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Novembro tem início com mais um ciclo de publicações do Toca Autoral!, subprojeto anual do Memória Musical do Sudoeste da Bahia, projeto de pesquisa, fomento e preservação voltado à musicalidade da nossa região, idealizado pelo cantor, compositor e historiador Plácido Oliveira, iniciado em 2019.

Em uma clara referência ao bordão “toca Raul!”, considerado pelo pesquisador como um forte símbolo da música cover no Brasil, o “Toca Autoral!” foi criado para incentivar e chamar a atenção para a importância da produção autoral para qualquer comunidade. “É através da produção artística original que conseguimos nos enxergar enquanto membros de um grupo, ocupando determinados espaços e em épocas específicas. Quando os artistas, contratantes e o público se preocupam mais em reproduzir o que já foi abordado em outras épocas e lugares, perdemos valiosas oportunidades de conhecer nossas próprias identidades culturais”, diz o pesquisador e artista.

O Toca Autoral! Compreende um grande conjunto de produções artísticas nos mais diversos formatos: vídeos, fonogramas, fotografias, textos e vivências distribuídas por mais de um semestre: desde julho até o final do ano, são publicados materiais inéditos todas as segundas e sextas ao meio dia, além de nas últimas quartas de cada mês, cada um correspondendo a um artista diferente: nesta segunda temporada tivemos vasto material relacionado a: Mazinho Jardim (julho), Lívia Ellen (agosto), Old Stove (setembro), 5C1 (outubro) e agora tem início o mês do último participante: o Distintivo Blue.

Fundado em 2009, o Distintivo Blue é o principal projeto musical autoral de Plácido Oliveira. Seu conceito estético baseia-se na tríade “blues-rock-country”, com letras que fogem dos lugares-comuns do blues tradicional, atingindo temas variados. Boa parte das canções são em português e com letras mais longas do que exigem as novas tendências do mercado fonográfico atual. “Há algum tempo deixei de me preocupar com as fórmulas da indústria, quando percebi que o elemento ‘arte’ enquanto expressão humana legítima vem sendo cada vez mais ignorado pelo mercado. Por isso, minha música em primeiro lugar deve agradar a meu próprio crivo, mesmo que isso a impeça de atingir um grande público”, diz o artista.

Para a participação no Toca Autoral!, Plácido preparou seis de suas canções, sendo uma não publicada, mas já executada em shows, e outra totalmente inédita. Todos os artistas participantes devem, necessariamente, apresentar seis canções autorais e executá-las em uma sessão de gravação em formato minimalista, registrado em áudio e vídeo, além de falas explicativas para cada faixa e uma autobiográfica. O objetivo é aproximar artista e público através de um formato que mescla musical com documentário, utilizando técnicas de história oral.


Confira o cronograma do mês de novembro:

01/11 – Teaser (YouTube e Instagram)

04/11 – Vídeo Música 1: “Blues do Covarde” (YouTube)

08/11 – Vídeo Música 2: “O Andarilho” (YouTube)

11/11 – Vídeo Música 3: “Detetive Blue” (YouTube)

15/11 – Vídeo Música 4: “Doze Horas” (YouTube)

18/11 – Vídeo Música 5: “Ame a Solidão” (YouTube)

22/11 – Vídeo Música 6: “A Onda” (YouTube)

25/11 – Sessão de fotos (website)

27/11 – Episódio Completo (YouTube)

29/11 – EP “Toca Autoral! Distintivo Blue” (plataformas de música)

30/11 – Dossiê (website)

(publicações sempre ao meio dia)


Em dezembro, será lançado material extra, relacionado aos trabalhos de toda a temporada, cujas atividades de bastidores tiveram início ainda em 2023 e seguiram pelo primeiro semestre deste ano, com uma seleção pública para a ocupação de três vagas, conquistadas por Lívia Ellen, Old Stove e 5C1. Será publicada uma edição especial da fanzine Memória Musical do Sudoeste da Bahia, gravações de entrevistas dos participantes a emissoras de rádio e TV, textos e versões das músicas tocadas ao vivo durante as entrevistas. Há previsão para uma nova seleção pública ao final do primeiro semestre do ano que vem.

Todo o material produzido é disponibilizado gratuitamente aos artistas e ao público, através do site oficial do projeto “Memória Musical do Sudoeste da Bahia” (https://memoria.distintivoblue.com), canal no YouTube (www.youtube.com/@memoriasudoeste) e outras redes sociais, como Instagram e X (@memoriasudoeste).


Link geral do projeto: http://linktr.ee/memoriasudoeste

Link geral do Distintivo Blue: http://linktr.ee/distintivoblue

Link geral do produtor: http://linktr.ee/placidoliveira


Texto: Assessoria Distintivo Blue.


Um dos principais objetivos do Memória Musical do Sudoeste da Bahia [@memoriasudoeste], projeto de pesquisa, fomento e preservação independente, para além do simples acumular material sobre a música da nossa região, como qualquer museu, é incentivar os artistas através da produção original de conteúdo: pensar não apenas o passado, mas o hoje, o agora.

No subprojeto TOCA AUTORAL! não há espaço para tributo: queremos mostrar que, em nossa região, há muita gente criando e se expressando através da arte. Apresentaremos diversos artistas, de variados gêneros musicais, mostrando suas próprias obras, muitas vezes ainda inéditas, e disponibilizando gratuitamente em plataformas de streaming, em formatos diversos. 

Em outubro, a música poçoense comanda esta segunda temporada do TOCA AUTORAL!: A 5C1 [ @bandacincocontraumoficial8525  ] traz sua bagagem de mais de duas décadas de uma belíssima trajetória.

