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Dire Straits Legacy em Conquista: uma apreciação*


Vitória da Conquista, no último dia 19 [sexta feira], experimentou um grande momento musical, geralmente mais comum em capitais do país, sinalizando a possibilidade de uma grande ampliação de horizontes para o entretenimento e cultura na região (a viabilidade de shows internacionais de grandes dimensões), com o show da banda ítalo-britânica Dire Straits Legacy, certamente a maior banda cover da lendária Dire Straits em atividade, por contar com vários músicos que já prestaram seus valiosos serviços ao guitar hero Mark Knopfler e ao baixista John Illsley. A produção é da 29 Mix e Tôa Tôa.


A BANDA

Formada em 2013, Dire Straits Legacy (ex-DS Legends) surgiu da união de músicos italianos, com destaque para o guitarrista/vocalista Marco Caviglia (que especializou-se em "emular" o estilo de guitarra e voz de Mark Knopfler, conforme sua minibiografia no site da banda), e britânicos que tocaram, em diferentes momentos, com a banda Dire Straits, extinta desde 1995, quando Knopfler decidiu seguir em carreira solo, cansado das longas viagens, superexposição e gigantescos shows em estádios. 

Destes, estiveram em Conquista: o tecladista Alan Clark, que juntou-se ao DS em janeiro de 1980, pouco antes das gravações do terceiro álbum da banda, Making Movies, permanecendo até o final. Por ter colaborado ativamente com a banda, inclusive coproduzindo o álbum On Every Street (1991), foi incluído, como membro, ao Rock n' Roll Hall of Fame, em 2018, juntamente ao multi-instrumentista Guy Fletcher, que também acompanhou Mark Knopfler em sua carreira solo; o guitarrista Phil Palmer, participante das gravações do álbum On Every Street e da turnê que deu origem ao álbum ao vivo On The Night (1993); o saxofonista Mel Collins, do álbum Love Over Gold (1982), o EP Twisting By The Pool (1983) e que saiu em turnê com a banda, aparecendo, ainda, no álbum ao vivo duplo Alchemy (1983); o percussionista Danny Cummins, participante durante o mesmo período em que Palmer. Por último, o guitarrista Jack Sonni, do icônico álbum Brothers in Arms (1985) e que saiu na respectiva turnê com a banda. 

Dentre os italianos, além do já citado Marco Caviglia, fã incondicional do Dire Straits, que já participou de outros projetos-tributo, como a banda Solid Rock (1988-2008), tivemos o tecladista Primiano Dibiase, o baterista Cristiano Micalizzi e, no baixo, substituindo Trevor Horn, Max Gazzè.

Consideramos, portanto, Dire Straits Legacy como uma banda cover "de luxo" do Dire Straits (possivelmente o melhor cover do DS da atualidade), pela presença dos músicos que participaram da trajetória da banda original, como "banda de apoio", também conhecidos por "músicos de sessão" ou, ainda, "músicos contratados". Dire Straits era uma banda fortemente centrada na figura de Mark Knopfler, autor de todas as músicas da discografia, geralmente sozinho, e que exercia uma clara liderança e influência intelectual, como se nota facilmente na sonoridade da carreira solo de seu irmão, David Knopfler, primeiro a deixar a banda, em 1980, e do baixista John Illsley, que ficou até o final. 

É comum, na indústria musical, o uso de músicos contratados para a gravação em estúdio ou para a atuação em shows ao vivo. Muitos músicos efetivos de bandas icônicas, como o baixista e o guitarrista do Led Zeppelin, John Paul Jones e Jimmy Page, atuaram como session/studio musicians. O próprio guitarrista do DSL, Phil Palmer, se autodefine um session man, em sua autobiografia homônima. Portanto, o que temos no Legacy é uma banda formada essencialmente por session musicians, incluindo os italianos, que nunca trabalharam com o Dire Straits, com exceção de Marco, há décadas trabalhando como cover do Dire Straits. 

Porém, não se deve confundir um músico contratado com um membro efetivo. Fazendo uma analogia simples com uma empresa (e, obviamente, toda banda média ou grande o é), um membro efetivo é um sócio da empresa, com poder de decisão e autoridade. Já um músico contratado é um funcionário ou prestador de serviço, que acata as orientações dos sócios e executa sua função de acordo com esses parâmetros. Claro, é possível que um funcionário se destaque criativa e produtivamente o suficiente para gerar transformações mas, ainda assim, isso só é possível com a concordância e permissão dos sócios. Não há autonomia, a não ser que isso lhe seja concedido. Nesse sentido, temos o exemplo do tecladista Alan Clarktamanho foi seu destaque que foi homenageado juntamente ao Dire Straits, entrando ao Rock n' Roll Hall of Fame, em 2018, ao lado do também destacado Guy Fletcher e os membros originais Mark Knopfler, David Knopfler, John Illsley e Pick Withers.

