A Uesb FM, emissora de rádio que compõe o Sistema Uesb de Rádio e Televisão Educativas (Surte), anuncia que, a partir do dia 30 de agosto, seus ouvintes poderão acompanhar a programação do veículo de um novo jeito: por meio do aplicativo Uesb FM para smartphone. A princípio, a novidade estará disponível para os aparelhos com sistema Android.
Nós últimos anos, a Uesb FM vem implementado diversas inovações tecnológicas, e uma delas foi a expansão do sinal da emissora para Jequié, cidade que conta com campus da Universidade. Hoje, a emissora alcança ouvintes nos municípios da região Sudoeste da Bahia e do Norte de Minas Gerais, além de possuir parceria para difusão dos seus conteúdos com a Rádio Educadora FM, em Salvador.
Por entender que a emissora atinge um grande público, a ideia de lançar um aplicativo veio para reforçar seu compromisso educativo e social com a comunidade. De acordo com Jacqueline Silva, coordenadora de Programação da emissora, o lançamento do aplicativo já era um desejo dos ouvintes. “Inicialmente, o aplicativo irá transmitir, ao vivo, os programas e outras produções independentes já desenvolvidas pela emissora, mas, futuramente, será também um canal de interação do público com os profissionais no estúdio”, anunciou Silva.
Otimista com a novidade, a coordenadora considera que a modernidade permitiu, mais uma vez, o avanço da emissora no alcance do público: “o mundo agora é o limite para gente”. Para baixar gratuitamente o aplicativo, basta acessar a Play Store do seu celular e pesquisar Uesb FM.
Toda programação jornalística e musical segue sendo transmitida pela internet, além da frequência modulada 97,5, em Vitória da Conquista, e 106,1, na cidade de Jequié.
Hoje é o dia mundial do rock, aqui em Conquista a data é comemorada entusiasticamente, somos uma cidade que curte esse ritmo de forma intensa, independente de sermos tão próximo do povo mineiro, que muitos dizem que nos influenciaram. Somos do estado do axé sim, mas o sangue roqueiro corre em nossas veias.
O nosso amigo Antônio Roberto Barros Cairo sabe muito bem o que os jovens conquistenses já fizeram pra curtir uma boa música cantada por ídolos americanos. Sabe também das histórias, casos protagonizados por figuras ilustres da nossa cidade, como o que segue e que teve como palco o Castelo do Vinho, um charmoso ambiente que era frequentado por um público de muito bom gosto:
“Naquela noite de grande público no Castelo do Vinho, entreouvíamos Luciano Paredão perguntando aos que chegavam, um a um, se gostavam de rock e qual a banda preferiam ouvir; muita gente havia no local e um grande número participava das discussões que terminavam por acalorar os debates. Tarde da madruga quando já íamos embora, ao passarmos pelo vigia, Paredão fez a clássica pergunta da noite: E aí seu vigia, o senhor gosta de rock? Ao que respondeu quase irado: “La êle! Quem gosta de roque é a mulé dele ou as nega dele, mais quá! Se assunta não!”
Parede, como nós todos, caímos na gargalhada e o vigia ficou espiando e atônito pensou alto: “esses povo, bebe, bebe e fica tudo doidos fazeno pergunta fora do lugar, negócio de gostar de Roque? É uns maluvido, pareceno uns gambá moiado da madrugada!”
Completando, no primeiro trimestre de 2022, dez anos, 2012, Miopia continua sendo uma das nossas mais importantes canções, sempre pedida por fãs e ainda recebendo comentários no YouTube e outras plataformas, em muito se devendo a elementos na letra que seguiram se repetindo até hoje, sobretudo na sociedade brasileira, o que não era a minha intenção quando a compus: a ideia de uma música chamada 2012, Miopia era ser propositadamente datada, como uma espécie de "fotografia sonora" dos acontecimentos que mais me chamaram a atenção naquele momento.
Penso que, para analisar profundamente esta canção, devo abordar pelo menos quatro aspectos: 1) a letra em si; 2) o processo de criação musical junto à banda e sua inserção ao nosso repertório 3) a produção do fonograma e 4) a repercussão junto ao público. Neste texto, tentarei abordar todos, mas não me debruçando tanto sobre o item 1, que ganhará um texto próprio, separadamente, ao estilo destrinchando letras, com uma análise verso a verso.
A COMPOSIÇÃO
Não me recordo bem o que me levou a escrever essa letra. Mas algumas coisas, como a ideia de miopia social me soou interessante, quando estudava direito previdenciário para concursos públicos: um dos professores das dezenas de videoaulas que conseguia, explicando a natureza contributiva compulsória da Previdência brasileira, dizia algo do tipo: "o Estado obriga as pessoas a contribuírem com a Previdência porque elas sofrem de uma miopia social, ou seja: se deixar que elas guardem dinheiro por conta própria, para sua aposentadoria, pensarão sempre no curto prazo, gastarão tudo e ficarão desamparadas na velhice, sem condições mínimas de sobrevivência". Não vem ao caso discutir sobre isso. O fato é que aquele conceito ficou na minha cabeça, e passei a prestar atenção a outros aspectos da vida onde seria possível aplicá-lo, sobretudo quando pensava em mídia, mercado do entretenimento, educação, alienação, etc. O tal pão-e-circo, que todos conhecemos ainda na escola.
A Distintivo Blue ainda era uma jovem banda, buscando seu estilo e tentando defini-lo principalmente através de novas composições. Tínhamos lançado nosso primeiro EP, Aplicando a Lei, no ano anterior, que foi uma verdadeira colcha de retalhos, com gravações feitas em vários momentos diferentes, e com formações diferentes. Luar do Pontal foi um experimento com uma antiga letra que eu havia composto alguns anos antes. De Cara no Blues era da mesma época, e era a primeira faixa autoral da The New Old Jam, banda de rock setentista que eu participava com Rômulo Fonseca e Camilo Oliveira. Você Roubou o Meu Pendrive era uma tiração de sarro em resposta a alguns comentários que nos apontavam como uma banda séria demais. Cada uma dessas, gravada num estúdio diferente, com pessoas diferentes.
A banda buscava seriamente uma estabilidade em relação a integrantes. Era um verdadeiro pé no saco fazer testes e esperar que novas pessoas pegassem o ritmo da banda partindo do zero a todo instante. Chegamos a um ponto interessante, comigo, Rômulo Fonseca, Camilo Oliveira [os três fundadores da banda], mais Rodrigo Bispo no Baixo, no baixo e uma epopeia para achar um baterista fixo. Nessa configuração, fizemos quase um ano inteiro de shows sem baterista, quando me propus a tentar cantar e tocar cajón ao mesmo tempo. Entramos em estúdio para gravar nosso segundo EP, Riffs, Shuffles, Rock n' Roll. Já havíamos lançado Missing My Baby como single, gravado no estúdio de Thomaz Oliveira, onde gravamos Pendrive. Fator importantíssimo nesse cenário: grana para gravar era MUITO difícil. O esforço era gigantesco para chegar ao ponto de entrar em estúdio. E claro, baixo orçamento significa gravações não tão boas, e temos plena consciência de que não temos gravações maravilhosas em toda a nossa discografia.