🏡 Nesta etapa, o cenário é a Casa Memorial Governador Régis Pacheco, museu municipal situado na Praça Tancredo Neves, centro de Vitória da Conquista e contém diversas obras de importantes artistas locais, além de contar a história política da cidade. 

Música é arte. Arte é expressão. O que nossos artistas têm a dizer atualmente?


A PRODUÇÃO

A ideia do Toca Autoral! remonta a 2017, quando desenvolvemos uma experiência semelhante, no então interditado teatro do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, fechado para eventos com a presença de público, mas utilizado pelo Distintivo Blue como local de ensaio e gravações desde 2015. Utilizando a mesma pauta (duas manhãs por semana), convocamos artistas locais para gravar vídeos no formato voz-e-violão, executando cinco músicas, sendo que destas, três deveriam ser autorais. O @memoriasudoeste ainda não existia: tudo foi realizado sob o seu projeto ancestral, a BLUEZinada! [confira aqui uma playlist com esses vídeos antigos], mais direcionado ao blues e jazz, portanto, as CCCJL Sessions extrapolavam sua temática e anunciavam a necessidade de um trabalho voltado à musicalidade da região sudoeste da Bahia, que só nasceria em 2019.

Desta vez, pensando na enorme popularização dos chamados "shows-tributo", onde a nostalgia pelos chamados "clássicos" termina por, não raro, desestimular a execução da música autoral nos diversos palcos da região, decidimos radicalizar a antiga proposta, convidando apenas artistas que não se limitam unicamente a reproduzir o que já foi consagrado, mas também criam arte nova, provando que a música contemporânea ainda existe e continua expressando seu tempo e espaço, papel de todas as artes desde tempos remotos. Desta vez são seis músicas, todas autorais, além de pequenas falas explicativas e uma autobiográfica de até cerca de dez minutos. O formato ainda é minimalista, geralmente voz + instrumento, dada a nossa limitação em equipamentos, pessoal e tempo para a produção dos materiais.

O título do subprojeto é uma clara provocação ao universo dos "shows-tributo": ao invés do famoso, exaustivo e, muitas vezes, automático "toca Raul!", incentivamos o artista a mostrar suas próprias criações. O "Toca Autoral!" surge, pela primeira vez, no texto da matéria de capa da primeira edição da nossa zine, Memória Musical do Sudoeste da Bahia [Acesse aqui], nos inspirando a aprofundar o conceito que se materializa agora. Afinal, se o próprio Raul Seixas tivesse cedido e estacionado no confortável "tributo a Elvis" que marcou o início de sua carreira, não investindo em sua própria identidade artística, quem gritaria "toca Raul!" hoje?


O CONTEÚDO

O Toca Autoral! não se limita à produção de vídeos: o artista tem acesso a um sistema completo de produção original, que inclui a publicação de vídeos individuais de cada uma das faixas, além do vídeo completo, incluindo as falas explicativas e autobiográfica. Ainda, a uma sessão de fotos, que poderão ser utilizadas para a sua própria divulgação, como desejar. As músicas são mixadas e masterizadas para compor um EP de verdade e distribuído para as principais plataformas de música, como Spotify, Deezer, Apple Music, Amazon, etc. A gravação ainda será lançada no formato podcast e disponibilizada nos principais agregadores. Ao final da temporada, será lançada, ainda, uma edição especial da nossa zine, que será publicada tanto em formato digital (.pdf) quanto impresso e em áudio, enriquecendo o portfólio do artista e, mais amplamente, a musicalidade da região em geral, valorizando a produção autoral e incentivando outros artistas a tocar suas próprias músicas.

Todo esse material é entregue ao artista, gratuitamente, para que o utilize como julgar adequado para o desenvolvimento de sua própria carreira artística. Assim, durante o período de lançamentos, ainda  buscamos formas de acesso aos veículos de Imprensa, como emissoras de rádio, TV, jornais, revistas, blogs, etc., sempre com a preocupação de registrar toda e qualquer participação nesse sentido e publicar em seguida.

Ao artista é exigido, para a participação, certo nível de comprometimento: ensaiar suficientemente suas músicas para uma boa execução, ser pontual às participações e fornecer as letras cifradas de todas as canções, afinal, o "'Toca' Autoral!" também significa incentivar e permitir que o público conheça sua obra a ponto de também desejar/conseguir executá-la, de onde estiver. Trata-se de um projeto de fomento ao artista, mas, também, de formação de público. Demonstrar que o artista regional guarda, em si, tanto valor quanto o "consagrado" e divulgado em grandes proporções é uma das máximas mais caras do @memoriasudoeste

Foto: Plácido Oliveira

5C1, por ela mesma

Alessandro: "A banda 5C1 foi formada no ano 2000. A gente escutava muita música, de vários estilos e sentiu a necessidade de beber dessas fontes e reproduzir. Era uma época em que estava em ascensão o Mangue Beat, Chico Science, Nação Zumbi, Fred Zero Quatro, e um monte de banda pernambucana que se permitiam mesclar vários sons. A gente foi nessa onda, sempre com uma identidade formada, sem querer fazer as coisas muito parecidas, mas com a vontade de experimentar outros elementos que não fossem exclusivos do rock'n'roll.
A banda tinha outra formação, e passou por algumas transformações, até a chegada do nosso amigo Robson. Temos influências de músicas de fora, como todo mundo, mas a banda é genuinamente brasileira. Gostamos de todos os ritmos brasileiros e consideramos uma fonte muito rica."