Assim, ao contrário do que se divulgou na cidade (como veremos adiante), o Dire Straits Legacy não possui ex-membros do Dire Straits, e sim músicos que trabalharam para o Dire Straits, sendo que, forçando um pouco a barra, seria possível considerar apenas Alan Clark como um membro, com ressalvas. A música profissional funciona, basicamente como qualquer outra área: há chefes, chefiados, empregados, freelancers. Em Vitória da Conquista temos diversos exemplos clássicos de session/studio musicians, como o baixista Luciano PP e o percussionista Bazé, sempre vistos em palcos de todos os tamanhos e em fichas técnicas de gravações em gêneros musicais diversos. Muitos músicos se especializam nesse tipo de atuação. Mais um exemplo local? O guitarrista Léo Brasileiro, que trabalha há anos com Ivete Sangalo. Resumindo: membro = sócio; session musician = prestador de serviço/empregado. Mais um exemplo, desta vez em nível nacional: a banda Paralamas do Sucesso é um trio formado por Herbert Vianna, João Barone e Bi Ribeiro, mas tem, como tecladista contratado, o maestro João Fera, desde 1987, o saxofonista Monteiro Jr., desde 1989, e o trombonista Bidu Cordeiro, desde 1997. Mesmo participando ativamente até mesmo do processo criativo, só possuem poder de decisão ou autonomia no grupo se os membros efetivos assim o permitirem.

Na última década tem crescido o número de bandas "cover de luxo", com músicos que passaram pelas bandas originais ou bandas-tributo com ex-membros originais. O próprio Dire Straits Legacy começou como uma iniciativa dessa natureza, quando se chamava Dire Straits Legends, e contou com a participação não só de outros ex-músicos de apoio, mas do baixista John Illsley, baixista, e do baterista Pick Withers, membros fundadores do DS. Outros bons exemplos estão no Creedence Clearwater Revisited, formada por Stu Cock (baixo) e Doug Clifford (baterista), ex-membros do Creedence Clearwater Revival, e o power trio Call The Police, formado por João Barone (bateria, Paralamas do Sucesso), Rodrigo Santos (baixo e voz, Barão Vermelho) e Andy Summers, guitarrista original do The Police. Tal quadro nos sugere uma lucrativa tentativa de certos músicos (competentes, inevitável reconhecer) e empresários do ramo em atender ao também crescente mercado da nostalgia/vintage, que é real e merece ser analisado com o devido critério. Natural também é a tendência em se gerar confusões e equívocos envolvendo nomes conhecidos e suas versões "genéricas" em uma época também marcada pela desinformação. Afinal, quem não gostaria de ter, no "currículo", um show do Dire Straits? Melhor: um show do Dire Straits aqui em Conquista?


O SHOW

Fernando Bernardino na abertura do evento. Imagem: Instagram

Segundo as informações no site de venda dos ingressos, Shopingressos.com, a previsão de abertura dos portões era para as 21h. Já a previsão para início do show, às 22h. Faltando alguns dias para o evento, a produção criou uma conta no Instagram [@direstraitsvca] para divulgar detalhes e reforçar informações. Neste espaço, a abertura dos portões aparece como às 20:30h, o início do show de abertura, com Fernando Bernardino, às 21h, e o show principal às 22:30h. O guitarrista viçosense foi pontual, apresentando seu já conhecido repertório de clássicos do pop-rock em inglês apenas usando seu violão e pedal de voz, para preencher o som com alguns backing vocals. Hotel California, While My Guitar Gently Weeps, Take on Me e Stand By Me foram algumas das canções executadas ao público que, aos poucos, preenchia o vasto (e gélido) espaço da Arena Miraflores. 

Felizmente, ao contrário do show do Roupa Nova, na semana anterior, onde o espaço das mesas ocupou toda a extensão do palco, forçando o público da "pista" a se recolher às piores sobras de espaço disponíveis, em um claro desrespeito ao consumidor pagante, aqui o camarote ocupa apenas a metade esquerda (de quem assiste) do palco, permitindo o acesso do público geral ao "gargarejo". Aos mais curiosos, também foi possível acompanhar o trabalho dos técnicos de som e luz, aproximando-se da tenda localizada a dezenas de metros à frente do palco. Uma frase bastante escutada nesse momento foi: "não imaginava que daria tanta gente". Sim, a Arena Miraflores lotou, passando a mensagem: "queremos mais shows como este em Conquista".