Assim, em fevereiro de 2012 comecei a escrever a letra. Lembro que o "eu vejo que tudo está no fim" foi o pontapé inicial: chegou à minha mente do nada, e eu escrevi. O clima em toda a Bahia era de tensão com a "greve" dos policiais militares, que nos deixou, pela primeira vez, em uma situação semelhante à que vivemos desde 2020: lockdown, com o comércio todo fechado, por medo de assaltos. Durante alguns dias, a cidade parou de verdade. De casa, cheguei a ouvir barulhos de tiros, e isso não era comum por lá. Na TV, passava o já tradicional Big Brother Brasil 12, que virou notícia depois de um suposto caso de estupro dentro da casa. Me chamou a atenção ver um telejornal da TV Record, declarada inimiga da Globo, falando de BBB. Em todo lugar se falava de BBB, aliás. Eu tinha um e-mail no Yahoo! e me incomodava muito acessar a página inicial da plataforma e ver, nos destaques, uma atenção enorme ao reality show enquanto coisas realmente importantes aconteciam no Brasil e no exterior, como o nosso lockdown aqui na Bahia.
Questões como a construção da usina de Belo Monte, no Pará, e seus gigantescos impactos ambientais, além do abominável acontecido no Espírito Santo, de um empresário que ateou fogo a um morador de rua também faziam parte do nosso cotidiano. Em meio a isso, lembrei de, anos antes, uma onda de calor na Europa que matou dezenas de pessoas, sem falar, é claro, do desabamento de um prédio no Rio de Janeiro, que chocou o país. Muita coisa acontecia e eu me lembrava das antigas aulas de Atualidades na escola, uma disciplina que unia geografia e história, mas abordando questões mais contemporâneas. Pensei em escrever uma letra que poderia ser utilizada numa aula dessa disciplina, para se referir àquele primeiro trimestre de 2012.
A letra, então, trata de tudo isso, mais alguns pensamentos pessoais, como a violência contra animais - que abordo, direta ou indiretamente, em outras letras, como Blues do Covarde e O Andarilho -, políticas de educação, egoísmo, hipocrisia e a própria miopia social, na parte do "pensar no presente, que é o que dá pra ver", e o meu incômodo com as escolhas da imprensa sobre o que é e o que não é realmente importante, repetida em todos os refrões: "o mundo pega fogo e só se fala em Big Brother Brasil". Bom, isso não mudou e nem demonstra sinais de que mudará, em pleno 2022. Até quando esse programa será exibido? E quando parar, que tipo de porcaria o substituirá? Nem preciso falar sobre a nova postura da emissora, que é dar seguimento ao seu projeto de alienação ideológica também através dos participantes do reality, de forma direta e aberta, ao contrário de outros tempos, onde se fingia uma imparcialidade de imprensa e se enfiava goela abaixo seus interesses sob um disfarce ou em doses homeopáticas. Bem, também não vamos nos alongar nesse tema. Se você chegou até aqui, provavelmente é capaz de analisar as coisas por conta própria.
Recorte do manuscrito original. Note que cada trecho foi escrito num momento diferente, com poucas correções.
Compus a parte musical no baixolão. O tema principal, bastante comum no blues, é uma referência a um dos meus ídolos no gênero, John Lee Hooker, que tocava sua guitarra de forma bastante peculiar e autêntica, às vezes soando até mesmo como primitiva. Sem dúvidas, uma das minhas grandes influências no blues, e basta me escutar tocando guitarra um pouco para perceber essa influência. Sem dúvidas, se eu precisasse resumir o blues em uma só pessoa, com certeza seria aquele velhinho estiloso, de óculos escuros, meias bandeirosas, terno, chapéu e sua guitarra, tocada de forma tão peculiar que é facilmente reconhecível, bem como sua voz bonita, como a de um locutor, mas com o feeling de quem passou por poucas e boas para fazer sua música acontecer. Esta foi uma canção composta sem grandes dificuldades. à época, eu não tocava violão ou baixo publicamente, mas tinha os instrumentos em casa e usava para compor. Nunca fui um bom instrumentista, mas considero ter bons ouvidos e uma mente criativa. No conforto da privacidade, conseguia materializar minhas composições e captá-las com um gravador, celular ou computador. A melodia surgiu naturalmente, à medida em que a letra ia surgindo. Como dizem, é como se uma entidade "baixasse" e fizesse todo o trabalho de criação.
Eu tinha, como referência estética, a faixa Bank Robbery, com John Lee Hooker e Miles Davis, um instrumental cheio de improviso que faz parte da trilha sonora do filme The Hot Spot [1990]. Durante toda a primeira década de 2000, vivemos a era dos downloads de MP3. Buscando por álbuns de blues naquelas comunidades do Orkut, cheguei, em algum momento, a essa trilha. Em Vitória da Conquista, minha cidade, era difícil comprar um disco de blues: as lojas simplesmente não tinham esse tipo de música em suas prateleiras, salvo raríssimas exceções. Então, a partir de 2002, comecei uma longa jornada pela internet para descobrir artistas e suas obras. Assim conheci John Lee Hooker. Nunca assisti ao filme, mas essa faixa em especial, se tornou uma das minhas favoritas. Pensava: "eu gostaria de ter gravado essa música". A guitarra características do mestre, que também solta alguns sussuros, a bateria reta, sem firulas, o baixo idem, e o trompete com surdina às vezes até beirando a desafinação executado pelo mestre Miles Davis me encantavam toda vez em que eu escutava a faixa. Ao perceber que a minha nova música combinava com aquela atmosfera, fixei a ideia de que deveria soar de forma semelhante quando fosse tocada ao vivo e, especialmente, na gravação de estúdio. Mostrei à banda e começamos a tocar.
TOCANDO COM A BANDA
Na banda, como eu não tinha confiança suficiente para pegar um violão e simplesmente tocar e cantar uma música nova para mostrar ao pessoal, eu fazia gravações, em casa, de como deveria ser, basicamente, cada nova composição. Assim foi com Miopia. Gravei o baixo, mixei com uma voz e mandei para a banda. Depois, era só ir falando dos detalhes durante os ensaios até chegar próximo ao que eu tinha em mente. Lembro de que deu um certo trabalho até que Rodrigo mentalizasse a parte do solo e tocasse sem errar. Na prática, era só mentalizar a letra cantada, mas sempre dava problema. Então, passei a fazer vocalizações para orientá-lo enquanto Rômulo e Camilo se viravam com suas guitarras. Eu compus a base, o riff principal, a melodia, mas não me preocupei com arranjos e solos. Isso se deu por conta deles. Geralmente, Rômulo ajudava Rodrigo a criar suas frases também. Eu sempre tinha o hábito de gravar os ensaios, para detectar erros e consertá-los e para o caso de surgir alguma nova e boa ideia, como aconteceu com Doze Horas, em 2014 [farei um post como este a respeito, no futuro].
Uma das gravações pareceu suficiente para que cada um trabalhasse em casa em seus próprios arranjos e na fixação. Foi quando surgiram as inscrições para o X Festival de Música da Bahia - FMB, que seria realizado no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima. Eu confiava na nossa nova música e tinha até orgulho da letra que havia conseguido compor, mas era necessário o envio de uma gravação em áudio, além da letra, para a inscrição. Decidi usar a gravação que usamos como guia. Eu gosto muito desse áudio até hoje. Muitos equívocos e deslizes, mas conseguiu traduzir bem o feeling que eu desejava para ela. Enviamos. Por incrível que pareça, foi aceito e nós tocamos a nova faixa da Distintivo Blue frente a um júri e a uma plateia aberta ao novo. Chamamos o trompetista Daniel Novaes, que já havia trabalhado conosco em todas as faixas com metais lançadas até então. Ele deveria ser o Miles Davis em Bank Robbery, com sua surdina metálica.
A gravação-guia, que usamos para amadurecer a composição e participar do Festival, gravada num tablet.