Robson: "Eu já tenho, mais ou menos, 15 anos de banda. Conheci o som da galera desde cedo. Somos amigos de infância, mas a gente não tocava junto. Na verdade, a gente tocava em bandas de punk da cidade até pintar a oportunidade de tocar com eles, e era um som que eu já curtia. Acho que, desde a minha entrada, consegui acrescentar algo ao projeto.
A galera que conhece a banda das antigas pode estranhar um pouco a gente falar 5C1 aqui, porque conhece a banda como 5 contra 1, mas isso foi a nossa opção, por conta de 5 contra 1 ter uma outra conotação de duplo sentido, que na época parecia conveniente, mas hoje, com a maturidade e até a cobrança de quem nos conhece,  trocamos só para a sigla 5C1, para não perder muito da identidade e não trocar totalmente o nome da banda, sem ficar com a outra conotação do nome."

Renato: "No surgimento da banda, em meados de 2000, a gente tinha mesmo esse propósito de mesclar o que já ouvíamos de fora do país com as sonoridades próximas. Havia esse propósito de beber das melhores fontes possíveis para escrever o nosso próprio papel na música do interior baiano e underground da época. Então, com esse boom do mangue beat e até mesmo uma banda baiana da época também, chamada Catapulta, misturando elementos regionais da Bahia, a gente achou muito peculiar e próximo da nossa ideia de colocar uma coisa que a gente vivenciava com o que vinha de fora.
A gente sentou lá e falou: "rapaz, vamos começar agora a escrever o que a gente vive, o que a gente quer mostrar para a galera, e a sonoridade vai ser a melhor que a gente puder extrair". E foi com isso que surgiu a banda 5C1, conseguindo a nossa identidade própria.
Hoje quando o pessoal vai ao show, eles não procuram saber se a gente vai estar tocando cover. Na verdade, procuram até se atentar em versões que a gente faz, porque não fazemos cover.
É interessante essa ideia perdurar esse tempo todo batendo na tecla de fazer o nosso som. E estamos aí há 23 anos, embora muitas pessoas pensem que não estamos em evidência, mas, aqui na banda, nos sentimos evidência para caramba, porque vivenciar 23 anos de tudo que o que aconteceu no alternativo, na região, não é para qualquer um, não.

Alessandro: "A 5C1 nunca teve pausa. A gente sempre trabalhou muito e sempre acordou com vontade de compor como se fosse o último dia de nossas vidas. As pessoas que acompanham há algum tempo, devem saber que a gente deu uma pausa agora, não por conta de não poder ensaiar: na verdade, a gente está reestruturando o nosso estúdio, que estava meio deteriorado, para termos uma comodidade melhor para compor e ter um ambiente bem melhor para fazer, de fato, música com mais tranquilidade.
Então, estamos reformando o estúdio, e como é uma coisa feita por nós mesmos, no nosso tempo, a gente resolveu dar essa pausa. As pessoas que forem aos shows agora vão se deparar com nós três dividindo o palco, porque o formato da 5C1, atualmente é esse. Como somos uma banda cheia de alquimias, pode ser que amanhã tenha outras pessoas compondo. Na verdade, ficou quem tinha que ficar."


Confira o Episódio completo abaixo:


🟠 Playlist completa no Youtube [episódios completos]

🟢 Playlist completa no Youtube [músicas separadas]


MÚSICAS

KAYA
(Alessandro Queiroz, Renato Queiroz, Robson Silva)
BR7PI2400041

"É importante falar de Kaya. Caia foi uma música escrita há 23 anos, e é uma homenagem à minha filha, Kayane, e aí abreviamos para Kaya. A música, que tem 23 anos, foi composta como uma das primeiras do Projeto 5C1. Ficamos felizes com a receptividade das pessoas. Sempre que tocamos, elas se identificam. O interessante é saber como você faz uma coisa com foco em um determinado alvo, e as pessoas acabam se identificando e fazendo suas próprias releituras do processo. Ficamos muito felizes com isso." (Alessandro)

Vamos brincar na areia
E  nos  banhar no mar
Contagem de estrelas
Lições que vem do altar
Anjos que brilham no céu 
Bênçãos pra nos ofertar
Paz é o que vem de você 
Cheiro de lírio no ar
Kaya leve como o por do sol
Kaya  leve como um algodão
Kaya  leve como um cafuné, caia


ROMEIROS
(Alessandro Queiroz, Renato Queiroz, Robson Silva)
BR7PI2400042

"Falar de Romeiros é algo que tratamos com toda a delicadeza. Falamos um pouco sobre religiosidade e as romarias que acontecem, principalmente nas cidades do interior. Na Bahia, não é diferente. Queremos falar um pouco sobre nós e, principalmente, da fé do povo nordestino. Viemos de uma cidade com muita ligação à igreja católica e suas romarias (Poções). Num belo dia, eu estava subindo perto da igreja matriz e havia uma romaria dessas passando. Pensei no quanto é interessante a fé das pessoas, como elas se movimentam quando o assunto é fé. Colocamos todo esse processo na letra, e ficou bastante interessante." (Alessandro)

Quando a minha alma o vento toca
Claridade entra à porta
Não há mais escuridão
Sinto a matéria flutuando
E anjos fazem cantarolas 
Espantando a maldição
Há uma luz no fim do túnel
Uma cruz a carregar
Sentinelas, romarias
Procissões, santos no altar 
Ver os festejos, seguir os cortejos
Em direção à capela da fé

