A festa da classe trabalhadora foi apagada pelo governo “para pessoas” de Sheila Lemos. O que começou como um adiamento do festejo por conta da pandemia da covid-19, se tornou, ao que parece, uma política permanente.
Mais um mês de fevereiro, mais um ano sem uma programação de Carnaval em Vitória da Conquista. Uma rápida busca on-line nos mostra que, desde 2021, o clima carnavalesco não toma conta das ruas da cidade, pelo menos não por iniciativa do Poder Público municipal. O que começou como um adiamento da festa por conta da pandemia da covid-19, se tornou, ao que parece, uma política permanente.
Com a exceção de eventos privados e algumas produções independentes que buscam manter viva a cultura popular, a exemplo do Bloco Algazarra, não há lugar para foliões e foliãs no terceiro maior município da Bahia. Ficaram para trás os dias em que baianas carregando vasos de flores e água de cheiro caminhavam pelo Centro, na tradicional Lavagem do Beco. As celebrações que reuniam as pessoas na Praça da Bandeira existem agora apenas na memória daqueles que marcaram presença nas edições do Carnaval Conquista Cultural.
Há quem diga que existem outras prioridades para a aplicação do dinheiro público. “É melhor usar o recurso para a saúde, o transporte, a educação”. Mas é preciso compreender que o Carnaval não é somente mais uma festa no calendário do país. “É arte, é cultura, é direito à cidade”. Essa é uma definição nas palavras do advogado Claudio Carvalho, doutor em Desenvolvimento e Planejamento Urbano e professor na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
O Carnaval é, antes de mais nada, um instrumento político. Em sua essência, é uma festa democrática, uma das principais manifestações culturais da classe trabalhadora. Estamos falando do momento em que todas as pessoas, diversas e plurais, podem ocupar as ruas da cidade e lutar contra diferentes tipos de opressão, por meio da arte, da cultura, da folia e da alegria.
Além disso, a festa carnavalesca é um movimento que carrega em si a história do próprio município e das pessoas que a construíram, como Vó Dôla, Zé Baticabo e tantas outras. Por isso, é necessário questionar: onde está o Carnaval popular de Vitória da Conquista? Cultura é um direito. Festa na rua, do povo para o povo, também gera emprego, renda e oportunidade de sociabilidade. Não pode prevalecer o projeto político e religioso que tenta apagar a cultura popular da cidade.
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Publicado originalmente em X06/02/2024, em Conquista Repórter.
Publicado originalmente em X06/02/2024, em Conquista Repórter.
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