Nunca me iludi de que chegaríamos à final daquele festival: todo músico sabe que esse tipo de competição foi feita para a MPB, e o blues, um estranho no ninho, dificilmente iria longe. Por isso, encarei aquela apresentação como uma forma de divulgar o trabalho. Imprimi algumas dezenas de edições da BLUEZinada! contendo mais detalhes sobre a música e a banda [Confira AQUI], cheguei um pouco mais cedo e coloquei em cada assento da plateia. Eu nem sabia de cor toda a letra naquele momento, e nem Rodrigo ainda havia resolvido seu problema da hora do solo. Mas fomos mesmo assim: coloquei uma "cola" no chão e, na hora do solo, fiquei perto de Rodrigo, fazendo as vocalizações fora do alcance do microfone. Foi uma bela experiência, mas não passamos daquela fase, logo, não chegamos à etapa em que os participantes começavam a receber alguma quantia em dinheiro, que seria extremamente útil para gravarmos nosso próximo EP. Vida que segue. A música continua viva até hoje, o festival não. Nesse mesmo ano, Na Trilha do Blues também seria classificada para o X Festival de Música da Educadora FM, em Salvador, mas também não passou da primeira fase. Pelo menos, foi tocada na rádio da capital algumas vezes, e isso é o que nos interessava àquele momento.
A GRAVAÇÃO
Apesar de a música ter nascido e se referir ao ano de 2012, ela apenas seria lançada um ano depois. Isso se deu por uma série de dificuldades enfrentadas pela banda àquele ano. Assim como era muito difícil manter uma formação estável, não percebíamos apoio por parte do público e contratantes da cidade. Na verdade, a impressão que tínhamos era a de que nossa cidade nos valorizava muito menos que outras, que jamais chegamos a conhecer. Queríamos nosso lugar enquanto banda de blues brasileira, mas o próprio blues brasileiro traz seus problemas, especialmente ligados à desunião e desorganização dos músicos, bem como o simples fato de ser, o blues, uma espécie de "alternativo do alternativo": enquanto o rock mantém suas cenas locais contornando dificuldades, mas resistindo com bravura - e este foi o cenário onde nascemos, na cena rock da nossa cidade - a cena do blues nos parecia preguiçosa e desinteressada, causando-nos grande estranhamento.
Mesmo iniciativas de fomento, como a nossa BLUEZinada! não eram suficientes para despertar as pessoas para a existência de um grande conjunto de bandas com músicos muito talentosos precisando de alguns empurrõezinhos para fazerem acontecer. O estopim para decidirmos acabar com a banda, ao final de 2012, foi um edital para um evento promovido pela prefeitura municipal, que dizia valorizar e priorizar a música autoral, mas ficamos de fora enquanto víamos bandas cover mais bem "articuladas politicamente" sendo contempladas. Precisávamos desse tipo de evento, que pagava melhor que qualquer bar, para viabilizar nossas gravações, e esse tipo de coisa nos deixava muito frustrados.
Nosso show no II Festival Suíça Bahiana [2011], com público recorde e horário privilegiado.
Ao final de 2011, tocamos em um grande festival independente local, chamado Festival Suíça Bahiana, do Coletivo Suíça Bahiana, do Circuito Fora do Eixo, grande máquina de fazer eventos à época, que contou com diversas bandas locais, mas também de nível nacional, como Ratos de Porão e Emicida. Tocaram todos nos mesmos dois palcos, montados lado a lado, com estrutura semelhante. Nosso show foi o primeiro do último dia, um domingo, no fim da tarde. Com um sol escaldante na cara e um público quase inexistente, fizemos nosso show.
Era comum, aliás, nesses shows promovidos pelo Fora do Eixo, que ficássemos sempre com os piores horários. Foi assim no Grito Rock 2010, que tocamos no mesmo palco do Centro de Cultura que apresentaríamos 2012, Miopia em 2012 (e ocuparíamos por todo o ano de 2015 e 2016 com ensaios e gravações), mas com um público que se poderia contar nos dedos, e nas Noites Fora do Eixo, onde uma banda local se apresentava antes, e uma banda de fora depois. A banda que se apresentava primeiro sempre tocava para um público pequeno, "esquentando os motores" para a banda de fora, encarada como principal. Isso nos incomodava muito. Fizemos nosso trabalho nesse dia e tocamos em um espaço gigantesco para um punhado de pessoas. Horas mais tarde, aquele mesmo espaço estaria lotado. Não entendíamos o porquê de sempre ficarmos com esses horários. Passamos a duvidar da qualidade do nosso trabalho. talvez nós fôssemos, simplesmente, uma banda ruim, incapaz de gerar algum engajamento.
Certa vez, resolvemos comprovar essa teoria. Para uma Noite Fora do Eixo com a banda Mendigos Blues, de Itabuna-BA, exigimos do produtor, a inversão de papéis: só tocaríamos se, ao invés de sermos a primeira banda, fôssemos a última. Assim, caso a banda de fora fosse realmente a atração principal, seu público viria mais cedo e a prestigiaria, e nos abandonaria em seguida. O resultado foi que os colegas de Itabuna experimentaram nossa frustração de todas as vezes anteriores, ao fazer um show para pouquíssimas pessoas e, na nossa vez, fizemos uma das melhores apresentações desde a formação da banda, com uma ótima participação do público. Nossa tese de que não seríamos capazes de fazer um bom show e conquistar o público foi derrubada: o problema era realmente uma espécie de boicote ao nosso trabalho. Sempre ficávamos com horários ruins para que fossem privilegiadas outras bandas, de forma proposital.
Nosso show no Festival Suíça Bahiana de 2011 foi difícil e nos rendeu alguns constrangimentos. Não tínhamos baterista, então contratamos Diego Oliveira, um grande músico e produtor local, atualmente conhecido por seu projeto folk chamado Benjamin, e também engenheiro de som em nossas faixas Luar do Pontal, Blues do Covarde e De Cara no Blues, sendo, também, o baterista nestas duas.Ele assumiu as baquetas neste show e em uma Noite Fora do Eixo, onde gravamos a versão bootleg de Luar do Pontal, publicada como faixa-bônus no EP Riffs, Shuffles, Rock n' Roll (2012). Não tínhamos dinheiro para pagar seu cachê, então, contávamos com o pagamento pelo show do festival para pagá-lo e usar o restante para entrar em estúdio. O fato é que não recebemos o pagamento. Meses se passaram, e Diego, com razão - afinal, ele precisava ser remunerado pelo serviço como um músico contratado, e não como um membro da banda, que recebia calotes - já havia demonstrado sua insatisfação.
Durante algumas vezes, o Coletivo nos dava a mesma resposta: "não temos dinheiro para pagá-los agora". Cheguei a me reunir com membros de outras bandas locais que também se apresentaram no festival para discutir alguma forma de sermos pagos. Não deu muito certo e não saíamos do lugar. Foi quanto tive uma ideia, ao perceber que o Coletivo mantinha uma espécie de parceria com o Estúdio Drummond, onde gravamos Na Trilha do Blues, My Business Blues e O Álcool Me Persegue anteriormente. Entramos em contato perguntando o valor da gravação por faixa. R$500,00 era o valor à época. Exatamente o valor do cachê que batalhávamos para receber pela apresentação no festival. Decidimos ir ao escritório do Coletivo mais uma vez, com a intenção de cobrar e, caso recebêssemos mais uma negativa, apresentar um plano alternativo: fazer uma permuta com o estúdio para gravar 2012, Miopia.