POVO DE LÁ
(Alessandro Queiroz, Renato Queiroz, Robson Silva)
BR7PI2400043

"Povo de Lá é uma música que escrevi sobre saudade. A banda, nós três, os fundadores (Alessandro, Renato e Cristiano Queiroz), não somos da Bahia. Somos de São Paulo, mas nossos pais são baianos, e sentimos uma forte ligação com o 'povo de lá'. Quando falamos de 'povo de lá', nos referimos ao povo que deixamos para trás, no sentido de termos deixado pessoas em outro estado. A música fala dessa nossa andança e também do complexo de ver pessoas ainda submissas, até hoje, 'pegas pela barriga', como dizemos. A música fala um pouco disso: da escassez que o povo ainda enfrenta, da comida que é escassa e dos benefícios que chegam muito pouco para as pessoas sertanejas, que acabam ficando à mercê dessa realidade." (Alessandro)

Hei ah! Mas se tu soubesse
A saudade que eu sinto do povo de lá
Já faz tanto tempo que a gente não para pra conversar
Aproveitando a lua, parece ser cheia, acendo a fogueira
Retirantes retornam otimistas que um dia isso possa mudar
Nosso povo omitindo a sincera verdade em troca de feira
A miséria progride regredindo a todos que moram por lá
E nos bancos a certeza de tudo que falo não ser besteira
A ausente esperança nos rostos famintos do povo de lá
Cortejos e procissões
O sapo aguçando trovões
Manhã de segunda-feira
É chuva que cai em abundância
Na água que brota esperança
Do povo da catingueira
Crianças sambando na lama
No chão de poeira vermelha
As chuvas descarregam águas
Transbordam açudes, ribeiras
Açudes, ribeiras

RECADO PRA IOIÔ
(Alessandro Queiroz, Renato Queiroz, Robson Silva)
BR7PI2400044

"Recado Pra Ioiô foi uma das primeiras canções do nosso primeiro álbum. Ela fala sobre a necessidade de deixar o sertão, mesmo querendo ficar. A saudade fica, muitas coisas ficam, mas você leva o sertão consigo para onde for. Infelizmente, por mais que o sertão seja belo, você precisa procurar novos rumos para sua sustentabilidade. A música fala disso, da saudade e dessa necessidade de partir, mesmo amando o lugar. É uma mensagem para que as pessoas entendam que, muitas vezes, precisam deixar suas cidades, como no caso dos baianos, não por falta de identificação ou amor pelo lugar, mas pela falta de oportunidades para sustentar suas famílias." (Alessandro)

Vá dizer a ioiô
Que eu vou partir
Até logo, tchau já vou embora
Pelo solo cinzento de sertão
Levarei a saudade na memória
Conduzido por estrelas que passeiam pelo céu 
Que confundem-se com as mesmas que carrego no chapéu 
No clarão da lua mansa que encandeia a escuridão 
E me faz ter esperanças  espantando a solidão
Digo: adeus capoeira, vou partir meu sertão
A saudade a poeira, Cruza comigo sertão


CLICHÊ
(Alessandro Queiroz, Renato Queiroz, Robson Silva)
BR7PI2400045

"Clichê foi composta alguns anos atrás, e, de lá para cá, o discurso continua o mesmo, porque nada mudou. Ela retrata a questão de ser julgado sem ter sido interpretado corretamente. Fala sobre como, muitas vezes, a imprensa mal-intencionada publica o que quer, sem investigar os fatos, colocando em risco a vida de muitas pessoas, especialmente pardas ou pretas. A música aborda o clichê da pessoa ser abordada ou enquadrada por ser negra, trazendo essa crítica." (Renato)

A imprensa mal intencionada noticiando o medo 
No morro já não é mais segredo 
Esse tema nunca virou enredo de Carnaval 
Com textos bem elaborados discursos perfeitos 
Discriminados estamos sujeitos 
A ter o nosso rosto estampado na capa de um jornal 

Virou clichê em novela, dizer que a culpada é a Favela.
Que preto pobre é ladrão
Vê se pega a visão
Bati a real pra ela, mostrei que além de becos vielas 
Comunidade é inclusão, seja branco preto pobre ou não 

Subiu o morro naquela de forjar mais um assunto que rendesse a matéria 
Se camuflando entre soldados tendo como escudo 
Um tanque de guerra 
Coletes, microfone empunhado 
Um câmera do lado e eu ali da janela 
Observando aquela cena e já imaginando como seria na tela

Virou clichê em novela, dizer que a culpada é a Favela.
Que preto pobre é ladrão
Vê se pega a visão 
Bati a real pra ela, mostrei que além de becos vielas 
Comunidade é inclusão, seja branco preto pobre ou não

Basta olhar além do morro a verdade está no olhar 
Em torno há um redentor a vigiar 


BRINCANDO DE RODA
(Alessandro Queiroz, Renato Queiroz, Robson Silva)
BR7PI2400046

"Roda é uma coisa que não termina. Interessante que ela não tem fim. Brincando de Roda é uma brincadeira que aborda as religiões de matriz africana. Os santos nunca são retratados como pretos, sempre brancos. A música fala de um anjo negro vestido de branco, desafiando a visão de que todos os anjos devem ser branquinhos, alvos. Brincando de Roda vem para destruir essa imagem, dizendo que o anjo pode ser negro, pode ter a cor que imaginarmos. A música busca quebrar esse estereótipo de que tudo de bom só pode ser branco." (Alessandro)

Um anjo negro vestido de branco
Pisou na lama pra anunciar
Que o morro está em festa... festa
Batuque, terreiros, um som que vinha da África
Salve mamãe África
Salve mamãe África
Verdadeiro celeiro que acumula
Cultura e crenças, de adorações e benção
Adorações e benção

Até quem não era do morro
Veio pra sambar
Até quem não era do morro
Veio apreciar, e fazer parte da festa

Abre a roda e vem brincar
Cirandeiro ciranda
Ciranda de molambo
Malungo vem rodar



Ouça agora o EP Toca Autoral! - 5C1 em sua plataforma de música favorita.



