Por Plácido Mendes
São 22:45h.Provavelmente o Quinteto da Paraíba está tocando na Barão.
Saí de casa pra ver o “concerto” do quinteto com o Elomar(concerto,pq Elomar não faz “show”). Após o show de Graco Lima Jr. sobe ao palco a “simpática” Rossane Nascimento(pra quem não lembra, uma daquelas “magníficas” repórteres dos primórdios da TV Sudoeste), e alega em tom de voz digno das tias que usavam palmatória nas escolas dos anos 70,que é proibido fotografar ou filmar na principal praça de eventos públicos da cidade. Vaias. Logo após ainda ouço ela dizer que se alguém o fizer, o show pára(fiquem quietinhos, ou o tio lolô não toca). Vaias. O semi-deus entra no palco. Provavelmente os operadores mexeram tanto no som, com medo de algum “pití” que estragaram tudo: o som se mostra horrível, seria melhor não terem mexido. Elomar tenta cantar por uns 20 segundos, desiste e vai embora. Vaias. Vejo que os boatos não eram exageros. Já tinha pensado em ir embora quando do episódio da proibição de registros do evento, mas como o pessoal do Quinteto da Paraíba é convidado a entrar, resolvo ficar mais um pouco, afinal, comobem disse a apresentadora, eles poderiam estar em seus lares com suas famílias,ao invés de aqui. O baixista dá boa noite e são aplaudidos pela grande massa. Então o paraibano resolve abrir sua boca: “vocês têm de respeitar Elomar, ele é um dos maiores músicos do mundo. Têm de respeitar Elomar, João Gilberto, blá, blá, blá…”. Me senti na escola outra vez, porém levando sermão por algo que não fiz. Tudo bem que no Natal da Cidade os mal-educados marcaram presença(incluindo entre os intelectualóides), mas desta vez não foi culpa nossa.
Lembrei que João Gilberto, famoso por sua rabujentice(se é que existe esse termo), emseu show em Salvador, este ano, suportou os celulares, tosses, risadas e “bate-papos paralelos”(outra vez a velha escola) no Castro Alves, mas fez jus ao seu cachê, concluindo o show. Lembrei de um trecho de uma música cantada pelo 14 BIS: “Todo artista deve ir onde o povo está”. Pra mim, um artista que trata o público como os macacos do zoológico(que merecem respeito como qualquer ser vivo) não deve ser considerado um artista. A razão de viver de um artista é tornar seus feitos acessíveis ao público, ou terminará tal Narciso. Pelo visto precisamos de um artista realmente”grandioso” novo nesta cidade. Quando se fala nos artistas de Conquista fala-se em Glauber, Xangai e o sr. Figueira Melo. Nunca se passa disso, mas tal qual a música daTV, aqui é o “berço da cultura”. Onde estão os outros artistas quando se pergunta sobre eles? Por que Não consideram Evandro Correia o Djavan conquistense(ou vice-versa)? Bom, achei que o sr. quinteto da paraíba também não mereceu minha presença após o sermão. Peguei meu ônibus de volta e termino a noite ao som de Roberto Carlos, na Globo. Deveria ter ficado por aqui desde o começo…
Quanto ao sr. Figueira Melo, recomendaria buscar outra assessoria, sua fama já não é das mais simpáticas. Com ela tornou-se insuportável. Nem tenho mais orgulho de tê-lo como conterrâneo. Agora meu ídolo é o simpático baiano João Gilberto.
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Postado originalmente em 26/12/2008, em Núcleo de Notícias, diversas comunidades no Orkut e distribuído por e-mail.
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"É isso aí Plácido,
Eu não entendo ainda, apesar dos meus 50 anos de idade, como um artista toma determinadas atitudes perante ao público que o construiu, o povo. Principalmente quando ele é pago pela prefeitura local para se apresentar em praça pública. E diga-se de passagem, deve ter sido pago e muito bem pago.
Tenho plena certeza que a base do artista, é o povo.
Tenho plena certeza que a base do político, é o povo.
Tenho plena certeza que a base do religioso, é o povo.
Portanto, tanto o povo constroi , como também pode destroná-los da cadeira dos "semi deuses" que muitos se arvoram em ser. O esquecimento é uma arma fatal e pertence também ao povo. Afinal, ninguém faz música, poesia, pinturas sem ter alguém para escutar, apreciar o aquilo que fazemos buscando da alma do povo e o seu chão.
O povo merece respeito, pois ninguém consegue ser alguém se junto não estiver esse tal de povo, nosso sustento de criação.
Quando mais o povo me acata, mais simples me torno!
Te mando um poema que fiz a um tempo atrás e que ilustra o que acabamos de falar.
C/ um abraço poético
Jean Claúdio"
Eu não entendo ainda, apesar dos meus 50 anos de idade, como um artista toma determinadas atitudes perante ao público que o construiu, o povo. Principalmente quando ele é pago pela prefeitura local para se apresentar em praça pública. E diga-se de passagem, deve ter sido pago e muito bem pago.
Tenho plena certeza que a base do artista, é o povo.
Tenho plena certeza que a base do político, é o povo.
Tenho plena certeza que a base do religioso, é o povo.
Portanto, tanto o povo constroi , como também pode destroná-los da cadeira dos "semi deuses" que muitos se arvoram em ser. O esquecimento é uma arma fatal e pertence também ao povo. Afinal, ninguém faz música, poesia, pinturas sem ter alguém para escutar, apreciar o aquilo que fazemos buscando da alma do povo e o seu chão.
O povo merece respeito, pois ninguém consegue ser alguém se junto não estiver esse tal de povo, nosso sustento de criação.
Quando mais o povo me acata, mais simples me torno!
Te mando um poema que fiz a um tempo atrás e que ilustra o que acabamos de falar.
C/ um abraço poético
Jean Claúdio"
O POVO
O povo é que leva
Eleva
O artista
O político
O pastor
O rei
O general
O empresário
O papa...
O povo é que leva
Eleva A todos
Todos os tempos
Antes e depois de Cristo
Antes e depois das pirâmides
Antes e depois da primeira poeira das guerras.
Os Césares dominaram o mundo pela espada do povo.
Os papas dominaram o mundo pela crença do povo.
Os ricos dominam o mundo pelo suor do povo.
Os políticos dominam o povo pela ingenuidade do povo.
Os artistas criam bebendo o chinelo do povo para caminhar suas canções...
Povo é palavra
Povo é nação
Povo é criação
Povo é sentimento
Povo é rumo
Povo é fé
Povo povo povo
Povo é graça bendita,
E ai de quem se afastar!
Pois sem o povo,
Toda ilusão de ser-se
Fenecerá
Pela cumieira das casas.
E as canções diluirão dentro do arco do silêncio.
E Deus deixará de existir.
JeanClaudio
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Resposta enviada a lista coletiva de e-mails, em 05/01/2009.
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