Entramos ao escritório como membros da família Corleone: enfileirados, mal-encarados e fechamos a porta para conversar. Aconteceu o que prevíamos: o plano B foi aceito e, dias depois, fomos contatados pelo estúdio para nos avisar que tínhamos o crédito de gravação de uma faixa. Entramos em estúdio, então. Nesse ponto, já contávamos com Weslei Lima (Corega) como baterista fixo, e a música já estava suficientemente amadurecida para gravar. Chamamos Daniel Novaes mais uma vez para gravar os trompetes, e Chico Novais (sax) e Paulinho do Trombone para fazerem unicamente a nota final da música. Em geral, considero o resultado como uma boa gravação. Ainda não seria dessa vez que eu conseguiria transmitir exatamente o que tinha em mente para a banda, mas, escutando hoje, ainda considero uma das melhores que já gravamos. Os detalhes de bumbo e caixa que são simples, mas quando não observados, fazem a música perder expressividade, foram registrados e o riff não perdeu muito do feeling que eu imaginava.
Lançamos a música como um "compacto" à moda antiga, ou seja: lado A com 2012, Miopia e lado B com Pendrive (karaoke-joes), que eu mesmo produzi em casa, com as pistas de Você Roubou o Meu Pendrive. Como eu considero todas as vozes da nossa discografia ruins, fazer versões instrumentais acabou sendo até uma forma de escutar as músicas sem me contorcer de agonia. Isso se deve muito porque eu ainda não havia descoberto a afinação ideal para a minha voz, que é a bemol, como fez Stevie Ray Vaughan. Sobre isto, falarei melhor posteriormente. A capa do single contém uma foto de um show da banda em 2010, no Viela Sebo-Café, obviamente, "embaçada", como enxerga o mundo alguém que, como eu, sofre de miopia.
A REPERCUSSÃO
Por ter uma letra crítica e direta, citando nomes e pouco otimista, e um instrumental "reto" e simples, considero 2012, Miopia um legítimo "punk-blues" brasileiro. A recepção do fonograma foi interessante: não houve um "oba-oba" de imediato, mas doses "homeopáticas" de reação, que duram até hoje. Conseguimos fazer com que tocasse em algumas rádios universitárias e programas independentes pelo Brasil. Nesta época, nosso ativismo pelo que chamo de BRBlues (o blues autoral brasileiro, cantado em português) estava indo bem, apesar de a banda ainda estar, tecnicamente, encerrada, como citei anteriormente. Só retornaríamos ao final de 2013, em um show na Casa do Rock, em Vitória da Conquista, para só se desmembrar novamente em 2017.
Desde o lançamento, curiosamente, muitos elementos da letra se repetiram, por diversas vezes. A "greve" da Polícia Militar da Bahia de 2012 também aconteceu posteriormente em outros estados, como o Ceará e Espírito Santo. O BBB continua firme e forte, inclusive sendo o programa mais rentável da emissora. Problemas ambientais, violência contra animais, moradores de rua, desabamentos... Tudo isso continua acontecendo. O curioso é que, por algum motivo, coisas assim costumam ganhar maior projeção justamente no primeiro trimestre do ano, quando as notícias dividem espaço com o reality show.
O lyric video de 2012, Miopia, lançado em 2016.
Em 2016, lançamos um lyric video produzido sob encomenda por Thomaz Oliveira, parceiro de longa data. A minha ideia para ele foi, basicamente: "aqui está a nossa arte. faça agora a sua arte sobre ela". Assim, não interferi muito na produção do vídeo: apenas forneci bastante material gráfico, a letra e outras informações para que ele deixasse a imaginação fluir à vontade. O espaço de comentários do vídeo no YouTube continua recebendo mensagens das pessoas até hoje, e funciona como nosso melhor termômetro. Uma música que foi composta com a intenção de ser datada tornou-se atemporal, quem diria... Vale a pena acessar o vídeo diretamente em sua plataforma e dar uma lida nos comentários.
Seria hipocrisia de minha parte se dissesse que não sinto orgulho por ter criado essa música, cuja letra já foi publicada em um livro produzido pelo Clube Caiubi de Compositores e no jornal do Centro Acadêmico do curso de Direito da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Também houve banda fazendo cover por aí, o que nos honra muito. Desde o ano passado venho trabalhando em uma nova canção, como uma espécie de "continuação" da história, inspirado por inúmeros pedidos de uma nova letra. Por incrível que pareça, a partir de 2020, tivemos até mesmo um "[...] não temos saúde, trancados em casa, sem ter quem nos ajude" que também chamou a atenção das pessoas quarentenadas. A nova música chama-se 2021, Miopia, alterando-se apenas a disposição dos números, e será lançada em meu projeto solo, Joe Malfs Clan, com um instrumental também em homenagem a um mestre do blues. Aguarde novidades.
Esta é a história por trás da nossa faixa 2012, Miopia. Sentiu falta de algum detalhe que não foi esclarecido? Escreva nos comentários e atualizaremos o texto.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade – PPGMLS, como requisito parcial e obrigatório para obtenção do título de Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade.
Área de Concentração: Multidisciplinaridade da Memória.
Linha de Pesquisa: Memória Cultura e Educação.
Projeto Temático: Memória e construção social dos gostos: relações entre cultura, mercado e consumo.
Orientadora: Prof. Dra. Maria Salete de Souza Nery.
RESUMO: A presente dissertação é resultado de uma pesquisa sociológica sobre as relações sociais estabelecidas pelas juventudes da geração Z, com as festas Conquistenses e o mercado de consumo – interações que ocorrem no ciberespaço construindo álbuns não convencionais, memória e narrativa de vida. A investigação aborda de que modo o estilo de festa massificado atravessa o registro virtual como fenômeno social particularizado na exibição de bens de consumo impactando na sociabilidade e na construção identitária das juventudes locais. Partimos da discussão sobre a produção do gosto em Pierre Bourdieu, articulada à teoria do habitus enquanto esquema para pensar a subjetivação do social e sua externalização, a fim de entender os processos de transmissão, incorporação e atualização do gosto por festa. A pesquisa procurou desenvolver um estudo empírico em um contexto regional, trazendo os aspectos socioculturais específicos de Vitória da Conquista, localizada no sudoeste baiano, destacando a construção de uma estética festiva própria, dentro do projeto turístico de constituir a chamada Suíça baiana.
Palavras-chave: Memória; juventudes; consumo festivo; Vitória da Conquista.
O domingo 4 de novembro de 2001 foi um dia de sol e muito calor em Vitória da Conquista. Mas, à noite, os raios-fúlgidos do sol (conforme o nosso hino), cederiam a ares mais sombrosos. Afinal, segundo reportagens da época, Jorge Luis Melquisedeque da Silva (1952-2001) teria saído de casa para um passeio e nunca seria visto com vida novamente.
Seu corpo, queimado, haveria de ser localizado dali a três dias na região da Lagoa de José Luís, distante 8 km da sede de Vitória da Conquista. Antes, porém, seu carro seria encontrado na segunda-feira à tarde, dia 5, pela Polícia Militar próximo ao Bairro da Urbis VI e ali havia manchas de sangue e perfurações à bala.
Pesquisando em periódicos daquele momento, vemos que o assassinato de Jorge somava-se a outros crimes de morte em Vitória da Conquista sem solução e cujas investigações estavam paralisadas na Polícia Civil; a exemplo do marinheiro mercante Geraldo Filadelfo Araújo, encontrado morto numa delegacia local. E as reportagens mostram ainda que o assassínio de Jorge passou (sem resolução) por três delegados diferentes até, pelo menos, maio do ano seguinte.
Observe que em sua edição de 03/05/2002, a Revista Conquista News publicou, sob o título de “Trunfo da Impunidade”, uma matéria de capa que continha uma entrevista com o titular da Delegacia de Homicídios, Darci Cardoso, e, internamente, a reportagem trazia a seguinte chamada: “Muitos crimes, poucas resoluções. Vitória da Conquista tem alta taxa de homicídios e latrocínios. A maioria dos crimes está sem solução”.