Imagem: DSL

Aproximadamente às 23h teve início o show principal. A guitarra de Marco uniu-se ao piano de Alan, anunciando a mundialmente famosa Expresso Love, do álbum Making Movies (1980), tocada com uma impressionante fidelidade de timbres e notas. Muitos (incluindo este que vos escreve) tiveram, ali, sua primeira experiência em escutar o repertório a seguir em um grande equipamento de som, ao invés de apenas se limitando ao fone ou ao equipamento caseiro:

Setlist:

1) Expresso Love (Making Movies, 1980)
2) Skateway (Making Movies, 1980)
3) Ride Across the River (Brothers in Arms, 1985)
4) Tunnel of Love (Making Movies, 1980)
5) Romeo and Juliet (Making Movies, 1980)
6) Telegraph Road (Love Over Gold, 1982)
7) Private Investigations (Love Over Gold, 1982)
8) Your Latest Trick (Brothers in Arms, 1985)
9) Walk of life (Brothers in Arms, 1985)
10) The Bug (On Every Street, 1991)
11) Setting Me Up (Dire Straits, 1978)
12) Sultans of Swing (Dire Straits, 1978)
13) Two Your Lovers (ExtendeDancEPlay, 1983)
14) Money For Nothing (Brothers in Arms, 1985)

"Bis": 
15) Solid Rock (Making Movies, 1980)
16) So Far Away (Brothers in Arms, 1985)


Nos chamou a atenção a maior concentração em canções do Making Movies, talvez por ser o álbum da época em que a figura claramente central da banda, Alan Clark, ingressou ao Dire Straits. O repertório buscou abordar épocas de destaque de cada um dos músicos britânicos, como o saxofonista Mel Collins e o percussionista Danny Cummins que, nos álbuns ao vivo Alchemy (1983) e On The Night (1993) tiveram eternizados momentos de maior brilho, respectivamente em Two Young Lovers e Your Latest Trick. Collins, aliás, do alto de seus 75 anos, já não traz o mesmo fôlego de outrora, mas impressiona pelo simples fato de ainda sair em uma turnê mundial e com tamanho destaque durante todo o show, assumindo, inclusive, canções gravadas originalmente por outros instrumentistas e atuando em outras onde não havia a presença do saxofone, como Walk of Life. O respeito ao aparentemente frágil músico mostra-se evidente pelos colegas. 

Alan Clark, em primeiro plano. Imagem: DLS

A experiência em escutar timbres tão conhecidos em equipamentos e mixagem moderna revela o quão genial atemporal é a obra de Mark Knopfler. A timbragem de bateria remeteu, aos mais atentos, à conseguida por Pick Withers em Making Movies, limpa e pesada na medida certa. Canções menos conhecidas, como Skateway e The Bug foram um acalento aos fãs mais aprofundados, sugerindo uma escolha dos músicos, em homenagem aos seus respectivos períodos de atuação. Ora, em um contexto onde a nostalgia é a mola-mestra, nada mais natural que cada integrante lute por suas músicas favoritas dentro da fase em que participou da banda original . O público mais "lado A" estranha um pouco mas, ainda assim, testemunha um grande concerto musical, com a oportunidade de conhecer melhor a obra. Música também é descoberta, mesmo de obras antigas.

Os vocais se concentraram em Marco, mas também passaram por Jack e Danny, sem dúvida dono da melhor voz da banda. Alan Clark também participa com sua criação, o icônico "I want my MTV" repleto de efeitos em Money For Nothing, gravado originalmente por Sting, que estava nas redondezas do estúdio quando a banda (original) produzia aquele que seria seu mais aclamado trabalho. Algumas vezes era até possível se esquecer que não era Mark o vocalista, mas seu genérico, Marco que, apesar de demonstrar grande habilidade à guitarra e ao estilo do mestre, deixa evidente, aos que já conheceram trabalhos ao vivo do Dire Straits e de Mark Knopfler, o enorme abismo que os separa: a primeira diferença pode ser atribuída aos técnicos de som, que não forneceram o devido volume à sua guitarra, mas é possível sentir uma certa pitada de insegurança do italiano ao "se atrever" emular o escocês, que esbanja confiança e espontaneidade em suas apresentações ao vivo, compensando sua falta de extensão vocal (muito bem resolvida graças a Bob Dylan, que também "ajudou" nomes como Jimi Hendrix a ousar cantar em uma época onde Elvis, Orbison e Sinatra eram as referências). É como se suas notas dissessem: "sou um dos maiores imitadores do Mark, mas deste ponto aqui não me atrevo a passar", o que pode ser visto como uma manifestação de respeito, afinal, falamos de um guitarrista que ascendeu no pior momento possível (o auge do punk e final da era de nomes como o Led Zeppelin) e conquistou seu espaço entre os maiores ícones da guitarra mundial, sendo imitado e estudado até hoje. Não é qualquer um que pode se gabar de dividir palcos com um Eric Clapton e colocá-lo em segundo plano, fazendo guitarra-base.