🟠 Disponível nas principais plataformas de streaming | Bandcamp | Demais plataformas

FICHA TÉCNICA

Memória Musical do Sudoeste da Bahia apresenta: Toca Autoral! - II Temporada
Produção: Plácido Oliveira [http://linktr.ee/placidoliveira]
Agradecimentos: Naiane Nunes; Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista - Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer. EuLá (observadora).
Gravado em 25 de maio de 2024, na Casa Memorial Governador Régis Pacheco.
Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Publicação: 30 de outubro de 2024


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Podcast | Memória Musical do Sudoeste da Bahia [zine] Edição Especial |


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RELEASE

O TOCA AUTORAL! é um projeto multilinguagem em essência. Agora chegou o momento de você escutar a participação da banda 5C1 no Spotify, Deezer, Apple Music, Amazon Music, YouTube Music, Bandcamp e outras, em seis faixas gravadas ao vivo especialmente para o Projeto.

SETLIST:

1) Kaya (Alessandro Queiroz, Renato Queiroz, Robson Silva) - BR7PI2400041
2) Romeiros (Alessandro Queiroz, Renato Queiroz, Robson Silva) - BR7PI2400042
3) Povo de Lá (Alessandro Queiroz, Renato Queiroz, Robson Silva) - BR7PI2400043
4) Recado pra Ioiô (Alessandro Queiroz, Renato Queiroz, Robson Silva) - BR7PI2400044
5) Clichê (Alessandro Queiroz, Renato Queiroz, Robson Silva) - BR7PI2400045
6) Brincando de Roda (Alessandro Queiroz, Renato Queiroz, Robson Silva) - BR7PI2400046

ESCUTE AGORA:



Escute nas plataformas de streaming: Bandcamp | Demais plataformas de música

FICHA TÉCNICA

Memória Musical do Sudoeste da Bahia apresenta: Toca Autoral! - II Temporada
Produção: Plácido Oliveira [http://linktr.ee/placidoliveira]
Agradecimentos: Naiane Nunes, Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista - Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, EuLá (Observadora).
Gravado em 25 de maio de 2024, na Casa Memorial Governador Régis Pacheco, Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Publicação: 25 de setembro de 2024.

🟠 Disponível nas principais plataformas de streaming.


O subprojeto Toca Autoral! prevê, dentre seu leque de "produtos", a realização de uma sessão de fotos no próprio local e ocasião da gravação dos vídeos, com o duplo objetivo de se registrar imagens do artista àquele momento e fornecer, gratuitamente, um material de qualidade satisfatória para uso livre, em especial para fins de divulgação, uma vez que, sabemos, muitos músicos não possuem fotos promocionais para cartazes, editais, dentre outros.

Cumprindo com nossos objetivos fundamentais, o projeto Memória Musical do Sudoeste da Bahia extrapola o nível da simples documentação/disponibilização de material preexistente, fomentando e produzindo material inédito e original, colaborando ativamente para o fortalecimento do cenário musical na região sudoeste da Bahia. 



FICHA TÉCNICA

Fotografias por Plácido Oliveira e Naiane Nunes
Data da captura: 25/05/2024


Para acessar as fotografias, utilize o carrossel abaixo ou clique no link de acesso para abrir em outra página. 


Defesa apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) como requisito para a obtenção do título de Mestre em Educação.
Data da aprovação: 18 de fevereiro de 2022.

ALMEIDA, Thaís Dias. Sujeito-Leitor e Letras de Música: música como dispositivo da assunção da autoria. Orientador: Anderson de Carvalho Pereira. 2022. 102 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2022. 