No texto, o Coordenador Regional de Polícia Civil, Robson Marocci, se mostra irritado com a expressão, ou talvez com a pergunta do jornalista, sobre aquela falta de solvência dos casos e afirma que não há crimes insolúveis. Porém, assevera: “há crimes de difícil solução ou crime em investigação”. O delegado garante que todos os processos de investigação estariam em andamento.
Contudo, mais adiante na mesma publicação, lemos o delegado informar que um homem e uma mulher, os quais não tiveram os nomes divulgados para não trazer ”prejuízos a investigação” (palavras de Marocci), foram presos temporariamente para averiguações. No mesmo parágrafo dessa reportagem da Conquista News, o delegado dirá também que as investigações que estavam a cargo de um primeiro comissário (Luiz Henrique) serão remetidas para um terceiro (Juliana Flores).
E finaliza Robson Marocci: “Não sei se as investigações serão encerradas ou se ela [a delegada Juliana Flores] prosseguirá com os trabalhos. Retorno a Salvador e vamos reabrir [as] investigações em torno dos assassinatos de Jorge e de outras pessoas”.
O redator, infelizmente não identificado, conclui dizendo que depois do encerramento dessa entrevista e, claro até o fechamento daquela edição, o inquérito de Jorge estava “completamente parado”. Não sabemos o lapso de tempo entre a gravação da entrevista até a chegada daquela publicação às bancas. Todavia, o que sabemos é que, passados 20 anos daquele assassinato, o mistério é o mesmo; sim, é tudo muito misterioso, é estranho e imponderável.
E mais que isso, para mim é elegíaco porque é triste, é lamentoso.
É tudo tão inexplicável quanto era naquele sombrio 6 de novembro de 2001, uma terça-feira, quando o professor Waldenor Alves Pereira Filho, então reitor da Uesb, fez o reconhecimento do corpo. No dia anterior, ante a má-vontade das autoridades locais, o reitor havia buscado socorro à delegada Kátia Alves, secretária de segurança pública do Estado à época.
Sim, foi tudo tão estranho quanto a ausência de Jorge a uma reunião marcada para a manhã daquela segunda-feira, 5 de novembro de 2001, com representantes da Universidade e da TV Sudoeste em que a instituição iria negociar uma permuta de equipamentos com a emissora.
Criterioso como era com os seus horários, todos surpreenderam-se com a falta de Jorge. Era descortês até e, longe disto, Jorge era um homem cioso das suas obrigações e, sobretudo, da agenda. Mas, tristemente, outras situações extraordinárias se seguiriam depois daquela falta e os por quês daquela ausência se tornariam os por quês daquele absurdo: “por qual razão” e “por qual motivo” ele foi morto?
Música e ”Comunhão” - Jorge faz parte de um capítulo importante da história cultural de Vitória da Conquista. Ele integrou no movimento Emergente (fins de 1979 – 1982), com Luciano Popó, Antonio Calmon, Jean Cláudio, Joan Barreto, Zélio Costa e Paulo Cesar Melo; e, obviamente, os atuais cursos de Bacharelado em Comunicação Social (com habilitação em Jornalismo) e em Cinema e Audiovisual da Uesb devem muitíssimo a Jorge Luis Melquisedeque — e, façamos justiça, a Gileno Paiva também.
Jorge era escritor, roteirista, publicitário, videomaker, cinéfilo, agitador cultural e, na década de 1970, integrou o movimento literário “Geração Mimeógrafo” que divulgava a “poesia marginal” em Vitória da Conquista. Foi ele quem, ao lado de Esmon Primo, criou o programa Janela Indiscreta, em 1992.
Além disso, segundo informações de servidores que trabalharam ao seu lado na Universidade, há mais de mil matérias escritas, roteirizavas e produzidas por Jorge e que representam a memória-viva da Uesb e, obviamente, do audiovisual de nossa cidade.
Jorge ainda tem uma participação importante na divulgação e interesse pela obra de Glauber Rocha e na luta pela permanência das salas de cinema de rua em Vitória da Conquista, mormente o Cine Madrigal. E o que seriam das locações do filme “Central do Brasil” (1998), de Walter Salles, se não houvesse a figura de Jorge?
Porém, para mim e para efeito desta memória, me interessa (por hora) o Jorge leitor e cantor. Pois, diferentemente de outras pessoas mais próximas ao cinema, a minha memória de/com Jorge Luis Melquisedeque é literária e musical.
Creio que o nome dele começa a surgir em minha vida pelo início dos anos 1990, pelas vozes dos amigos Elton Quadros e Bite, e vai se tornando mais presente, sobretudo, depois do segundo semestre de 1997 quando, ao visitar minha Amiga Maria Onorina na sala da ProVídeo/Uesb (Produtora de Vídeo da Universidade Estadual Sudoeste da Bahia), a presença de Jorge — no cantar de Caetano Veloso — começa transbordar pelas portas e pelas janelas e paralisar meu momento em que tudo começa.
Primeiro, Jorge Melquisedeque era leitor voraz de ”Don” Jorge Luís Borges. E se o poeta argentino se dedicara a compor enigmas para o leitor decifrar e a engendrar charadas de fino gosto literário com soluções muitíssimo inesperadas, o mesmo podemos dizer de Melquisedeque. Naquilo que chamamos hoje de audiovisual, ele inventou e invectivou uma forma de narrar (gozosa e dolorosa — talvez saborosa?) e a ela submeteu seu próprio convívio e, quiçá, sua própria vida.
Aliás, sua vida e sua obra nos surpreendem tanto quanto nos cativam. E permanece ainda que quisessem, deliberadamente, apagá-la. Onde está o material criado por Jorge sobre a homenagem feita pela Universidade ao escritor Jorge Amado, quando a biblioteca do campus de Jequié passa a denominar-se Biblioteca Setorial Jorge Amado, no início da década de 1980?
Foi Borges quem nos disse que a História (à semelhança de certo diretor de cinema, procede por imagens descontínuas) e, não raro, se apresenta como a história de uma taberna carregada de perigos no meio do deserto, assim sendo, é preciso tirar a obra de Jorge das circunstâncias que prenunciam seu desaparecimento.
Mas, voltando a minha memória. Creio que por ser um grande leitor, Jorge se interessou muitíssimo quando, em agosto de 1997 numas das minhas visitas a ProVídeo, lhe mostrei a edição do estojo de Rubem Fonseca em que trazia os livros “Histórias de Amor” e ”Do Meio do Mundo Prostituto só Amores Guardei ao Meu Charuto”. Ele vibrou intensamente quando lhe disse que o título desse último livro havia sido tirado do “Poema do Frade” (de 1890), de Álvares de Azevedo.
E, como tinha boa memória, citei os excertos VIII, IX e X do Canto Terceiro poema de Azevedo para Jorge:
“Lancei-me ao desviver: gastei inteira
Na insânia das paixões a minha vida.
Qual da escuma o fervor na cachoeira
Quebrei os sonhos meus n’alma descrida.
E do meio do mundo prostituto
Só amores guardei ao meu charuto!
E que viva o fumar que preludia
As visões da cabeça perfumada!
E que viva o charuto regalia!
Viva a trêmula nuvem azulada,
Onde s’embala a virgem vaporosa!
Viva a fumaça lânguida e cheirosa!
Cante o bardo febril e macilento
Hinos de sangue ao poviléu corrupto,
Embriague-se na dor do pensamento,
Cubra a fronte de pó e traje luto:
Que eu minha harpa votei ao esquecimento
Só peço inspirações ao meu charuto!”.
