UESB FM – PRODUÇÃO GERAL / DEPARTAMENTO DE JORNALISMO
FICHA PARA PARTICIPAÇÃO DO CONVIDADO AO PROGRAMA HORA BRASILIS
NOME COMPLETO: Plácido Oliveira Mendes e Camilo Viana Oliveira
NOME ARTÍSTICO: I. Malforea e Camilo Oliveira(banda Distintivo Blue)
NATURALIDADE: Vitória da Conquista-BA
AS PERGUNTAS QUE SE SEGUEM ABAIXO TÊM POR OBJETIVO SUBSIDIAR A PRODUÇÃO DE UM RELEASE PARA A PRÉ-PRODUÇÃO JORNALÍSTICA DE SUA PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA.
QUANTO TEMPO MORA EM CONQUISTA?
Desde sempre.
QUANTO TEMPO ATUA NA ÁREA MUSICAL?
Por volta de dez anos. A banda existe desde julho de 2009.
QUAL O ESTILO DE TRABALHO, E COMO COMEÇOU A SUA CARRERIA?
Fazemos blues em bom português, com influências de jazz, bluegrass, rock clássico, rock brasileiro, etc. As influências são bem vastas. Cada um de nós começou tocando em bandas de rock no início da década de 2000. Até que nos encontramos numa chamada The New Old Jam, que foi uma das mais ativas da cidade por volta de 2005. Antes de gravarmos nossa primeira música, De Cara no Blues, a banda teve fim. De lá pra cá cada um tocou com outras bandas até surgir a idéia da Distintivo Blue. Começamos como um trio (Malforea – voz/gaita; Rômulo Fonseca – guitarra/violão e Camilo Oliveira – guitarra/banjo, todos da The New Old Jam) com o objetivo de encontrar bons músicos para a banda. Até que passamos por inúmeras formações até a atual.
QUAIS AS PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS QUE INSPIRARAM O SEU Trabalho?
Cada um traz sua própria influência para a banda. Aqui se ouve de tudo: desde o blues de Robert Johnson até o samba de Bezerra. E isso se reflete em nosso trabalho. Fazemos várias versões blueseiras de todos os tipos de artistas: Tocamos A Volta do Boêmio, conhecida na voz de Nelson Gonçalves, Judiaria(Lupicínio Rodrigues) e Back in Bahia(Gilberto Gil), que por sinal estará em nosso segundo CD, devidamente autorizada. Sobre os clássicos do blues nem é preciso falar. Também há músicas de bandas de blues brasileiras e versões de músicas de bandas conquistenses, como Randômicos e Cama de Jornal. Tudo isso já esteve em nossos palcos. Queremos crescer como banda, levando conteúdo ao público e levando conosco outros artistas de talento, seja daqui da cidade ou de outro país. Tem espaço pra todos e queremos ver os bons crescendo.
COMO VOCÊ VÊ O “MERCADO MUSICAL” EM CONQUISTA E REGIÃO?
Em VCA somos conhecidos como referência em música alternativa. Mas isso não significa um mar de rosas. Ainda há uma carência enorme de espaços adequados para essa música, apesar de tantos trabalhos bem-feitos e sérios. Os empresários da cidade ainda possuem a mentalidade imediatista de apenas dar atenção às tradicionais bandas de forró, axé, etc. O mesmo se aplica à mídia. Pra se comprovar isso basta assistir a um telejornal aberto. Geralmente sempre há espaço para bandas de axé falarem à vontade e tocarem suas músicas, porque é o que vende mais rápido. É uma característica de tudo relacionado à moda. Tudo tem prazo de validade curto, então deve ser bombardeado em caráter de urgência, ou não trará lucros. A mídia baiana, em geral não pensa a longo prazo, não investe em quem não pode gerar lucro imediato. Os empresários conquistenses em sua maioria sequer sabem o que é incentivo fiscal para a cultura, muito menos entendem que pode ser um ótimo negócio. Isso faz de todos os artistas considerados “alternativos” ou “independentes” verdadeiros heróis.
O QUE ACHA DA LIBERAÇÃO DAS MÚSICAS PELA INTERNET?
Achamos ótima e necessária. As pessoas não assimilam bem a idéia de que tudo muda mais cedo ou mais tarde. Daí não sabem direito o que fazer quando acontece. É o caso das grandes gravadoras, que demoraram muito para saber o que fazer com relação à revolução da indústria fonográfica. Para os artistas independentes é essencial, já que não contamos com todo o apoio criado pelas gravadoras para lançar um artista. Hoje não precisamos mais sonhar com o dia em que um olheiro irá nos descobrir e lançar para a fama. Hoje nós mesmos mostramos nosso trabalho diretamente ao público. Aquele que souber usar bem as ferramentas da internet e tiver talento de verdade tem grandes chances de chegar ao grande objetivo, que é conseguir viver(bem) de sua própria música. Hoje eu escrevo minha música e eu mesmo autorizo quem eu quiser a regravá-la, sem nenhum intermediário. No começo dos tempos o ganha-pão do músico era o show. Depois, o show passou a ser uma forma de divulgar a venda de discos. Voltamos ao princípio. Hoje quem paga as contas do artista são as apresentações e os discos são vendidos a preços promocionais nessas apresentações. Acho justo e ainda acho válido lançar um CD bem-gravado, com um material gráfico bem-feito e que valorize o produto como um todo. Um CD deve ser um conjunto de obras de artes: fonogramas + textos e poesias(letras) + arte gráfica(capa e encarte) e não uma mídia com músicas gravadas e um papel qualquer pra tapear o consumidor. Este é, em nossa opinião um dos fatores determinantes para o crescimento da pirataria, pouco antes da explosão da internet. Cds de tapeação com preços altíssimos.