RESUMO

Esta pesquisa parte de um estranhamento sobre interpretação e a formação crítica do sujeito aluno, na atualidade, no que tange o resgate de dizeres, de memórias discursivas e autoria, bem como da inquietação sobre quais sentidos são vislumbrados, pelos sujeitos-leitores nos discursos produzidos em letras de músicas. Tem como objetivo geral analisar de que maneira o interdiscurso em letras de músicas populares pode ou não contribuir com a construção crítico-reflexiva dos sujeitos em período escolar do século XXI. Deste modo estipulou-se os seguintes objetivos específicos: 1) Evidenciar as possibilidades de variações de sentido de trechos de determinadas letras de músicas; 2) Verificar de quais maneiras os sujeitos, interlocutor/ouvinte, são interpelados ideologicamente pelos sentidos atribuídos às letras de músicas populares; 3) Identificar elementos que indiciem autoria em textos produzidos por sujeitos-alunos; 4) Delinear, a partir das narrativas recortadas dos textos dos sujeitos-alunos, a retomada da memória discursiva que o sujeito do século XXI apresenta em relação à política governista para a educação pública. Para tanto, utilizamos os pressupostos teóricometodológicos da Análise de Discurso francesa, considerando que o desenvolvimento críticoreflexivo de uma sociedade está intimamente ligado ao fomento da leitura, interpretação, autoria e argumentação. No que se refere a posição discursiva assumida nos textos produzidos por sujeitos-alunos, o paradigma indiciário favorece a busca por detalhes, pistas, indícios. O corpus é composto por três letras de músicas, a saber: A Rita – Chico Buarque; Rita – Tierry; e Desculpe o auê – Rita Lee, as quais os sujeitos-alunos devem produzir textos livres sobre todas ou escolher alguma delas. Na análise, buscou-se elementos de autoria. Alguns dos sujeitos-alunos apresentaram indícios de autoria, coautoria, quando se inserem no esquecimento de número um, em que se colocam como produtores, donos de um dizer e ligaram as respectivas músicas, classificando-as como retratação de relacionamentos amorosos abusivos. Outros buscaram estruturar seu texto em moldes padrões, parafraseando trechos das músicas. A maneira como esses sujeitos se colocam frente as formações discursivas que demarcam os limites do que pode ser dito delimitam sua posição frente à possíveis interpretações. A depender do arquivo que tiveram acesso, ao campo de dizeres, interdiscurso, os sujeitos apresentam marcas de autoria que indicam uma ampliação em sua formação crítico-reflexiva. Esses sujeitos, mesmo inscritos na mesma formação discursiva desempenham papéis diferentes, como: bom-sujeito, mau-sujeito e sujeito da desidentificação. Notoriamente a leitura e o acesso a arquivos são cruciais para que os sujeitos alcancem um desdobramento favorável referente a autoria e argumentação. Esses, consequentemente, favorecem um pensamento crítico-reflexivo. No entanto, em se tratando de sujeitos que ocupam contextos socioeconômicos menos favorecidos, a escola torna-se o local de maior influência nessa difusão. Sabendo de todas as mazelas que assolam as instituições de educação pública em território nacional, cabe uma atenção comprometida com relação à promoção da leitura, interpretação, autoria e argumentação para que assim o sujeito tenha condições propensas que desdobrem num pensamento crítico-reflexivo.

Palavras-chave: Análise de Discurso. Autoria. Música. Pensamento crítico-reflexivo. Sujeito-autor.


Noah Kinrin Azevedo Viana Silva
*

O acesso à cultura tem se expandido na Bahia principalmente em Vitória da Conquista de forma acessível e até gratuitamente tendo como exemplo o Moto Rock ou a Suíça Baiana. Mas a questão é: É de fato acessível para todos? Algumas bandas e artistas conseguem se apresentar de forma independente nesses eventos? o governo financia a cultura?

Conversando com produtores como Gilmar Dantas, produtor do Festival Suíça Bahiana, diz inicialmente que o evento surgiu em 2010, como um evento com cobrança de ingressos e acabou se tornando lei em 2020 e, desde então, passou a ser gratuito. Gilmar afirma que a prefeitura e o governo do estado têm financiado essas últimas edições.

“Cerca de 90% do custo do evento é bancado pela prefeitura e pelo estado, e o restante através do bar, praça de alimentação e merchandising. A iniciativa privada participa muito pouco, ou muitas vezes nem sequer participa.”

Ele também comenta que tem todo um processo na seleção de bandas e festivais não devam ser os primeiros palcos de uma banda. Ela precisa primeiro tocar em lugares menores, como bares e espaços alternativos para criarem demanda naturalmente. Apesar disso, os eventos ainda têm muito o que evoluir.

“Conquista precisa ter um calendário melhor organizado em que cada evento já saiba desde o início do ano com quanto poderá contar de aporte público, e assim poder se programar melhor. Precisa também ter mais espaços e apoio da iniciativa privada.”

Já para Maurício Franco, vocalista da banda Mórficos e produtor dos eventos MorficFest e Sabbath do Mau, ele diz que o governo pode sim financiar, mas sem um bom projeto e uma boa execução ela não funciona.

"O acesso à cultura em pequenas cidades sempre são escassos, exceto pela resistência de pessoas como eu, que fazem sem esse 'apoio ao governo' de forma totalmente independente."

Ele chega a falar que às vezes o projeto sequer é lido e que não há uma expectativa de retorno financeiro, contanto que a verba cubra a execução do projeto. Na maior parte, ele cria os eventos sem nenhum patrocínio. Ele também diz que as bandas têm visibilidade pequena porque não tem oportunidade em grandes festivais, principalmente as autorais, mas nos eventos da MorficFest, ele dá essa visibilidade a bandas independentes.

Na visão de Plácido Oliveira, produtor cultural que trabalha no projeto Memória Musical do Sudoeste da Bahia, diz que os empresários, em geral, demonstram interesse em patrocinar apenas eventos de grande projeção, como o Festival de Inverno Bahia, virando as costas ao cenário independente. Já o poder público tem seus editais de cultura, mas o próprio orçamento municipal para a Secretaria de Cultura é pífio. Assim, nunca houve, por parte do poder público municipal, um real interesse em um programa cultural para a cidade, se concentrando em eventos pontuais, sendo o São João e o Natal, os principais. Fora dessas datas, as iniciativas culturais da prefeitura são mínimas, e isso se reflete até mesmo na divulgação da existência dos poucos museus da cidade.

“Algumas iniciativas inicialmente privadas conseguem dinheiro público, tornando o acesso do público gratuito, como o Festival Suíça Bahiana e o Conquista Moto Rock. Estes conseguiram entrar para o calendário oficial da cidade, um mecanismo que se dá através de aprovação de lei pela Câmara dos Vereadores, fazendo com que eles aconteçam com periodicidade (anual) e contem com dinheiro público. Em contrapartida, o acesso do público deve ser gratuito. Ainda assim, como o orçamento ainda é pequeno, a divulgação não é tão eficaz, sobretudo offline, ao menos no caso do Festival Suíça Bahiana. O Moto Rock foi criado por um grupo formado por muitas pessoas influentes, tendo como principal sócio o proprietário de uma construtora (Prates Bonfim), por isso eles conseguem fazer uma grande divulgação, que perde apenas para a do FIB, que é imbatível por ser da Rede Bahia, filiada à Globo.”