E, talvez, porque o cinema nos ensinou a seguir as rápidas sequências de imagens visuais, Jorge ligeiramente se irrompeu do silêncio e da atenção que me escutava e disse: “Isso é chapliniano! É chapliniano”… e repetiu essa frase algumas vezes. E eu, confesso, não entendi nada. Mas pensei que deveria ser alguma coisa graciosa e inteligente. Ponto! Fiquei feliz.
Mais tarde, em 2000, enquanto trabalhávamos em uma certa campanha eleitoral de um candidato a prefeitura de Vitória da Conquista e da qual tenho alguma vergonha de ter estado lá, tive a oportunidade de lhe mostrar o CD “Simply Baroque”, do violoncelista Yo-yo Ma com o maestro Ton Koopman regendo a Amsterdam Baroque Orchestra.
Me lembro bem que lhe falei que Yo-yo Ma tocava um violoncelo barroco (equipado com cordas de intestinos e sem espigão, o que fazia com que o artista tivesse que segurar o instrumento entre suas pernas). E, por aquela hora, lhe mostrei as fotos do CD e ele viu Yo-yo Ma com o violoncelo entre as pernas e Jorge repetiu novamente: “Isso é chapliniano! É chapliniano”…
E creio que foi por esse tempo que ele me falou com grande entusiasmo do disco “Suite for Flute and Jazz Piano“, do pianista e compositor de jazz Claude Bowling com o flautista clássico Jean-Pierre Rampal. Tomei-lhe o CD emprestado e nunca mais tive a oportunidade de devolver o que, até hoje, ao ouví-lo me causa uma lírica tristeza.
E, finalmente, falemos do Jorge cantor. Recentemente, por mercê de Karina Melki e Valéria Viana Sousa, eu consegui ouvir outra vez o CD “Jorge… Memória não Morrerá” feito a partir de uma gravação caseira e distribuído entre amigos logo após a morte dele em 2001. Nesse trabalho há 13 gravações em que Jorge Melquisedeque interpreta composições de Djavan; Milton Nascimento, com Caetano Veloso, Chico Buarque, Ricardo Silveira e Fernando Brant; Gilberto Gil e Violeta Parra.
Aqui, eu queria me atentar à gravação de ”Comunhão” (terceira faixa). Entre acordes dedilhados e batidas no violão com andamento rápido, Jorge consegue imprimir um tom único, melancólico e lânguido àquela composição de Milton Nascimento e Fernando Brant. E, lembrando os versos de Ribeiro Couto, por uns instantes estamos tristes e não sabemos a razão. Daí, surge a vontade de espairecer a melancolia e ouvir o mar.
E é curioso isso porque, a exemplo da música, não estamos falando de tristeza porque a casa de Jorge, mesmo que entrasse solidão; ao contrário, sua casa, sua vida, refletia comunhão. Comunhão com o infinito, comunhão perfeita das suas almas; afinal, Jorge — tal como o gadareno dos evangelhos sinóticos — era uma legião, i. e., infantaria e cavalaria, ajuntamento e multidão. A voz de Funes, como a de Melquisedeque, de dentro da escuridão, continua nos falando.
Sabiamente, Julio Cortázar nos diz que o fotógrafo ou o contista sentem necessidade de escolher e limitar uma imagem ou um acontecimento que sejam significativos, que não só valham por si mesmos, mas também sejam capazes de atuar no espectador ou no leitor como uma espécie de abertura, de fermento que projete a inteligência e a sensibilidade em direção a algo que vai muito além do argumento visual ou literário contido na foto ou no conto. Assim, fotografia e conto seriam ordens fechadas enquanto que filmes e romances seriam, segundo aquela fórmula de Cortázar, ordens abertas porque nas primeiras (fotografia e conto) há uma “limitação prévia” imposta tanto pelo narrador quanto pelo tema.
Mas, o que dizer de Jorge que, alheio a qualquer vontade, a qualquer escolha ou limite — seguindo a canção “Amanhã”, de Caetano Veloso —, era de imperar e, apesar de hoje e de tudo, era de vicejar mesmo em ordens (ditas) fechadas?
Formulo e, sinceramente, não sei responder essa questão. Mais eis que os mistérios dolorosos e gozosos da vida, obra e mito de Jorge, suas fortunas não gozadas, os espelhos em que não se mirou, os tigres que não enfrentou e os labirintos nos quais nunca se (re)encontrou, me dizem que ele era PLENO, cheio e repleto e vivia na mais louca alegria. E nem mais um mistério…
Esse era para ser um texto de historiador. Mas, eu lhes digo: Esmon Primo, Beto Veroneze, Edmilson Santana, Ana Isabel, Milene Gusmão, Renato Fernandes, Gutemberg Macedo Júnior e tantos outros que viveram aqueles dias sombrios, eu não consegui. O máximo que consigo agora é me lembrar do mestre historiador Marc Bloch que também foi morto pela intolerância dos homens. Como ele só posso fazer uma nota humilde porque somente, sobre isso, posso apenas “solicitar a indulgência, diria assumir a culpa, se isso não fosse assumir, mais do que seria legítimo, as culpas do destino” e, obviamente, da emoção.
Mas, assim como já se disse do mestre Bloch, podeis dizer que ele, Jorge, deixou uma obra e um legado os quais desdenham daqueles que deram fim a sua vida e, evidentemente, desdenham daqueles que se cumpliciaram dos sequazes assassinos com seu silêncio (torpe) e sua inércia (vergonhosa) porque, assim, se tornaram partícipes deste crime; afinal de contas dele tomaram parte como negligentes.
Salve, Jorge! Viva, Jorge!… memória não morrerá. Oxalá, que esse texto chegue ao professor Luiz Otávio de Magalhães, reitor da Uesb, para que promova ações e projetos para preservação da arte de Jorge — feitos dele, memória da Uesb e, por conseguinte, da cultura audiovisual de Vitória da Conquista.
Finalmente, a palavra da poesia. Na roda do mundo, lá vai o menino-cantor Jorge Melquisedeque. O mundo é imenso e ele e os homens são tão sozinhos. Mas, na roda da vida, o menino Jorge começa a cantar cantigas quase-de-rodas que afastam estranhas coisas escuras. Tristemente, ao seu lado, alguns cantam cantigas de escárnio e maldizer. Não importa, o menino Jorge segue suas cantigas de amor e de amigo.
Cantigas que fazem a vida mais doce, o peso das sombras mais brando e a fronte dos homens menos pesada, ainda que não percebam. Como o poeta, ele sabe, que alguns ouvem e julgam com a alma, outros ouvem e julgam com a alma que eles não tem.
O menino sabe que há os que mudam a cabeça de lado como os ventos e que há queira permanecer na dureza dos rochedos. No meio de todos eles, o menino ouve às vezes calado, mas atento e comovido e risonho. A alegria de alguns lhe basta e o menino Jorge sabe que sem as cantigas os homens ficam mais torpes, mais ocos e endoidecem de vez.
Lá vai o Jorge como a um trem de Ferreira Gullar e de Villa-Lobos, lá vai ciranda e destino pro dia novo encontrar, rodando e cantando, rodando que o mundo é mais doce, cantando que o mundo é mais manso, mansinho.
Epitáfio:
“O canto desse menino
talvez tenha sido em vão.
Mas ele fez o que pôde.
Fez sobretudo o que sempre
lhe mandava o coração.”
(— Thiago de Melo)
É, Jorge, faz escuro e é triste, mas escuto seu canto… E, conquanto a (sua) vida seja mistério doloroso e gozoso, a (sua) memória não morrerá! Sim, faz escuro, mas você ainda canta… Obrigado por sua música!