COMO VOCÊ VÊ O PROCESSO DOS DIREITOS AUTORAIS?
A lei de direitos autorais brasileira é uma das mais rígidas do mundo, mas ineficiente com relação à fiscalização, segundo o pouco que sabemos. Não raro vimos artistas serem impedidos de tocarem suas próprias músicas em shows porque os direitos não lhes pertence, e sim a gravadoras ou editoras. Daí apareceu a licença Creative Commons, criada nos EUA. Nós registramos todas as nossas músicas dessa forma. Assim já deixamos claro que permitimos que façam certos usos delas antecipadamente, evitando burocracia. Para gravarmos Back in Bahia tivemos que entrar em contato com a editora do Gil, que nos passou os valores, que não são baixos. Se um dia alguém quiser fazer o mesmo com uma música nossa poderá fazer sem ao menos nos consultar, desde que não nos tire os créditos. Daí se ele for ganhar dinheiro com ela, aí sim terá de nos consultar. Mas ainda assim não haverá nenhum intermediário, falará com a gente mesmo. O fato é que é tudo muito complicado e temos muito o que ler a respeito ainda.
JÁ PARTICIPOU DE ALGUM FESTIVAL DE MÚSICA POPULAR BRASILEIRA,
SHOWS OU APRESENTAÇÕES QUE QUEIRA DESTACAR?
Acabamos de tocar no Festival Suíça Bahiana, que contou com a melhor grade do ano de 2011, segundo o IBahia.com. Dividimos o mesmo palco com artistas realmente brilhantes e renome nacional, além das pérolas que ainda estão no mesmo patamar de divulgação que a gente. Foi uma experiência muito boa, fizemos inúmeros contatos com bandas e produtores de várias partes do país. Já podemos começar a montar turnês na região sul, nordeste acima, sudeste, etc. Isso também graças à competência de nossa assessora de comunicação.
HÁ ALGUM COMENTÁRIO SOBRE A SUA CARREIRA QUE QUEIRA DESTACAR?
Tocar blues é ainda mais difícil que tocar rock, porque é pouco conhecido. As pessoas quando ouvem blues sabendo que é blues até gostam, porque já ouviram em trilhas de filmes. Na Bahia é sempre mais difícil, por causa da hegemonia do axé-forró-sertanejo, que são gêneros de moda e de lucro imediato. Nesses gêneros basta seguir certas regras de estereótipo e correr atrás. Mesmo que não se consiga virar figurinha marcada na TV se consegue ganhar muito dinheiro tocando em cidades pequenas. Com o blues é uma batalha interminável, a começar pela dificuldade em se encontrar bons músicos. A maioria considera o blues uma vertente “fácil” do rock, mas quando vai para o estúdio de ensaio percebe que não sabe o que fazer. É dura a realidade, mas um músico que toca anos numa banda de axé dificilmente consegue ser um bom músico de blues, porque não possui o famoso feeling, que é a forma correta e particular de sentir e tocar o blues. É quase uma coisa sobrenatural. É como falar português de Portugal e do Brasil. A língua é a mesma, mas com tantas particularidades de cada um, tornam-se completamente distintos.
QUAIS OS PROJETOS OU PLANOS QUE ESTÁ DESENVOLVENDO NO MOMENTO?
Temos o projeto do segundo CD para o ano que vem, com 12 músicas e um encarte feito com extremo cuidado, de 20 páginas. Pra isso já estamos nos inscrevendo em editais de cultura, mas sabemos que é muito, muito difícil conseguir ser contemplado. Também passamos por um período de “caça” a um baterista. Faremos um período de testes com um dos candidatos e estamos esperançosos. Já perdemos inúmeras oportunidades de tocar em vários lugares do Brasil por não termos baterista. Apesar de VCA ter centenas de músicos, mais de 90% é amadora, sem nenhuma noção de profissionalismo. Falo de músicos que não consideram a música uma forma de trabalho honesta e digna. Isso reflete em músicos que não cumprem horários, não se importam com a imagem da banda, com a qualidade das apresentações, etc. Esse tipo de músico não nos interessa, não importando o nível técnico, pois apenas atrapalha. Isso vale pra qualquer trabalho. Nenhuma empresa quer um funcionário como esse, e uma banda é sim uma empresa, com várias regras de conduta. Não podemos permitir que sujem o que temos de mais básico e importante, que é nosso nome.
Formação atual da banda:
I. Malforea – voz/gaita/kazoo/theremin/cajón
Rômulo Fonseca – guitarra/violão/voz
Camilo Oliveira – guitarra/violão/banjo/voz/kazoo
Rodrigo Bispo – contrabaixo
Ester Barreto – assessoria de comunicação
Para mais informações:
Site oficial: www.distintivoblue.com
Twitter: @DistintivoBlue
Facebook: /DistintivoBlueOficial
E-mail: contato@distintivoblue.com
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Criado em 27/07/2011. Acervo do entrevistado.
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