Finalizando, Marco, que "arranha" quase satisfatoriamente um português, explica o título "For You" da turnê: "Hoje estamos muito felizes em tocar aqui esta noite para vocês, e queremos dedicar esta turnê ao nosso amigo querido Ricky. Sentimos muito a sua falta e amamos você". A única referência a um Ricky que encontramos foi a um produtor de turnês anteriores, então, podemos apenas deduzir sobre a homenagem. Já o ex-baixista da banda, John Giblin, falecido cinco dias antes do show, não foi citado. Antes de tocar So Far Away e finalizar o evento, continuou: "queremos dedicar este show à Rita Lee, The Brazilian Queen of Rock N' Roll", sendo ovacionado.


A (CONTROVERSA) DIVULGAÇÃO

O início da desinformação, nunca corrigida oficialmente

Já abordamos a questão das bandas-tributo e o mercado da nostalgia, cada vez mais sedento e alimentado por pessoas com certo nível de poder aquisitivo, mais informações e plataformas de acesso a conteúdo antigo, que não era nada fácil pouco tempo atrás. Conseguir, por exemplo, a discografia completa do Dire Straits através das lojas de disco locais era um trabalho árduo. Hoje, com o streaming, cujos maiores representantes são o Spotify e YouTube, não só é possível escutar toda a discografia oficial instantaneamente, mas singles, EPs e bootlegs de qualquer artista. Assim, alimenta-se a nostalgia e a vontade de "ter acompanhado aqueles tão amados artistas quando na ativa". Certamente, não está nos planos de algum produtor conquistense trazer, à cidade, Mark Knopfler que, provavelmente, nunca cogitou se apresentar por aqui. Então, resta a alternativa mais próxima a isso: o Dire Straits Legacy.

Os primeiros rumores públicos sobre o show apareceram em março, no Instagram, através de perfis diversos, trazendo frases como "a lendária banda britânica Dire Straits, A BANDA, NÃO COVER, A BANDAAAAAA!! Estará em maio aqui em Vitória da Conquista", o que, em si, já nos causou estranhamento: se o velho Mark decidisse retomar sua lendária banda, certamente haveria um enorme burburinho em toda a mídia mundial e os shows não caberiam em cidades menores. Observamos os perfis que publicaram essas informações, geralmente relativamente confiáveis em nível local. "Algo de errado não está certo", já diz o meme. Logo depois, surgiram divulgações oficiais, trazendo o nome e o logotipo oficial "Dire Straits Legacy", eliminando tais dúvidas mas, ainda, nas descrições, a menção à banda original, e não ao verdadeiro produto que era "vendido".

Assim se sucederam outdoors e chamadas para a TV, sobre a "South America Tour". Os mais atentos perceberam se tratar do Legacy, mas todo o material de propaganda parecia tentar induzir as pessoas ao erro. Nem sempre o nome "Legacy" aparecia de imediato. E surgia, ainda, a "informação" de se tratar de uma banda formada pelos "membros originais" do Dire Straits. Nos comentários, pérolas como "Mark Knopfler saiu da banda e o restante continuou", o que, já explicamos, não possui qualquer fundamento: o dono da marca não "sai da banda": ele acaba com a banda e continua dono da marca. Os antigos funcionários podem se limitar a fazer o que fazem: uma banda-tributo, com um nome diferente: "Legacy" (legado). Esta parte de divulgação da turnê brasileira ficou por conta de um perfil chamado Dire Straits Brasil [@direstraitsbrasil], o que, em si, já nos dá sinais de má-fé, por não incluir o fundamental "Legacy". 

