Ocorrência policial foi registrada na cidade contra a empresária e esposa de Gal, Wilma Petrillo; situação não envolvia a Prefeitura.
Gal, no Natal da Cidade (Foto: Arthur Garcia) |
Acompanhada apenas por um músico, Luís Meira no violão, foi uma apresentação simples. No repertório, os grandes sucessos da carreira, como “Chega de Saudade”, “Garota de Ipanema”, “Divino, Maravilhoso” e “Vapor Barato”. Porém, muita gente percebeu que a cantora não estava no seu melhor dia. Desafinou, errou a letra de algumas canções e não conseguiu se soltar no palco, como era de se esperar da Gal tropicalista.
O que o público não ficou sabendo foi o que aconteceu nos bastidores no dia do show. Os detalhes foram revelados em reportagem da revista Piauí, sobre a viúva da cantora, a empresária Wilma Petrillo. O acontecido em Conquista é relatado no início da reportagem “A viúva de Gal Costa”, assinada por Thallys Braga. Entenda o que aconteceu:
Uma viatura policial foi até a pousada onde Gal e a equipe estavam hospedadas para intimar Wilma Petrillo a prestar depoimento na delegacia;
A acusação: ameaçar e perseguir o médico conquistense Bruno Padro, de 31 anos;
Gal e Wilma conheceram o médico em 2003, quando ele ainda estava na faculdade em Salvador;
O jovem virou amigo de Gal e de Wilma, chegando a acompanhar turnês internacionais e a frequentar o apartamento delas. Ele é uma das vítimas dos golpes aplicados por Wilma, como relata a reportagem sobre o ocorrido em 2010:
“ - Bruninho, a Gal fez uma cirurgia no olho, e eu descobri que também vou precisar operar o meu, só que estamos sem dinheiro. Eu preciso de qualquer valor que você puder me emprestar, mas agradecerei muito se for algo entre 10 e 15 mil reais. Ele quase caiu pra trás. Petrillo acrescentou: - Eu disse a Gal que estava indecisa quanto a te pedir, mas ela falou que você é tão nosso amigo… Prado conta que se sensibilizou e disse que faria o possível para ajudar na cirurgia. Petrillo sorriu e secou as lágrimas do rosto. No dia seguinte, Prado mandou entregar na casa de Gal um envelope amarelo com 15 mil reais”.
Quando o médico começou a cobrar da empresária o valor emprestado, deixou de ser convidado para os shows e para frequentar a casa de Gal, começou a ser enganado sobre o pagamento e a receber ameaças por mensagem;
Uma das ameaças envolvia questão pessoal e a família do médico, o que a empresária acabou colocando em prática:
“Um dia ela atendeu ao telefone, e o médico cobrou o dinheiro. A empresária respondeu que faria a devolução em trinta dias. Passou-se um ano, quase dois anos, e nada. Certa vez, ela disse a Prado: - Se você continuar me cobrando, eu vou fazer uma coisa muito bonitinha: conto para o teu pai que você é viado. - Quando ela falou isso, eu tremi, diz o médico. Ele então conta que decidiu escrever um e-mail para Gal revelando toda a história. A cantora ligou, com a voz triste, dizendo que não sabia de nada e garantiu que Petrillo lhe enviaria um cheque. Acrescentou que seria melhor ele se afastar por um tempo porque ela não queria ter problemas com Petrillo. O cheque prometido não chegou de imediato, mas Petrillo honrou a ameaça: enviou para o consultório do pai de Prado um envelope com uma foto dele beijando o namorado - era uma imagem que o próprio Prado havia compartilhado com Petrillo quando ainda se davam bem. Prado conta que, mais tarde, ela ligou para o seu pai e expôs a sua intimidade. O efeito foi o inverso do que Petrillo planejara: Prado, entrando num período de tristeza e pensamentos suicidas, foi acolhido pela família”.
Quando a Prefeitura anunciou o show em Conquista, o pai do médico tomou uma atitude: deixou um delegado e um advogado avisados. Se houvesse nova ameaça, seriam acionados. Foi o que aconteceu;
No dia do show em Conquista, Wilma enviou para Bruno por SMS: “Você vai tomar uma surra tão bonita que vai aprender a respeitar os outros”;
Depois dessa nova mensagem, a ocorrência foi registrada:
Na delegacia, a empresária gritava com os policiais;
Na praça onde aconteceu o show, Gal estava nervosa no camarim: “eu quero saber o que está acontecendo”. O produtor de Gal estava lhe poupando. Mesmo com tudo pronto, Gal não queria subir ao palco, com medo de ser presa na frente do público;
O registro foi auditado pela delegada Lusdenes Batista, às 21h20;
Wilma Petrillo foi liberada e levada de viatura até o local do show. Só depois da sua chegada, que Gal subiu ao palco.
Gal faleceu em 9 de novembro de 2022. Depois da morte da cantora, Wilma Petrillo pediu à Justiça o reconhecimento da união estável com a cantora, a guarda de seu único filho e o direito de tornar-se a inventariante do seu espólio.
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Publicado originalmente em 07/07/2023, em Conquista de Fato.
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