Esta semana passada marcou o aniversário do cantor e compositor Elomar Figueira Mello: 84 anos a 21 de dezembro. Elomar tantas vezes chamado de Elomar Figueira de Mello, para seu próprio desgosto. Esse equívoco é graças ao músico Carlos Alberto Freitas de Lacerda, conhecido como o “Governador do Teclado”.
Lacerda era pianista, maestro, compositor e arranjador e foi ele quem escreveu a nota da contracapa do primeiro LP de Elomar, “…Das Barrancas do Rio Gavião”. E, por um pequeno descuido, o renomado pianista cometeu aquele lapso. Todavia mais vale perdoar que castigar, logo é bom nunca esquecer que foi Lacerda quem apresentou Elomar a Roberto Sant’Ana, responsável pela produção e direção daquele disco.
Assim, um dos nossos intentos era fazer uma homenagem a Elomar. Porém a vida, como diz Riobaldo, é muito discordada e eu quisera fazer uma entrevista que nunca aconteceu.
Como disse, dezembro é aniversário de Elomar e dezembro marca também as gravações do seu segundo disco: “Na Quadrada das Águas Perdidas”, em 1978, o lançamento ocorre ano seguinte. E eu pretendera gravar uma conversa com o pintor Orlando Celino, autor do óleo que adorna a capa daquele álbum.
No dia e horário marcados, lá estava eu “enfreado à porta” da casa dele onde conversamos por quase duas horas. Conversa de rir a mais não poder. E falamos coisas sérias também, de Adilson Santos, de quem Orlando fez um retrato pequeno, porém imenso nos detalhes; de Oscar Niemeyer, de quem Celino ganhou um desenho em 2007; falamos de uma serigrafia de E. di Cavalcanti, que o pintor tem na sala de casa.
Arte até que achei no meu projeto, entretanto Orlando tem mil e não sei quantas “badaronhas”, artifícios e aprontações demais. Assim, com equipamento já pronto e várias notas tomadas em um moleskine, tomei chá-de-coragem, “arriscosa função”, e arrisquei: posso gravar já?
Como era de esperar, Orlando tergiversa e acaba escusando-se com razão de não conceder a entrevista e de não ser a hora boa. Mas como eu já previra que teria de “mili légua caminhá/ muito mais, inda mais, muito mais / da Vaca Seca, Sete Varge inda pra lá / muito mais, inda mais, muito mais”, e, feito Riobaldo, eu visli a sorrateira malícia nos jeitos dele, então, lhe mostrei um trunfo, ilusão de uma vantagem: o elepê “Na Quadrada das Águas Perdidas”!
Vejo Orlando emocionado com o álbum nas mãos. “Esse me traz ótimas recordações de um tempo feliz”, uma suspiração que lembra os versos de “Função” sobre a saudade, “essa fera”.
O tempo feliz que Orlando relembra é o final da década de 1970, quando morava em Salvador em um apartamento, ali na Carlos Gomes, pertencente ao amigo Vicente Quadros. O pintor comenta alguma coisa e, rapidamente, eu percebo que a história do quadro é também a história da amizade dele com Vicente e de como o jovem Orlando Celino brincava com a sorte.
É que a obra “Na Quadrada das Água Perdidas” Orlando pintou entre os 19-20 anos de idade. Mas, antes desse, houve um pequeno quadro de um personagem só e que se perdeu ao que parece. Esse primeiro é a representação do impacto que a música-título do álbum causou em Orlando durante uma viagem “dispois dos derradêro cantão do sertão” ao lado de Vicente.
O segundo quadro, o que está na capa do álbum, nos apresenta seis personagens: um homem em retirada com uma menina agarradinha ao pé de si, como que dissesse “num vai” e o pai retrucasse “me ispera, assunta viu / sô imbuzêro das bêra do rio / conforma num chora mulé / eu volto se assim Deus quisé”.
E à direita desse personagem em passo de travessia, um pouco mais baixo, ao rés do chão, há um garotinho arranchado com um cachorro (seria cachorra?) e, mais próximo desses dois, há uma mulher com uma criança escachada no colo.
Ao fundo, vemos o rancho de taipa, a cerquinha de gravetos estorcidos, o umbuzeiro, o leito branco e seco do Rio Gavião e, mais ao alto, o rapina dum “gavião danado” parece sobrevoar a Serra da Tromba.
Quem conhece o quadro sabe que ele é grande (1,70 por 2,20), mas talvez não saiba que foi pintado em pouco mais de 24 horas para incredulidade de Anthony Worley, o famoso fotógrafo do Selo Continental. Como bacurau, como vaqueiro internado nos serrados de jurema campiano trem alevantado, Celino trabalhou um dia todo e madrugada adentro nessa função.
Foi quase que “um truvejo c’ua zagaia só”. À hora marcada e mesmo sem acreditar, Anthony Worley riscava no terreiro com todos os apetrechos de um fotógrafo profissional: câmera, lentes diversas, tripé, refletor e fotômetro. E enquanto Worley fotografava, o pintor aproveitou para descansar um pouco do furdunço do dia anterior e aproveitar o alívio do dia seguinte.
Dormiu por uma longa hora ou duas, talvez. Worley fez tudo até por volta do meio-dia e, quando ele saiu, Orlando voltou a dormir. E tanto quanto esse sono de chumbo me permite, recordo o exercício de tradução de L’aprés-midi d’un faune, de Mallarmé, feito por Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos: “A tarde de verão de um fauno / A tarde de um fauno / A sesta de um fauno”.
— Mas entrevista comigo que é bom, nonada! Contudo “tribusana” com Orlando, confusão? Não ia querer. O que eu sei dessa história é por ouvi-lo dizer, faz tempo. E esse é um pouco do enredo da entrevista que nunca aconteceu e de algum modo é meu respeito a Orlando Celino, porque (tal como Elomar) ele é avesso a entrevistas.
Não gosta mesmo de muitas aparições públicas, de participar de exposições e, menos ainda, de vernissages. Tal como aquele personagem Antônio Martins, um crítico de arte de Sérgio Sant’Anna, em “Um Crime Delicado”, Celino parece detestar todas aquelas misturas doces e pegajosas que são servidas em vernissages, lançamentos de livros e outras mumunhas mais.
Tal como Cândido Portinari, ele acredita que o que o artista quer dizer está em suas telas. Mário Gruber diz que Portinari era um homem fascinante, com extremos de generosidade e irascibilidade; eu digo que, além de fascinante, a companhia de Orlando é-me muito agradável pelas prontas e espirituosas respostas que ele tem.
Mas só quando ele permite. Às vezes, sai chispando em luzes feito um cometa riscando o céu sombrio, como no poema de Olavo Bilac, fugindo lá para onde um lúcido menino amolecado propõe uma nova infância, como no poema de José Paulo Paes – ali repousa o pintor, num campo etéreo.
Ali onde a taça de néctar, o vinho dos deuses, é oferecida. Onde Baco é quem serve, Vulcano cuida da cozinha, as Horas enfeitam tudo de rosas e flores, as Graças esparzem perfumes os mais deliciosos, as Musas cantam em vozes maviosas, enquanto Apolo solta a voz emoldurada por uma cítara e Vênus dança graciosamente.
Segundo Apuleio, foi nessa ocasião que Psiquê se tornou esposa de Eros e dessa união nascerá uma filha, Volúpia, o grande prazer dos sentidos. A primeira vez que vi Orlando ele falava da volúpia dos pintores quando apaixonados.
