Caique Santos, Jacqueline Silva (UESB FM) e a banda 4bits Rock, em frente ao módulo do SURTE |
Em 13 de julho de 1985 acontecia o gigantesco Live Aid, simultaneamente na Inglaterra e nos Estados Unidos. Phil Collins, único a se apresentar nos dois países, maravilhado, sugeriu que aquele fosse considerado o dia mundial do rock. Esta história é recontada inúmeras vezes anualmente, inclusive com o adendo de que apenas no Brasil a data foi levada a sério, curiosamente, o país onde o rock deixou de ser fenômeno de massa há décadas, perdendo espaço, ao menos na grande mídia, para gêneros musicais menos preocupados com a atitude transgressora e mais em seguir (e vender) fórmulas de fácil assimilação.
Playlist ( YouTube)
No sudoeste da Bahia, a partir de Vitória da Conquista, a data não tem passado desapercebida nos últimos anos. Em 2023, a iniciativa mais consistente veio através do Sistema Uesb de Rádio e Televisão Educativas (SURTE): nas ondas da UESB FM (97,5 FM Vitória da Conquista e 106,1 FM Jequié) teve início, à meia noite do dia 13, uma maratona de 24h de rock, incluindo entrevistas com bandas locais. Já na TV UESB (canal 4.1 Vitória da Conquista), que também retransmite programas da TVE e TV Brasil, a homenagem se deu através do telejornal UESB Notícias 1ª Edição, ao meio dia, e do programa especial Rock na Veia, às 19h.
No rádio, a seleção musical abrangeu diversos subgêneros, passando pelo rock clássico de Chuck Berry e Elvis, o psicodelismo do Pink Floyd, o peso do Led Zeppelin, Guns n' Roses, o BRock dos anos 1980, a Jovem Guarda e, em especial, o rock local. Cebola Quadros comandou o horário matutino, com vasta playlist de clássicos. Ao meio dia, no UESB Notícias, sob o comando de Fabrício Gama e Manuela Scipioni, a participação ao vivo da banda conquistense Simple Jeans, que aproveitou ainda para participar em uma chamada ao vivo na TV, que também apresentou a banda Ladrões de Vinil, direto do campus Vitória da Conquista.
À tarde, Jacqueline Silva, coapresentadora do lendário programa O Som da Tribo (onde utilizava o nome Jacqueline Jack), apresentou o Hora Brasilis em homenagem ao rei do rock brasileiro, Raul Seixas, seguida pelo Tarde UESB com Caique Santos. Neste momento, iniciado às 15h, chega-se ao ápice das comemorações no rádio, com as participações, ao vivo, da banda Outra Conduta, do guitarrista Fernando Bernardino (já divulgados como atrações da próxima edição do festival Conquista Moto Rock, realizado sempre em setembro) e da banda 4bits Rock.
Cada participante, à sua maneira, contou sua história e posicionamentos acerca do rock, incluindo a questão do momento: o conflito entre a música cover e a autoral, também fomentado aqui no Memória Musical do Sudoeste da Bahia. Outra Conduta e 4bits tocaram músicas autorais. Bernardino optou por manter-se ao território dos covers. O programa terminou às 19h, convocando os ouvintes para ligar a TV e acompanhar o especial Rock na Veia, apresentado por Jacqueline Silva.
No primeiro bloco, um espaço destinado ao nosso subprojeto Toca Autoral!, com a participação dos três artistas escalados para a primeira Temporada: Paul Bergeron, Náufrago Urbano e Weldon França, que falaram sobre suas trajetórias e tocaram suas canções, acompanhados por Plácido Oliveira [Distintivo Blue], idealizador do Projeto. Em seguida, videoclipes de bandas locais, entrevistas e uma homenagem ao grande fomentador da cena rock conquistense: o radialista Miguel Côrtes Filho (1967-2012). O rock seguiu firme na programação da UESB FM até o final da noite, cumprindo a promessa de 24h de rock.
O dia de homenagens pareceu demandar um grande esforço da equipe e gerou momentos valiosos para a cultura local em geral, como as execuções ao vivo dos músicos locais e o programa Rock na Veia em si, que teve sua primeira edição em 2021, com 2h de duração (o dobro da edição deste ano) e que mantém-se disponível no canal da TV UESB no YouTube. Assim, no dia seguinte, a rádio reprisou o Tarde Uesb e a TV reprisou o Rock na Veia, reforçando o valor e a necessidade de se gerar mais conteúdo original local através do sistema público, não raro um verdadeiro oásis para o artista independente mostrar o que é feito por aqui e para o ouvinte/espectador descobrir aspectos interessantes sobre sua própria região, o que nem sempre é considerado pelas emissoras comerciais. Afinal, é justamente este o papel das emissoras públicas: mostrar o Brasil ao Brasil, sem considerar, em primeiro lugar, a dimensão mercadológica. Incentivemos iniciativas semelhantes sempre.
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