RESUMO: Este trabalho se fundamenta no estudo sobre a temática do sagrado, em seu aspecto paradoxal, ambíguo e antinômico, ao qual se denomina de tramas do sagrado. Para isso, recorre-se ao pensamento de Martin Heidegger, em seu diálogo com o poetar, e às reflexões, conceitos e tipologias da Teoria da Literatura sobre a linguagem e a prática literárias e suas relações com a realidade. Observa-se como o tema escolhido do sagrado constitui o fio que compõe a trama textual, evidenciando as tensões entre o artista e o homem religioso, modelos apreendidos do texto, da escritura. A pergunta de Hölderlin “para quê poetas em tempo indigente?”, retomada por Heidegger, é colocada para pensar o lugar do poeta contemporâneo, num tempo em que os deuses se evadiram e no qual se experimentam o abismo, o deserto e a ausência de fundamento. Também o signo artístico se esvazia e a modernidade artística passa a representar uma arte dessacralizada, como a entendeu Walter Benjamin, ou desumanizada, no pensamento de Ortega y Gasset sobre a arte contemporânea. A tese constitui-se numa leitura dos textos poético-musicais do compositor baiano Elomar Figueira Mello, em suas diversas linguagens e gêneros - canção, ensaio, poema, romance, teatro e ópera -, e dá visibilidade a uma prática artística, literária, musical e teatral singular, enraizada no sertão, com um estilo clássico e traços da literatura medieval e do romantismo.
PALAVRAS-CHAVE: Elomar Figueira Mello - tramas do sagrado - poesia – pensamento -
sertão - música - ópera – medieval.
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