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia", em Madrid. Quando questionado sobre a Obra, apenas dissera: “que havia uma indignação sobre o processo de destruição dos soldados nazistas, na invasão dos territórios e total falta de respeito com a dignidade humana e, portanto inaceitável, criminoso e desumano”. O Picasso, passou muito tempo, tendo que se mudar de lugar, por conta das suas posições políticas. Vai afirmar Fernando Pessoa (1919), “A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação, o ser humano livre de todas as amarras”. Mas, segundo José Saramago(1987), “Nem a Arte, nem a Literatura, tem de nos dar lições de moral, a Arte, não se presta a isso. Somos nós que temos que nos salvar da hipocrisia, maledicência e isso só é possível com uma postura de cidadania e ética, ainda que isso possa soar antigo e anacrônico”. O próprio Saramago, sofreu toda a censura da sociedade conservadora do seu país. Ao lançar o seu Livro Clássico: O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991), em que foi convidado a se retirar da sociedade portuguesa. Assim, acontece em vários lugares do mundo, ainda em nossos dias, quando os Artistas se arvoram a enfrentar, se posicionar, se organizar, se movimentar, ou mesmo desafiar o pensamento unânime, impositivo e absolutista da sociedade vigente.
**contribuição do Professor DsC. Dirlêi A Bonfim, Doutor em Desenvolvimento Econômico e Ambiental, Professor/CIEB da SEC/BA**Sociologia**Cursos/Técnicos/CETEP - Professor/Formador/IAT/SEC/BA.12/2024**
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