Recordo ainda que o Sátiro grego é o Fauno romano e é ele quem sopra o pífano e Pã, a flauta, naquele casamento. Fauno é uma divindade querida de Orlando. Divindade transmutada para o Planalto da Conquista no sertão. É também o nome do refúgio do pintor em Rio de Contas, batizado de Casa do Fauno.
E assim pensando essa doideira toda, saio da casa de Orlando “nos termos da Virgem Imaculada”, no tempo em que uma chuvinha começa a cair na Praça da Bandeira, “que vela a tumba dos heróis”.
Cantarolo a melodia de “Canto de Guerreiro Mongoió” enquanto penso: só me resta contar a história dessa entrevista que não houve. Todavia outra coisa me ocorre: no sertão, Deus é urgente sem pressa, o jeito é continuar à espera das achegas que ainda podem vir de Orlando.
Quem sabe se “no pispei de tudo / na quadra perdida / na manhã da estrada” eu possa também (um dia) “começar tudo de novo”?
Notas
Todas as citações entre aspas são, exceto quando assinaladas, de canções do álbum “Na Quadradas das Águas Perdidas”, de Elomar. Exatamente, além da faixa-título: A Meu Deus um Canto Novo, Arrumação, Canto de Guerreiro Mongoió, Chula no Terreiro, Curvas do Rio, Função e O Rapto de Joana do Tarugo.
Adilson Santos é pintor e é natural de Poções. Começou a expor em Vitória da Conquista e em Salvador no início da década de 1960. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1969, onde intensificou a sua produção artística e alcançou projeção nacional e internacional. Já expôs nas mais importantes galerias do país e em eventos estrangeiros renomados na Alemanha e no Canadá.
Antônio Martins é um crítico de arte e é personagem do romance “Um Crime Delicado” do escritor, advogado e professor Sérgio Sant’Anna. O livro foi vencedor do Prêmio Jabuti, maior premiação literária do Brasil, em 1998.
Os irmãos Augusto e Haroldo de Campos, ao lado de Décio Pignatari, são os fundadores do grupo de poetas “Noigandres”, em torno do qual se iniciou o movimento da poesia concreta no Brasil.
Carlos Alberto Freitas de Lacerda era pianista, maestro, compositor e arranjador, fez estudos de regência e orquestração com H. J. Koellreutter e era uma figura muito influente no rádio e também do início da TV na Bahia, ali pelas décadas de 1960-1970. Lacerda tocou na Rádio Sociedade da Bahia e também na primeira emissora de TV do Estado, a TV Itapoan, onde chegou a ser diretor musical. Dentre as suas composições destaca-se “Giboerinha”.
José Paulo Paes foi poeta, ensaísta, crítico, tradutor e editor, com um forte trabalho editorial à frente da Editora Cultrix. Como tradutor, verteu para o português escritores essenciais como Charles Dickens, Hölderlin, Konstantínos Kaváfis, Rainer Maria Rilke, W. H. Auden e tantos outros. Fez seleção e tradução de um livro maravilhoso: “Ri melhor quem ri primeiro: poemas para crianças (e adultos inteligentes)”.
Mário Gruber Correia é pintor, gravador, escultor e muralista. Trabalhou com o pintor Cândido Portinari nos anos 1950 e foi professor Museu de Arte Moderna de São Paulo. É autor de obras de grande porte em espaços públicos como a estação Sé do Metrô e o Memorial da América Latina.
Riobaldo, também chamado de Tatarana ou Urutú-Branco, é o jagunço protagonista e narrador de “Grande Sertão: Veredas”; romance principal de João Guimarães Rosa.
Roberto Sant’Ana é o “um da família Santana“ cantado por Gilberto Gil na música “Baião Atemporal”. Foi produtor musical da Philips/PolyGram e assinou discos importantes de Alcione, Caetano Veloso, Emílio Santiago, Fafá de Belém, Gal Costa, Gilberto Gil, Kleiton e Kleidir, Maria Bethânia, Quinteto Violado e, claro, Elomar.
Stéphane Mallárme foi poeta e crítico literário da França e dos mais influentes na segunda metade do século XIX. “L’après-midi d’un faune” é um marco no simbolismo literário e já foi considerado como o maior poema já escrito em francês, por Paul Valéry.
Vicente Quadros Silva Filho é um dos empresários mais destacados de Conquista na segunda metade do século XX. Amigo das artes e das letras influenciou bastante o ambiente cultural local, sobretudo nas décadas de 1970-1980; foi muitíssimo importante para a construção do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima e do qual foi o primeiro diretor. Em 2013, ao lado de outras 35 personalidades, foi homenageado pela Câmara Municipal como ex-preso político vítima da Ditadura Militar de 1964.
O I Festival Virtual de Música Estudantil do Sudoeste Baiano tem como objetivo fomentar a criação artística e cultural dos nossos estudantes por meio da música; trazer visibilidade para sua produção musical; acolher os e as estudantes no seu retorno às aulas presenciais; proporcionar a confluência de tantos talentos que nossa Rede abraça, além de criar um espaço para difundir e compartilhar as culturas e identidades do Sudoeste Baiano.
Em um momento importante de retorno e readaptação às atividades escolares, o Musicante Sudoeste objetiva também realizar um chamamento aos (às) estudantes para a retomada da rotina escolar e sua efervescência cultural, atuando dessa forma como catalizador neste processo.
PREMIAÇÃO
1º LUGAR
O primeiríssimo lugar leva pra casa nada menos que R$ 2 mil (dois mil reais)!
2º LUGAR
O segundo lugar recebe R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais)!
3º LUGAR
O terceiro lugar recebe R$ 1 mil (mil reais)!
VOTO POPULAR
A música mais votada pela internet também vai ser premiada com R$ 1 mil (mil reais)!
MELHOR INTÉRPRETE
Capricha no show, porque a cantora ou cantor escolhido como melhor intérprete ganha R$ 1 mil (mil reais)!
GRAVAÇÃO PROFISSIONAL
Além de participarem do show no teatro do Centro de Cultura de Vitória da Conquista, com transmissão ao vivo, doze finalistas terão suas músicas incluídas numa coletânea com gravação profissional!
CRONOGRAMA
12 a 26/nov
Período de inscrições
29/nov
Resultado da análise documental
03/dez
Divulgação das músicas finalistas
03 a 08/dez
Votação popular pelo site
09/dez
Show ao vivo (grande final)
FINALISTAS
Castigo
Naiala Ferraz de Lima - Colégio Estadual Camilo De Jesus Lima
Tudo é Possível
Hiller Sacramento de Oliveira - Colégio Estadual Abdias Menezes
Papel e Caneta
Anderson Portugal (Sinho) - Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães
Elisa Ferraz - Colégio Estadual Geovane Ferreira De Queiroz
Esperança e Resistência
Ryan Paulo Silva Ramos - Escola Estadual Eurides Santana
Lembranças
Lorrane Santos L. de Sousa e William Sena Da Silva - Colégio Estadual Abdias Menezes
Meu Sentimento
Any Steffany Gotardo Silva - Escola Estadual Eurides Santana
Tudo Se Vai
Susany de Jesus Gusmão - Escola Estadual Eurides Santana
Olhe as Estrelas
Débora Mares - Colégio Polivalente
O Menino e a Gaita
Igor de Brito Gomes - Colégio Estadual Zuleide Freire De Abreu
Some ou Soma
Bruna Santos Dias - Cemit
VÍDEOS
Obs.: alguns vídeos não puderam ser adicionados à playlist por serem configurados como conteúdo para crianças. Se você é proprietário(a) de algum desses vídeos, modifique as configurações de público no campo de edição de vídeos do YouTube.