Sobre os artistas, Plácido fala que é complicado, já que, em alguns eventos tem que participar dos editais, que têm a crescente obrigatoriedade de se encaixar nas cotas para aprovação, sendo prioridade nesses editais, gerando verdadeiras aberrações, pois precisam colocar essas informações nos editais para terem uma chance de participar, mesmo que artisticamente não tenha afinidade.

“É uma situação muito longe do ideal, e que avança a passos lentos. Há muita falta de iniciativa e de boa vontade em todos os lados, e a culpa está em todos os setores: poder público, iniciativa privada, artistas (que são extremamente desunidos e individualistas, no geral), mídia, etc. Não consigo ver uma solução imediata ou a curto prazo. O que pode mudar algo talvez seja a iniciativa individual para colaborar, pensando na cultura da nossa região como um todo, um patrimônio a ser preservado. E pensando nisso que criei o projeto Memória Musical do Sudoeste da Bahia, um “trabalho de formiguinha”, de pouco impacto no cenário geral, sem apoio de quase ninguém e mantido por recursos próprios, que tem portas abertas a todos os artistas da música do sudoeste, independentemente de gênero musical ou qualquer outra coisa.”

Nos olhos do público que frequenta tais eventos, alguns mesmo de outra cidade dizem que são bem localizados e são acessíveis, mas a reclamação sobre o custo alto das barracas de alimentação, que chega a custar o dobro ou o triplo do preço de um supermercado.

“Eu fui morador de Brumado por toda a minha vida e me mudei recentemente pra Vitória da Conquista. Eu percebi que aqui tem muito mais festivais em relação à minha antiga cidade que raramente tinha destes, tanto por falta de interesse governamental em investimentos em lazer e entretenimento, quanto por péssimo gerenciamento por parte do próprio governo. Eu já cheguei a participar de eventos em Vitória da Conquista antes de me mudar, como o FIB e a Anicon, além do Motorock que participei esse ano depois de me mudar, e desse tempo que eu passei em VCA, eu posso afirmar que um problema recorrente é a questão dos altos preços cobrados pelas barracas de comida e bebidas, que geralmente cobram o dobro ou até mesmo o triplo do valor que você acharia em qualquer supermercado por aí. Os espaços são até bem localizados, a acessibilidade do preço dos ingressos é, na minha visão, bem construída.”

Diz Lourival Alves de Oliveira Junior, estudante de engenharia da computação na FAINOR. O mesmo também comenta que o problema recorrente em cidades pequenas é realmente a falta de visão sobre o entretenimento da população.

“Nos meus círculos de conhecidos, muitos acabam preferindo as festas das cidades de fora, que são um pouco maiores, às festas da própria cidade, cuja não tem uma estrutura ou localizações favoráveis para receber artistas maiores e uma grande quantidade de pessoas.”

No ponto de vista de Maria Clara Pereira Botto Cal, a proposta desses eventos como o FIB, por exemplo são bem acessíveis, já que trazem artistas de um nível maior que geralmente se apresentam em eventos de grande porte como o Rock in Rio ou o Lollapalooza para cidades menores como aqui em Vitória da Conquista. Ela diz que, comparando com os preços desses eventos de grande porte como os eventos daqui, elas se tornam bem acessíveis. Porém há coisas que deixam a desejar.

“Dentro do Festival, tem coisas que deixam a desejar, como por exemplo a alimentação, que tem um valor realmente muito alto, um valor muito distante assim do resto dos lugares, e aí fica difícil, pois você não pode levar nem comida e nem água de fora e, toda a alimentação são muito caras, e aí acaba se tornando inacessível para algumas pessoas permanecerem no evento.”

Cris Miranda, professora de português e artes do Colégio Estadual Professora Heleusa Figueira Câmara, comenta que são eventos de qualidade e mais acessíveis nos dias de hoje, porém ainda por uma classe minoritária, pois são de alto custo tanto no que se refere ao valor das entradas quanto ao valor do que é consumido lá dentro. Ela também comenta que o governo investe pouco em cultura para o povo de baixa renda e que são omissos.

“Deveria investir mais e apoiar os comerciantes que participam deste evento, visto que atrai turistas e gera renda e emprego para nossa região. Poderiam incentivar e contribuir muito mais.”

Os próprios artistas também têm muito o que dizer. Bruno Garcez, vocalista da banda Dumblegore e baixista das bandas Valley of Bones, Mórficos e Cinzeiro, diz que não conseguem se apresentar com totalidade, pois não é da cultura do baiano ou até mesmo dos brasileiros.

“Os shows carecem de público e eventos independentes mal se pagam.”

Bruno fala que o acesso à cultura tem muito o que evoluir, ainda mais no Brasil, onde o trabalhador tem que escolher se come ou se gasta dinheiro consumindo cultura, que muitas das vezes, é inacessível para a maioria.

“Aqui em conquista, por exemplo. Temos equipamentos públicos que não podemos utilizar como a Praça da Juventude e o agora interditado, Carlos Jeovah. O centro de cultura é um equipamento caro e inacessível na maior parte das vezes.”

Silvestre Viana, vocalista da Cinzeiro e do Sr. Pokan e os Tangerinas, não ficou de fora. Ele diz que não existe esse “apresentar de forma independente” em eventos na cidade de Vitória da Conquista e comenta que existem “panelas” em determinados grupos que criam estes eventos.