Já se aproximando da data do show, surge um novo perfil: Dire Straits VCA [@direstraitsvca]. Em sua primeira postagem, de 3 de abril, uma nova identidade visual, onde se lê "Dire Straits" e, em fonte pouco legível e minúscula, um tímido "Legacy". Na legenda, a mensagem: "

Preparados para uma noite épica ao som de Dire Straits? 🎸🎶 Pela primeira e única vez em Vitória da Conquista, a banda promete um show inesquecível no dia 19 de maio. Não perca essa oportunidade única de relembrar momentos e curtir um dos maiores sucessos do rock'n'roll ao vivo! 🤘

Neste perfil também se vê a primeira menção à meia entrada, em 17 de maio, ou seja: a apenas dois dias do evento. Uma seguidora chama a atenção para o fato. As peças de divulgação continuam à nova estilística, com o "Legacy" claramente buscando passar despercebido, o que não se verifica com o logotipo original. No próprio palco, inclusive, percebe-se, no telão ao fundo que, por vezes toma formas semelhantes a cartas, cada palavra ("Dire", "Straits", "Legacy") ocupa uma "carta", com igual destaque, eliminando equívocos. Aparentemente, a identidade visual oficial da banda não busca confundir, mas não nos é possível perceber reações ou correções dos membros a tantas tentativas de indução do público ao erro. Sim: não são exclusividade conquistense: percebemos iniciativas semelhantes não apenas em outras cidades da turnê, mas em turnês brasileiras anteriores.


Nesse sentido, destacamos a sensacionalista frase "pela primeira e única vez em Vitória da Conquista", presente na chamada para TV e replicada neste novo perfil do Instagram, aparentando ser o oficial do evento em nível local e, inclusive, respondendo a dúvidas dos seguidores. Apenas junte as peças: sensação induzida de escassez (primeira e única vez na cidade), desinformação (os produtores não demonstraram, em nenhum momento, intenção em corrigir postagens extraoficiais onde um show do Dire Straits oficial aconteceria e ainda mantiveram, ao menos nas descrições das postagens oficiais, informações erradas, que contribuíram para o equívoco), divulgação oficial que induz ao erro (vide vídeo promocional para a TV, onde a palavra "Legacy" aparece apenas na metade final da chamada, quando o impacto inicial do nome "Dire Straits" já capturou a atenção do público). Confira, ao final do texto, as imagens do material de divulgação, capturado ao longo da campanha até a realização do show.

Amostra da divulgação em Instagram @direstraitsvca

CONCLUSÃO

Este não foi o primeiro show internacional a acontecer na cidade. O underground tem vasto histórico de músicos e bandas estrangeiras se apresentando por aqui. Basta ficar atento(a) ao que acontece, sem se apegar ao óbvio. Conquista foi presenteada com um incomum e belíssimo espetáculo, não há como negar. Mas, em pleno 2023, é inconcebível, sobretudo em uma cidade universitária e de grande potencial cosmopolita como Conquista, permitir que campanhas publicitárias em tal nível de desinformação sejam aplaudidas. O Código de Defesa do Consumidor brasileiro (Lei 8.078/1990) entrou em vigência quando o Dire Straits ainda lotava estádios e vem sendo aperfeiçoado constantemente desde então. Devemos lutar contra o estereótipo do Brasil do "jeitinho", da "malandragem" que inspirou respostas estrangeiras como o bizarro filme Turistas (2006), nos colocando em um lugar de barbárie em relação ao restante do mundo. O silêncio generalizado sobre este episódio em nossa cidade é entristecedor, para ficar em uma só palavra. 

Para você, que pagou conscientemente por um grande espetáculo musical e voltou satisfeito para casa, ficam as boas memórias. Já para você, que pagou por um show d"a lendária banda Dire Straits" e recebeu um "Dire Straits Legacy", saiba que é sempre possível buscar seus direitos, através do Consumidor.gov.br ou presencialmente, pelo PROCON local. A euforia nostálgica é forte, os músicos são realmente incríveis e a experiência única, mas não: não foi desta vez em que você foi a um show do Dire Straits. Algumas coisas simplesmente residem no passado e apenas podemos nos limitar ao recordar ou ao "emular".

Preparamos, para você que deseja reviver as músicas do repertório, uma playlist com as versões mais próximas às executadas pela banda, além de uma música autoral (sim, há músicas próprias!) da Legacy. Confira abaixo:



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* Em referência às resenhas publicadas nos encartes das versões em CD da discografia de estúdio do Dire Straits, escritas por figuras importantes na trajetória da banda, analisando o impacto de cada disco desde seu lançamento em LP até o então novo lançamento, em CD, na década de 1990. Ex.: "Dire Straits: An Appreciation", pelo radialista e escritor britânico Charlie Gillett, a quem Mark Knopfler dedica o primeiro álbum do DS.


REGISTROS



O ingresso












Confira nosso arquivo de registros completo AQUI.




Plácido Oliveira

O "Memória Musical do Sudoeste da Bahia" precisa da sua colaboração. Tem algum material guardado? Gostaria de publicar seu próprio texto aqui? Acrescentar ou retirar algo? Entre em contato através do "fale conosco". Vamos preservar juntos a nossa história!

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