“Alguns eventos em Vitória da Conquista exigem uma burocracia por curadoria. Só que a gente sabe que é meramente uma falácia, pois eles (curadoria) já tem noção das pessoas que vão tocar no evento. Às vezes, é muito melhor dizer diretamente quem é que vai botar do que inventar uma curadoria que não funciona.”

Ele comenta que, pro cidadão, a cultura ainda é inacessível, dando o exemplo do Agosto de Rock, que o ingresso era uma porcentagem de um salário mínimo. Então, uma pessoa que tem um filho, por exemplo, tem que escolher se vai escutar rock ou se paga as contas, tornando-se inacessível para essas pessoas.

Gabi Bomfim, conhecida como Balaio, vocalista da banda Dona Iracema, afirma que para a bandas se apresentarem, principalmente no cenário independente onde ela tem que gerir as contas da banda que tem que ser levadas em consideração na hora de vender o show, é meramente burocrático, levando em questão a logística, valores e uma questão burocrática em contratos, pois o mercado da música mudou drasticamente e, bandas independentes tem que se desdobrar nas burocracias, correr atrás de fazer um CNPJ para poder circular para tocar em shows e dar contas dessas questões. Ela também comenta que a cultura tem muito que evoluir bastante.

“Eu não acho que o acesso à cultura nem seja acessível e nem seja o suficiente. Os artistas que trabalham deveriam ser muito bem pagos e a cultura deveria ser de acesso gratuito pro público e isso não é contraditório de forma alguma. A cultura é algo que faz o ser humano ser quem é, né? o nosso povo ser quem é. Quando a gente fala do nosso povo, a gente fala de um povo que é formado na cultura. A cultura não é algo que a gente usa pra descansar do trabalho, ela nos forma enquanto cidadãos e cidadãs. Algo que educa, algo que tá no desenvolvimento inclusive das crianças da nossa cidade, do nosso estado, do nosso país. Então eu acho que o acesso à cultura deveria ser democrático e público, gratuito em várias localidades na cidade, que não deva ser localizada nos grandes centros, afastadas da periferia de forma alguma. O acesso à cultura deve ser mais expandido.”

Balaio, também afirma que, independente do tamanho da cidade, no interior da Bahia, tiveram grandes bandas com nomes incríveis que são independentes, como por exemplo Cama de Jornal, Social Freak, Outra Conduta, Signista e etc. Então sim, tem como bandas independentes se apresentarem em cidades como Conquista, que já tiveram bandas que circulam nessas regiões como Poções e Jequié.

“São essas bandas que constroem a cena local, e eu coloco também nesse processo a minha banda. A Dona Iracema está de igual pra igual nesta minha fala com a Signista, a Cama de Jornal e outras bandas que compõem a cena. Essas bandas são importantíssimas pra mostrar que quem movimenta a cultura de verdade somos nós, são as pessoas, não são os grandes empresários e coisas do tipo. O que movimenta a cultura é o povo e o underground. As bandas que se apresentam ali de forma independente nas suas cidades. E digo mais, eu acredito que uma banda totalmente independente do interior da Bahia pode voar outros ares, pode se expandir, pode crescer e acessar outros públicos. Acredito muito no nosso povo, nosso povo é muito talentoso, nosso povo é muito diferenciado em relação a arte, olha só quantos nomes que levamos pra história da arte brasileira que saíram daqui da nossa terrinha. A mesma coisa são com as bandas de rock. Conquista é incrível, o interior da Bahia é incrível pra rock.”




* Noah é estudante do 3º ano do Ensino Médio.
O projeto resgata a história dos antigos carnavais de Vitória da Conquista.
Comemorações do Carnaval de 1986, em Vitória da Conquista. Foto: Acervo Municipal

Na próxima segunda-feira (7), será lançado nas plataformas digitais o podcast “Muitos Carnavais”, realizado pelo Algazarra - O Bloquinho, manifestação cultural liderada pelos jornalistas Ana Paula Marques e Rafael Flores, e pela Vagalume Press, com apoio da Lei Paulo Gustavo. O podcast celebra e resgata a história do carnaval local por meio de um olhar documental sobre personagens que ajudaram a construir a identidade festiva da cidade.

A história é narrada a partir da segunda metade do século XX, quando uma efervescência cultural tomou conta do Brasil, refletindo-se também no interior da Bahia. Em Vitória da Conquista, diversas manifestações afro-brasileiras — como batucadas, blocos afro e escolas de samba — surgiram. 

É nesse contexto que o podcast se propõe a contar a história, a partir de quatro figuras centrais: Vó Dôla, Zé Baticabo, Pai Celi e Dona Dió. Cada um dos quatro episódios mergulha na vida e legado desses personagens, trazendo à tona suas contribuições para a cultura carnavalesca de Conquista.

O projeto do podcast surgiu com o propósito de resgatar e preservar as tradições carnavalescas da cidade, que se perderam ao longo dos anos. Segundo Ana Paula e Rafael, a intenção é manter viva a memória e a influência cultural desse movimento, apresentando-o às gerações atuais e futuras. “Queremos homenagear essas figuras, evidenciando a importância de cada um deles para a memória e o patrimônio cultural da cidade e, acima de tudo, fortalecer o sentimento de pertencimento e identidade conquistense”, afirma Ana Paula Marques.

O Podcast Muitos Carnavais é uma realização do Algazarra - O Bloquinho e Vagalume Press com apoio do Governo Federal, Ministério da Cultura, Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, Secretaria Municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, através da Lei Paulo Gustavo.

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Publicado originalmente em 01/10/2024, em Mega Rádio VCA.

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